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DESPESAS PÚBLICAS
Brasil ampliou gastos em saúde, habitação e educação em 2024, aponta relatório Cofog
O Tesouro Nacional, em parceria com a Secretaria de Orçamento Federal (Sof/MPO, divulgou a terceira edição do Cofog, o relatório de análise da despesa do governo geral estruturado pela Classificação de Funções de Governo. O documento usa metodologia internacional desenvolvida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para permitir a comparação padronizada das despesas públicas entre países. Examina o comportamento do gasto público brasileiro em 2024 e apresenta um panorama comparativo internacional a partir das informações mais recentes disponíveis, referentes a 2023.
Em 2024, a despesa do governo geral brasileiro atingiu R$ 5.377,5 bilhões, o equivalente a 45,79% do PIB, registrando alta de 0,48 ponto percentual em relação ao ano anterior. Esse crescimento decorre, sobretudo, da expansão dos gastos nas funções saúde, habitação e serviços comunitários e educação.
A função Saúde passou de 4,72% para 5,03% do PIB, impulsionada principalmente pelo aumento dos serviços hospitalares, cuja despesa nominal cresceu 14,84%. Habitação e serviços comunitários avançou de 1,15% para 1,36% do PIB, enquanto educação aumentou de 4,93% para 5,10% do PIB entre 2023 e 2024.
Em contraste, observou-se redução das despesas com serviços públicos gerais, que caíram de 11,35% para 11,08% do PIB, e com proteção social, de 16,75% para 16,53% do PIB.
A comparação internacional, baseada nos dados disponíveis para 2023, mostra que o Brasil direciona parcela significativamente maior de seu PIB às funções proteção social e serviços públicos gerais do que a média dos países analisados. Juntas, essas áreas representaram 28,10% do PIB no Brasil, frente a 18,29% nos demais países, evidenciando a elevada participação dessas funções na estrutura do gasto público nacional.
Por outro lado, o estudo evidencia que o Brasil apresenta despesas relativamente menores em funções como assuntos econômicos, defesa e saúde quando comparado ao padrão internacional. Em assuntos econômicos, o país gastou 2,21% do PIB em 2023, contra média internacional de 5,06%, com destaque para transportes, cuja despesa brasileira foi de 1,32% do PIB, ante 2,24% na média dos países, embora tenha aumentado para 1,45% do PIB em 2024.
A despesa em defesa foi de 0,51% do PIB, inferior tanto à média da América Latina (0,57%) quanto à média dos países selecionados (1,47%). Na função saúde, o gasto brasileiro representou 4,72% do PIB, também abaixo da média de 5,69%.
Em contraste, o Brasil se destaca por um nível de gastos superiores em educação e ordem pública e segurança. Em 2023, a despesa em educação alcançou 4,93% do PIB, superando a média internacional de 4,66%, especialmente nos níveis educação infantil e ensino fundamental I (1,99% do PIB) e ensino fundamental II e médio (1,66%).
A despesa em ordem pública e segurança, por sua vez, atingiu 2,85% do PIB em 2023, acima da média de 1,89% do PIB observada nos países analisados. Nessa função, o gasto com tribunais de justiça, que somou 1,43% do PIB em 2023, o segundo maior entre 50 países, voltou a crescer em 2024, registrando aumento adicional de 0,11 ponto percentual do PIB.
Metodologia
A metodologia Cofog categoriza e organiza as despesas governamentais conforme suas funções e objetivos. Útil para compreender a alocação dos recursos públicos, permite análises comparativas entre países sobre políticas públicas, federalismo e desafios globais, revelando prioridades de gastos.
A Cofog estabelece três níveis hierárquicos. O primeiro nível é composto por dez funções, divididas em até nove subfunções no segundo nível. Há ainda a possibilidade de um terceiro nível de desagregação adicional , com maior grau de detalhamento, recomendada para estudos setoriais específicos.