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O duplo bronze com tom de ouro do goiano Ian Santos na Surdolimpíada Nacional
Ian (E) puxa a pose de Usain Bolt adaptada ao universo dos surdos no pódio dos 200m. Foto: Gustavo Cunha/Min. Cidadania
A medida de uma conquista esportiva muitas vezes não se mede pela cor de uma medalha. O goiano Ian Augusto Santos não subiu ao topo do pódio nos 400m e dos 200m, as provas que disputou na Surdolimpíada Nacional em São José dos Campos.
Não saiu da pista de atletismo do Complexo João do Pulo com três medalhas de ouro no pescoço, como a gaúcha Aline Bieger, que venceu os 100m, os 200m e os 400m com sobras. Não conquistou com sua performance uma vaga na Deaflympics de 2022, que será disputada em Caxias do Sul (RS), em maio do ano que vem.
Mas poucas pessoas estavam tão felizes com a medalha de bronze quanto o atleta goiano nascido no pequeno município de Itapaci, de pouco mais de 20 mil habitantes. Ian vai levar para casa a terceira colocação nos 200m e nos 400m.
"Eu queria muito a medalha. Ela significa muito para mim"
Ian Santos, velocista (GO)
Na linha de chegada dos 200m, nesta segunda-feira, 06/12, Ian pulou, sorriu, gritou e fez o gesto de força que consagrou o atacante Gabigol, do Flamengo. Na sequência, imitou de forma adaptada para surdos o gesto do raio do velocista Usain Bolt.
Ele completou a distância em 26s01. O ouro ficou com Lucas Nunes Mendes, do Distrito Federal, que fechou a prova em 25s03. A prata foi para Yuri Soares da Silva, do Paraná, que encerrou a distância em 25s40.
"Eu queria muito a medalha. Ela significa muito para mim", disse o velocista de 23 anos. Funcionário de uma montadora de caminhões, Ian conjuga os treinos na pista com o trabalho na linha de montagem. Um ofício em que persiste mesmo depois de ter perdido o dedo polegar da mão esquerda num acidente de trabalho.
Mais jovem de uma família em que tem quatro irmãos, ele nasceu ouvinte e sofreu uma queda com um ano de idade. Bateu a cabeça e perdeu a audição completa, bilateral.
Fã das provas que conjugam força e velocidade, ele iniciou no atletismo por influência de amigos que já praticavam. "Gosto de todas, mas as que exigem força, explosão e resistência, como os 200m e os 400m, são as que consigo melhor resultado", afirmou. "Quero continuar treinando, melhorando, me qualificando. Gostei muito do terceiro lugar aqui, mas quero chegar à primeira posição, quero vencer", disse.
Linha de chegada
Esta segunda-feira marcou o último dia de competições do atletismo na Surdolimpíada Nacional. O evento mobilizou 40 atletas, entre os inscritos no feminino e no masculino. Ao todo, a Surdolimpíada Nacional mobiliza 740 atletas, de 18 Unidades Federativas, na disputa de 15 modalidades. A competição segue até esta terça-feira, 07/12. A realização do megaevento conta com R$ 1,2 milhão em investimentos do Ministério da Cidadania.
O torneio serve como seletiva para montar a seleção que vai representar o Brasil na Deaflympics de Caxias do Sul (RS), que será disputada entre 1 e 15 de maio. A competição pretende reunir cerca de 8 mil atletas para a disputa de 21 modalidades. Mais de 75 países já confirmaram participação.
Diretoria de Comunicação - Ministério da Cidadania