Eclusas
As eclusas são obras de engenharia que permitem que as embarcações subam e desçam rios em locais onde há desníveis como barragens, quedas de água e corredeiras. Elas funcionam como elevadores para embarcações onde duas portas separam os dois níveis do curso d'água.
Esse sistema viabiliza a transposição de obstáculos que existem entre os trechos navegáveis e ameniza os impactos dos ciclos de chuvas ao longo do ano. Dessa forma, além de aumentar a extensão navegável, possibilita o trânsito de embarcações durante um maior período do ano.
Como funciona uma eclusa?

No primeiro momento, a embarcação aproxima-se da porta jusante Vazante da maré; baixa-mar, o sentido da correnteza num curso de água ou rio abaixo. da eclusa (lado de água mais baixa). O piloto manobra lentamente até alinhar o casco com as linhas-guia Cabos instalados paralelamente às paredes internas da câmara, fixados em pontos estratégicos em cada extremidade para guiar, alinhar e manter a estabilidade lateral. que conduzem à câmara. Quando tudo está posicionado, a porta jusante, uma grande comporta Dispositivo usado para abrir ou fechar uma passagem de água em estruturas hidráulicas, como eclusas, represas, canais ou no controle de cheias. metálica ou de concreto, é aberta, permitindo que o barco entre no compartimento estanque, chamado câmara Compartimento estanque, onde a embarcação se aloja para sofrer o processo de elevação ou rebaixamento do nível da água entre dois trechos de curso d’água com desnível distinto. de eclusa. Esse procedimento exige calma e precisão para evitar choques contra as paredes da estrutura.
Em seguida, com a embarcação já dentro da câmara, ambas as comportas, jusante e montante, são cuidadosamente fechadas. Esse fechamento torna o espaço totalmente isolado dos dois níveis de água, criando um ambiente onde o volume interno de água pode ser controlado. As comportas devem selar perfeitamente para evitar vazamentos que comprometeriam a segurança e a eficiência do processo.
Fechadas as comportas, inicia-se o enchimento (no caso de subida) ou o esvaziamento (no caso de descida) da câmara. Válvulas ou comportas secundárias ligadas a condutos hidráulicos são abertas para permitir a entrada ou saída de água. No enchimento, a água flui da parte montante (mais alta) para dentro da câmara, elevando o nível interno e, junto com ele, a posição da embarcação. Todo esse processo é monitorado para que o aumento do nível seja gradual e uniforme, evitando turbulências que possam balançar o barco.
Por fim, quando o nível da água na câmara iguala-se ao do canal Obra linear destinada a conduzir água de um ponto a outro, aproveitando‐se de diferenças de nível ou de bombas para movimentação do fluxo.montante, a comporta montante Direção à nascente, contracorrente ou rio acima. é aberta. A embarcação, agora em nível mais elevado, navega para fora da eclusa e prossegue seu trajeto. Esse quarto passo conclui o processo de transposição de nível, permitindo que rios e canais com desníveis naturais ou artificiais sejam navegados de forma contínua e segura.
Confira o vídeo abaixo e entenda melhor.
Conheça as eclusas sob responsabilidade do DNIT
Eclusa de Amarópolis
A barragem/eclusa de Amarópolis teve sua obra iniciada em 1971 e concluída em dezembro de 1974. Situa-se na margem esquerda da HN-706 Rio Jacuí, perto da Vila de Santo Amaro, entre os municípios de General Câmara (RS) e Butiá (RS). A implantação dessa infraestrutura correspondeu à primeira etapa da canalização da HN-706 Rio Jacuí, sendo de vital importância para a navegação comercial, possibilitando o acesso até a cidade de Rio Pardo (RS). Atualmente, possui o maior volume de tráfego no âmbito das eclusas da região Sul.
Juntamente com as barragens eclusadas do Anel de Dom Marco, no município de Rio Pardo (RS), e Fandango, em Cachoeira do Sul (RS), propiciam um estirão navegável de aproximadamente 300 km ao longo da HN-706 Rio Jacuí, permitindo, em qualquer época do ano, a navegação até os portos de Estrela, na HN-710 Rio Taquari, Rio Grande (RS) - porto marítimo na extremidade sul da Lagoa dos Patos, e Santa Vitória do Palmar, no extremo sul do estado e do país, proporcionando cerca de 880 km de vias navegáveis interiores no Rio Grande do Sul.
Dados gerais:
- Desnível máximo – 5,00 m
- Comprimento da câmara – 120,00 m
- Largura da câmara – 17,00 m
- Calado É a distância vertical entre a linha de flutuação (nível da água) e o ponto mais baixo do casco da embarcação.permissível da câmara – 2,50 m
Eclusa de Bom Retiro do Sul
A barragem/eclusa de Bom Retiro do Sul - única existente na HN-710 Rio Taquari - teve sua construção iniciada em 1958, sendo concluída e inaugurada em 1976. Permite a ligação hidroviária desde o porto rodo-hidro-ferroviário de Estrela (RS) até os portos de Porto Alegre (RS) e Rio Grande (RS), contribuindo, assim, para a multimodalidade de transporte.
Dados gerais:
- Desnível máximo – 11,80 m
- Comprimento da câmara – 120,00 m
- Largura da câmara – 17,00 m
- Calado permissível da câmara – 2,50 m
Eclusa do Anel de Dom Marco
A construção da barragem/Eclusa de Dom Marco teve início em 1966 e conclusão em 1972. Se localiza na margem esquerda da HN-706 Rio Jacuí, a cerca de 25 km da cidade de Rio Pardo (RS). A barragem Estrutura construída para represar e controlar o fluxo de um curso d’água, criando um reservatório (lago ou açude) com diversos objetivos, como geração de energia, abastecimento, irrigação ou controle de cheias. e a eclusa não são integradas distando 8 km uma da outra.
Pertencente à Hidrovia do Mercosul, é de vital importância para o estado do Rio Grande do Sul, destacando-se o intenso transporte de areia, por meio de balsas autopropulsadas.
Juntamente com as barragens eclusadas de Amarópolis, no município de General Câmara (RS), e Fandango, em Cachoeira do Sul (RS), propiciam um estirão navegável de aproximadamente 300 km ao longo da HN-706 Rio Jacuí.
Dados gerais:
- Desnível máximo – 7,10 m
- Comprimento da câmara – 120,00 m
- Largura da câmara – 17,00 m
- Calado permissível da câmara – 2,50 m
Eclusa de Fandango
A construção da barragem/eclusa de Fandango (RS) teve início em 1952 e foi concluída em 1958, sendo a eclusa mais antiga à cargo do DNIT. Se localiza a 2 km a montante da cidade de Cachoeira do Sul (RS), na margem esquerda da HN-706 Rio Jacuí. Foi concebida como o terceiro degrau do projeto de canalização da HN-706 Rio Jacuí, contribuindo para a melhoria da navegação.
Juntamente com as barragens eclusadas do Anel de Dom Marco, no município de Rio Pardo (RS), e Amarópolis, em General Câmara (RS), propiciam um estirão navegável de aproximadamente 300 km ao longo da HN-706 Rio Jacuí.
Dados gerais:
- Desnível máximo – 4,00 m
- Comprimento da câmara – 85,00 m
- Largura da câmara – 15,00 m
- Calado permissível da câmara – 2,50 m
Eclusa de Jupiá
Inaugurada em 15 de janeiro de 1998, a eclusa de Jupiá localiza-se na HN-900 Rio Paraná, no município de Três Lagoas (MS), na divisa entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Faz parte da hidrelétrica Engenheiro Souza Dias, construída em 1974.
Dados gerais:
- Desnível máximo – 26,00 m
- Comprimento da câmara – 210,00 m
- Largura da câmara – 17,00 m
- Calado permissível da câmara – 5,00 m (máximo)
- A eclusa está ligada à barragem da UHE.
Eclusas de Três Irmãos
A construção das eclusas de Três Irmãos (SP) foi finalizada em 1995 e localiza-se na HN-913 Rio Tietê, no trecho denominado Baixo Tietê, no município de Pereira Barreto (SP), distando 650 km da capital paulista. O Sistema de Transposição de Desnível da barragem de Três Irmãos é constituído pelas duas eclusas e um canal intermediário de 926 m de extensão e 70 m de largura, para vencer um desnível total de 50 m.
O sistema permite manobras de embarcações e a operação das eclusas independe uma da outra. As embarcações que mais as utilizam são do “tipo Tietê”, compostas por um comboio com duas chatas e um empurrador, com até 139 m de comprimento, 11 m de largura e 7 m de altura acima da linha d’água, com 3 m de calado. Há restrição de utilização por embarcações miúdas, que precisam de autorização prévia emitida pela Superintendência Regional.
O canal de Pereira Barreto interliga os reservatórios das UHE de Três Irmãos (SP) e de Ilha Solteira (SP), permitindo atender as HN-913 Rio Tietê e HN-900 Rio Paraná. Possui uma extensão de 9,6 km, largura de 50 m e profundidades de 12 m na cota máxima de montante e 8 metros na cota mínima. Tem capacidade para armazenar 210 mil m³ de água, suficientes para quatro eclusagens sucessivas.
Dados gerais:
- Desnível máximo – cerca de 50 m, sendo 24,3 m (eclusa 1) e 25,5 m (eclusa 2)
- Comprimento da câmara – 142,00 m
- Largura da câmara – 12,10 m
- Calado permissível da câmara – 3,50 m
- A eclusa está ligada à barragem da UHE.
Eclusas de Tucuruí
Com a construção da Hidrelétrica (UHE) de Tucuruí (PA) e de sua barragem, obras realizadas entre 1974 e 1984, surgiu a necessidade de implantar um Sistema de Transposição de Desnível (eclusas) na HN-200 Rio Tocantins com o objetivo de permitir a navegação entre Belém (PA) e Marabá (PA).
As obras de construção do Sistema de Transposição de Desníveis tiveram início em 1981 e sua inauguração se deu em 30 de novembro de 2010. O sistema vence um desnível total de cerca de 72 m, sendo composto por duas eclusas e um canal intermediário de 5,5 km de extensão, o qual viabiliza a realização de manobras e cruzamentos de comboios Agrupamento de duas ou mais embarcações interligadas, geralmente empurradas ou rebocadas por um rebocador, de modo a formar uma única unidade móvel.e embarcações. Cada eclusa possui uma câmara de 210 m de comprimento, 33 m de largura e 5 m de calado, sendo que ambas as eclusas podem operar de forma totalmente independente.
A Eclusa 1 ou Eclusa de Montante, que está ligada à barragem da UHE de Tucuruí (PA), permite a ligação entre o Canal Intermediário e o lago da barragem de Tucuruí, vencendo um desnível de 37 m. O Canal intermediário é formado por diques Estruturas longitudinais, geralmente constituídas de aterro ou de concreto, erguidas ao longo de margens de corpos d’água com o objetivo de conter, desviar ou controlar o fluxo de água. de terra e tem largura mínima de 140 m e 5,5 km de extensão. A Eclusa 2 ou Eclusa de Jusante permite a ligação entre o Canal Intermediário e o leito da HN-200 Rio Tocantins, vencendo um desnível de 35 m.
O sistema pode atender comboios de 200 m de comprimento, 32 m de largura e 3 m de calado, com capacidade para 19 mil toneladas de carga. Sua construção visou o aproveitamento das HN-200 Rio Tocantins e HN-209 Rio Araguaia, ligando o porto de Belém (PA) à região do alto Araguaia numa extensão de mais de 2.000 km.
Dados gerais:
- Desnível máximo – cerca de 72,00 m, sendo 36,50 m (eclusa 1) e 35,00 m (eclusa 2).
- Comprimento da câmara de cada eclusa – 210,00 m
- Largura da câmara de cada eclusa – 33,00 m
- Calado permissível da câmara de cada eclusa – 5,00 m
Eclusa de Sobradinho

- Eclusa de Sobradinho
O complexo de Sobradinho começou a ser construído em 1973 em um trecho da HN-500 Rio São Francisco a 40 km a jusante das cidades de Juazeiro (BA) e de Petrolina (PE). Faz parte do complexo a Usina Hidrelétrica (UHE) que envolve a barragem, de comprimento total de 12,5 km e altura máxima de 41 m, e a eclusa para transposição de desnível. A usina e a eclusa entraram em operação em 1979.
Dados gerais:
- Desnível máximo – 32,5 m
- Comprimento da câmara da eclusa – 120,00 m
- Largura da câmara da eclusa – 17,00 m
- Calado permissível da câmara da eclusa – 2,50 m
- A eclusa está ligada à barragem da UHE.
A seguir, pode-se observar o mapa com a localização das eclusas sob responsabilidade do DNIT.






