Vênus e Júpiter se encontram no céu neste fim de semana

Os dois planetas mais brilhantes do céu, Vênus e Júpiter, têm encontro marcado neste fim de semana. Para ver, basta olhar para o céu antes do amanhecer e na direção do nascer do Sol.

Júpiter e Vênus estarão em conjunção e aparentemente muito próximos tanto na madrugada de sábado dia 30 de abril, quanto na madrugada de domingo dia 1º de maio.

A conjunção propriamente dita vai ocorrer às 16h (Hora Legal de Brasília) do dia 30, o que dará aos espectadores duas ótimas oportunidades de ver o fenômeno.

Conforme explicou a tecnologista sênior do Observatório Nacional, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (ON/MCTI), Dra. Josina Nascimento, a grande aproximação aparente dos planetas será visível em todo o Brasil.

“O que vai diferir é somente a altura dos astros de acordo com a localidade. No Rio de Janeiro, às 4h30 da manhã, eles já estarão a uma altura de 18 graus e vão ficando cada vez mais altos em relação ao horizonte, até que a claridade do dia fará com que não possamos mais vê-los. É impossível não reconhecê-los! São os astros mais brilhantes do céu.”

Em 11 de fevereiro de 2021 houve uma conjunção de Vênus com Júpiter também antes do amanhecer, mas daquela vez os planetas estavam muito próximos do Sol e não foi possível ver. Em 2 de março de 2023 haverá outra conjunção entre os dois planetas, logo após o pôr do Sol, mas a distância aparente será bem maior entre os planetas.

Netuno também está fazendo parte do alinhamento dos planetas que vem sendo visto nessas últimas madrugadas, mas não é visível a olho nu. Nos dias 30 de abril e 1º de maio, os três planetas (Vênus, Júpiter e Netuno) serão visíveis juntos no mesmo campo de visão de um telescópio.

Stellarium - Rio de Janeiro dia 30 de abril às 5h30

O ON e seus parceiros astrônomos profissionais e astrônomos amadores vão fazer duas transmissões ao vivo, direto dos seus telescópios, pelo canal do YouTube do Observatório Nacional:

• Sábado dia 30 de abril a partir das 4h da manhã

• Domingo dia 1 de maio a partir das 4h da manhã

Acesse as transmissões pelo canal do ON no YouTube

O que é uma conjunção astronômica?

De acordo com a Dra. Josina Nascimento, uma conjunção astronômica é um evento entre dois corpos celestes caracterizado pelo seguinte fato: eles estão na mesma linha. No caso, a linha é a o meridiano celeste. Ela explica:

“Da mesma forma que usamos o sistema de coordenadas geográficas para designar um lugar sobre a superfície terrestre, usamos sistemas de coordenadas para localizar um astro no céu. Um desses sistemas é o sistema de coordenadas equatoriais.”

Na Terra as latitudes são contadas a partir do chamado equador terrestre. Mas no céu as declinações são contadas a partir do equador celeste, que é uma extensão do equador terrestre. Já as longitudes, na Terra, são contadas a partir do meridiano de Greenwich. Enquanto isso, no céu, a ascensão reta é contada a partir do chamado ponto vernal, o local onde o Sol está no equinócio de março.

Dessa forma, dois astros estão em conjunção quando a ascensão reta é a mesma e eles estão no mesmo meridiano celeste. É como dois lugares que têm o mesmo valor de latitude, estando sobre o mesmo meridiano terrestre.

“Os planetas podem estar na mesma linha – no mesmo meridiano – mas estarem bem distantes. Então, as conjunções interessantes são aquelas em que os astros estão com a mesma ascensão reta, mas também com valores próximos de declinação, ou seja, são vistos próximos um do outro no céu”, destaca Josina .

A astrônoma observa que o sistema de coordenadas celestes em questão tem a Terra no centro. Ou seja, se refere ao que vemos aqui da Terra como se estivéssemos parados e todo o céu se movimentasse diante de nossos olhos.

“Por exemplo, vemos a Lua nascer em um local do céu. Minutos depois vemos a Lua em outro local, e assim sucessivamente até que a Lua se põe. Isso acontece com todos os astros que vemos no céu. Eles parecem mover-se no céu e nós parecemos estar parados”, esclarece.