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CENÁRIO ECONÔMICO
SPE atualiza projeções macroeconômicas e debate medidas para reduzir inflação de alimentos
O Produto Interno Bruto - Pib - brasileiro deverá crescer no primeiro trimestre cerca de 1,5% na margem, segundo previsão da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE/MF). De acordo com o Boletim Macrofiscal. divulgado nesta quarta-feira (19/3), pela SPE, o maior ritmo de crescimento projetado está relacionado principalmente ao avanço esperado de 12,8% para o PIB da agropecuária, impulsionado pela maior produção de soja, milho e arroz. A SPE também projeta alta de 0,3% para o PIB de serviços nos três primeiros meses do ano, impulsionada por atividades ligadas à agropecuária, como o comércio, e pelo reajuste real do salário mínimo. Já para a indústria, a expectativa é de retração de 0,2%, devido a um recuo na margem da indústria de transformação.
Apesar da alta na margem no primeiro trimestre, na comparação interanual o Pib deverá desacelerar. Nessa base, o Pib do primeiro trimestre deve crescer 3%, ante alta de 3,6% no quarto trimestre. Para o ano de 2025, a SPE manteve a projeção de crescimento de 2,3% do Pib. Isso porque, segundo o boletim, depois de um aumento da atividade, no primeiro trimestre na margem, o Pib deve desacelerar e ficar próximo da estabilidade no segundo semestre. Por setor produtivo, a SPE projeta expansão de 6% para o setor agropecuário, de 2,2% para a indústria e de 1,9% para o setor de serviços. Para os anos seguintes, o crescimento deve ficar próximo a 2,5%.
Inflação
A SPE também revisou marginalmente para cima a previsão do IPCA de 2025, de 4,8% para 4,9%. Considerando as variações acumuladas em 12 meses até fevereiro, a expectativa até o final do ano é de desaceleração nos preços de monitorados e alimentos, de estabilidade na inflação de serviços e de aceleração nos preços de bens industriais. Na avaliação da SPE, as medidas para conter o avanço nos preços de alimentos devem contribuir para melhorar esse cenário, que também pode ser influenciado pela manutenção do dólar em patamar apreciado, mais próximo de R$ 5,80.
Na projeção para 2026, o IPCA avançou de 3,4% para 3,5%, principalmente devido a efeitos inerciais, enquanto, de 2027 em diante, a SPE projeta IPCA próximo ao centro da meta de 3%.
A previsão para a inflação pelo IGP-DI subiu de 4,9% para 5,8% em 2025. De dezembro a fevereiro, a variação do índice acumulada em 12 meses avançou de 6,9% para 8,8%. Essa alta ficou acima do esperado, ensejando a revisão da previsão para o ano. A SPE observou que o avanço do IGP-DI foi motivado principalmente pela alta na inflação do atacado, influenciada pelo aumento nos preços da soja, do café e do diesel.
Medidas do governo para reduzir a inflação de alimentos
A SPE aponta que as medidas propostas pelo governo federal para reduzir a inflação de alimentos buscam elevar a competitividade nesse mercado, seja por meio da isenção de ICMS sobre produtos da cesta básica ou remoção de tarifas de importação, seja pela promoção da melhor circulação de alimentos dentro do território nacional.
Outras medidas estruturais também estão em vista. O fortalecimento de estoques é positivo no sentido de reduzir a volatilidade dos preços de alimentos nas entressafras, enquanto a priorização do financiamento do Plano Safra para produção de alimentos é vital para garantir a oferta desses produtos, de caráter essencial, em cenário de mudanças climáticas.
Déficit primário em queda
O Boletim Macrofiscal também cita as projeções do Prisma Fiscal de fevereiro, que apontam queda da mediana das expectativas para o déficit primário do ano, de R$ 84,3 bilhões em janeiro para R$ 80 bilhões em fevereiro. A SPE destaca que foi o quarto mês consecutivo de queda e que, no último Boletim, de novembro de 2024, a estimativa era de déficit de R$ 89,6 bilhões.
“A projeção mediana de déficit primário de R$ 80 bilhões para o ano é a menor estimativa para o déficit de 2025 desde fevereiro de 2024”, frisa a SPE. Já a mediana das expectativas de fevereiro para a Dívida Bruta do Governo Geral em 2025 ficou em 80,7%, ante 81,7% no Boletim de novembro de 2024 e 80,6% em setembro de 2024.