Meteoro esverdeado é registrado no Sul do Brasil durante período de atividade das Líridas

Na noite de 23 de abril de 2025, por volta das 19h01, um meteoro de coloração esverdeada cruzou os céus de Santa Catarina, proporcionando um espetáculo luminoso que impressionou os observadores em diferentes regiões do estado. O fenômeno durou cerca de 10 segundos e foi registrado por uma câmera de monitoramento da Exoss Citizen Science instalada em Florianópolis (SC). O evento também foi captado por câmeras de segurança e compartilhado por internautas nas redes sociais.

Registro do meteoro – Fonte: Exoss Citizen Science

De acordo com relatos, o meteoro apresentou uma explosão luminosa de tom esverdeado. Segundo o astrônomo e coordenador do projeto Exoss, Marcelo de Cicco, essa coloração e luminosidade podem indicar características específicas do material que compunha o meteoro ou de sua trajetória ao penetrar na atmosfera terrestre.

Até o momento, não há informações sobre impacto no solo ou danos associados ao fenômeno. Um estudo detalhado está em andamento para verificar se o meteoro gerou fragmentos ou se desintegrou completamente durante sua passagem.

Registro do meteoro

Possível relação com a chuva de meteoros Líridas

O evento ocorreu em um período de atividade elevada de meteoros, próximo ao pico da chuva de meteoros Líridas, que acontece anualmente entre os dias 16 e 25 de abril — sendo o auge registrado no dia 22, segundo o calendário astronômico da American Meteor Society.

Embora ainda não seja possível confirmar se o meteoro observado está diretamente associado a essa chuva, é provável que a atividade meteórica da época tenha contribuído para sua ocorrência.

Capturas da chuva de meteoros Líridas pelas estações de monitoramento do Exoss

O que são chuvas de meteoros?

As chuvas de meteoros são um dos fenômenos mais apreciados pelos amantes da Astronomia. Os meteoros são fenômenos luminosos atmosféricos devido a entrada de meteoroides em altíssima velocidade na atmosfera da Terra. Os meteoroides são fragmentos de cometas ou de asteroides que ficam à deriva no espaço.

Conforme a rocha espacial cai em direção à Terra, a resistência do ar, atuando no meteoroide, ocasiona a ablação (vaporização ou destruição por processos erosivos), formando um “rastro” brilhante no céu. Quando a Terra encontra muitos meteoroides ao mesmo tempo, temos uma chuva de meteoros. Esse fenômeno acontece quando nosso planeta passa pelas zonas de detritos deixadas pelos cometas – ou asteroides.

Os meteoroides são geralmente pequenos, desde partículas de poeira até pedregulhos. Eles quase sempre são pequenos o suficiente para queimar rapidamente na atmosfera.

Do ponto de vista científico, o estudo das chuvas de meteoros permite estimar a quantidade e período de maior penetração de detritos na Terra. A partir disso, as missões espaciais e centros de controle de satélites podem elaborar meios de proteção de suas naves e equipamentos. Outro ponto a considerar tem relação com o estudo da formação do Sistema Solar. Afinal, através da pesquisa das propriedades dos meteoros, pode-se aferir as características dos cometas.

Sobre o Exoss

Apoiada pelo Observatório Nacional (ON/MCTI), o EXOSS é uma rede colaborativa, que busca conhecer as origens, natureza e caracterização de órbitas dos meteoros. Para isso, integra as estações de monitoramento montadas por seus associados, obtendo imagens em diversos locais – entre os quais, na sede do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, e no Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI), também do ON, em Itacuruba, Pernambuco.

Essa rede reúne e analisa, ainda, os relatos e imagens enviadas pelo público. Na página da EXOSS na Internet é possível obter mais informações sobre a rede e ver maneiras de colaborar. Saiba mais.