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RECONHECIMENTO
Livro Vozes Negras no Serviço Público ganha visibilidade em evento acadêmico do INPI
Érica de Holanda Leite
Érica de Holanda Leite, egressa do Programa LideraGOV, foi a grande protagonista do evento "Vozes Acadêmicas", promovido pela Academia do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no Rio de Janeiro/RJ, em 5 de setembro. Durante a apresentação, relatou vivências pessoais, dados sobre desigualdades raciais e estratégias para enfrentar o racismo na administração pública federal.
Coautora do livro “Vozes Negras no Serviço Público: Memórias e Narrativas Transatlânticas”, produzido por lideranças negras, Érica detalhou sua contribuição à obra, iniciativa da ENAP, do MGI e do MIR. Ela também contextualizou a edição extraordinária do LideraGOV 4.0, voltada exclusivamente para servidores negros.
Para a LideraGOVer, falar sobre o livro foi especialmente significativo. "A publicação contém um relato inédito de minha vida. As minhas demais produções acadêmicas não são tão pessoais, de modo que foi um desafio realizar essa exposição, pois remete a desafios pelos quais passei e por situações nem sempre confortáveis. Todo o livro apresenta relatos impressionantes e inspiradores. Significa uma honra poder representar as vozes de tantos servidores negros que possuem a capacidade e disposição para melhorar o governo brasileiro", frisa.
Desigualdades e caminhos para o combate ao racismo
Na apresentação, Érica também trouxe estatísticas que evidenciam as discrepâncias raciais presentes não apenas no setor público, mas em toda a sociedade brasileira. Em sua fala, destacou as formas persistentes de atuação do racismo estrutural nos ambientes acadêmico e profissional e apontou caminhos para seu enfrentamento. Ela considera o livro Vozes Negras um marco para a construção de novas redes e políticas de combate ao racismo na administração pública federal.
"A obra é um símbolo de que é possível ter esperança com a formação de novas redes e de novas políticas de combate ao racismo estrutural. A política pública que permitiu a formação de uma turma de lideranças exclusivamente negras também pode atuar para levar pessoas negras a alcançar cargos substantivos no governo, contribuindo para o fim das disparidades raciais em termos de renda, poder e simbolismo", enfatiza.
Racismo digital e políticas de apoio
Durante o evento, Érica também destacou sua outra produção acadêmica “O Metaverso e a Transcendência dos Corpos: a digitalização do racismo estrutural e seus impactos”. Na pesquisa, ela analisa como o racismo estrutural é transferido para o ambiente digital, manifestando-se no chamado racismo algorítmico, que limita as possibilidades de atuação e crescimento das pessoas negras até mesmo nos espaços virtuais.
Para a servidora, a reflexão busca evidenciar a importância da ação individual, do fortalecimento de políticas públicas e da criação de redes de apoio no enfrentamento ao racismo na sociedade brasileira. “As vozes dos servidores públicos negros são essenciais nesse processo”, reforça.
Reconhecimento da alta gestão
O coordenador da Academia de Propriedade Intelectual, Inovação e Desenvolvimento do INPI, Davison Menezes, afirma que o convite para Érica participar do "Vozes Acadêmicas" surgiu em reconhecimento ao valor que sua participação agregaria ao evento, reconhecendo seu potencial acadêmico e suas publicações de relevância tanto para o serviço público quanto para o campo da propriedade industrial.
"Destacamos o trabalho da Érica em diversas frentes, desde suas competências junto à Coordenação de Relações Internacionais até a contribuição para a fundação do Comitê Estratégico de Diversidade, Equidade e Gênero. Ela tem uma atuação multifacetada, de alta qualidade e grande impacto para a projeção da propriedade intelectual em diferentes dimensões. A objetividade no desempenho de suas tarefas se alia à voz contundente com que debate, argumenta e defende valores caros ao espírito público, ao desenvolvimento humano e ao exercício da vida cívica. Sinto-me particularmente honrado pela convivência com ela e por acompanhar o desdobramento de seus talentos pelo bem da sociedade brasileira", pontua Menezes.
Incentivo institucional
Segundo Érica, o INPI apoiou a sua participação no LideraGOV e em atividades relacionadas ao Programa. "O INPI permitiu o acompanhamento do curso e incentivou a minha participação em Brasília, no início e no encerramento das atividades e nos eventos de lançamento do livro Vozes Negras no Serviço Público, além de ter realizado a divulgação interna de sua importância. Inclusive temos mais um participante da autarquia nesta 5ª edição do Programa", comemora.
Ao avaliar o impacto do LideraGOV em sua trajetória, a servidora evidencia os ganhos tanto profissionais quanto pessoais. "O LideraGOV permitiu o encontro com pessoas do serviço público às quais eu jamais tive acesso. Permitiu uma compreensão melhor da atuação do governo federal e suas possibilidades de atuação para a melhoria da sociedade, em especial, no combate ao racismo estrutural", afirma.
Ela ressalta ainda que o LideraGOV contribuiu para o aprimoramento de suas habilidades de liderança e gestão. "O Programa também permitiu melhorar minhas capacidades de gestão de equipes e de organização administrativa. A rede formada durante o curso já contribuiu para projetos concretos em minha área de trabalho e a participação em eventos. Além de tudo, as amizades formadas e contatos adquiridos foram profundos e permitem um convívio de respeito mútuo com lideranças públicas em diversos estados do país", conclui.
Saiba mais sobre a LideraGOVer
Érica é advogada e relações públicas, com mestrado em Comunicação Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro e em Propriedade Intelectual e Inovação pela Universidade de San Andrés, na Argentina. Possui pós-graduação em Relações Internacionais pelo Clio Internacional.
Atualmente, é chefe da Divisão de Relações Multilaterais do INPI, idealizadora e secretária-executiva da Comissão de Sustentabilidade e Bioeconomia e membra do Comitê Estratégico de Gênero, Diversidade e Inclusão da autarquia.
Representa o INPI no Grupo Técnico de PI e Sustentabilidade do Grupo Interministerial de PI (GIPI) e é coordenadora brasileira da cooperação IP BRICS.
Érica também é coautora dos livros “Vozes Negras no Serviço Público” e “Inteligência Artificial e Tecnologias Inovadoras”.
Acesse o Livro Vozes Negras no Serviço Público: Memórias e Narrativas Transatlântica.
Assista a apresentação de Érica no evento "Vozes Acadêmicas" promovido pelo INPI.