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Comitiva de Biossegurança do Ministério da Defesa realiza visita técnica no Instituto Evandro Chagas
Brasília, 09/06/2021 - Nos dias 1 e 2 de junho de 2021, pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão subordinado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), em Ananindeua, no Pará, receberam em suas instalações a Comitiva de Biossegurança do Ministério da Defesa. A Comitiva de Biossegurança do MD é constituída por representantes do Departamento de Ciência, Tecnologia & Inovação (DECTI) da Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) e da Diretoria de Saúde e Assistência Social (DESAS).
A convite do MD, também integraram a Comitiva representantes do Instituto de Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (I DQBRN) e da 8ª Região Militar, ambas organizações militares do Exército Brasileiro. Representando o DECTI/SEPROD/MD se encontravam o General de Divisão Luis Antonio Duizit Brito, chefe do Departamento, o Coronel Kleber Machado Bastos, o Tenente-Coronel Jorge Alberto Valle da Silva e a Servidora Civil Doutora Fernanda das Graças Corrêa. Representando a DESAS/MD integraram a comitiva o Brigadeiro Laerte Lobato de Moraes, Diretor do DESAS, e o Major Luiz Eduardo de Azevedo Ramos da Silva.
Representando o I DQBRN integraram a Comitiva de Biossegurança do MD, a Tenente Coronel Maria de Fátima dos Santos Gomes e, representando a 8ª Região Militar, o Coronel Alexandre Walter Figueiredo de Azevedo.
O IEC é um dos principais centros de referência em diagnóstico e pesquisa em saúde no país, com reconhecimento de organismos internacionais como Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). O Instituto desenvolve pesquisas científicas no âmbito das ciências biológicas, do meio ambiente e da medicina tropical que visam, primordialmente, à identificação e ao manejo de problemas médico-sanitários, com ênfase na Amazônia Brasileira)
O IEC sediado em Belém é uma das maiores referências científicas nacionais e internacionais em sequenciamento genético, dispondo de laboratórios em Belém e na área metropolitana de Ananindeua, como o Laboratório de Geoprocessamento (LABGEO), o Laboratório de Microscopia Eletrônica (LME) e a Seção de Arboviroses e Febres Hemorrágicas (SAARB), a Seção de Virologia (SAVIR), os Laboratórios NB3, NBA3 e o infectório do NBA3.
Durante a visita técnica, os pesquisadores da SAARB e da SAVIR apresentaram à Comitiva seus diversos projetos em andamento e seus avanços com emprego da tecnologia de ponta em prol da saúde pública e do desenvolvimento científico, em especial, a ampliação da capacidade laboratorial no âmbito do Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública para o diagnóstico e monitoramento de vírus respiratórios, como o SARS-CoV-2, causador da doença COVID-19.
Os eventos epidemiológicos que têm ocorrido no mundo ou que podem ocorrer num futuro próximo associados a micro-organismos causadores de doenças severas ou classificados como potencialmente fatais e de alta transmissibilidade, como a COVID-19, revelam ameaças frequentes à saúde pública. Estes eventos justificam o esforço mundial em reforçar as capacidades nacionais em Biossegurança e Bioproteção nos laboratórios.
Pandemia, conceitualmente, é definida por doença infecciosa e contagiosa que se propaga e atinge grande número de pessoas em todo o mundo. No âmbito conceitual das Relações Internacionais no século XXI, as pandemias constituem parte das denominadas “novas ameaças” à Segurança Nacional. Por essa razão, o Ministério da Defesa acompanhar e participar ativamente das questões e discussões em Defesa Biológica que envolvam a soberania nacional, a elaboração de Políticas e planos para o enfrentamento de novas ameaças à saúde pública, oportunidades e desafios no planejamento, na construção e na operação de laboratórios que realizem operações com micro-organismos exóticos ou reemergentes com alto potencial infeccioso e de letalidade.
Haja vista a grande complexidade das operações, laboratórios de máxima biocontenção (NB4), apresentam semelhanças em questão de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) aos laboratórios NB3. Laboratórios NB4 são indicados para a realização de atividades e operações que envolvam micro-organismos exóticos e perigosos que exponham o profissional a um alto risco de contaminação por patógenos de alta virulência e transmissibilidade por aerossóis seja por via respiratória, seja por via de transmissão desconhecida, ou que ainda não existam vacinas ou tratamentos conhecidos como os vírus Marburg, Ebola, Varíola entre outros.
Os pesquisadores do IEC destacaram também durante a visita técnica os importantes avanços em vigilância genômica com a implementação do sequenciamento genético de nova geração, o qual permite maior cobertura genômica na identificação de vírus e suas mutações e, na sequência, melhor eficácia e eficiência nos resultados no desenvolvimento de vacinas e tratamentos nacionais para doenças virais. Foi graças aos esforços e avanços tecnológicos em sequenciamento genômico que o Laboratório de Vírus Respiratórios da Seção de Virologia do IEC confirmou em nota técnica em 19 de maio de 2021 a presença da linhagem B.1.617 do SARS-CoV-2, denominada aqui como variante indiana, em tripulantes no navio MV SHANDONG DA ZHI de bandeira de Hong Kong, ancorado no mar do estado do Maranhão.
Os integrantes da Comitiva de Biossegurança tiveram a oportunidade de conhecer as áreas biocontidas dos laboratórios NB3, NBA3 e infectório do NBA3, onde visitaram os bancos de material biológico (biocustódia), as áreas de experimentação animal e as cabines de segurança biológica. Também conheceram o piso técnico, local do supervisório, que é a estação que controla e monitora os trabalhos na área biocontida, e no subsolo as caldeiras que realizam o controle de fluentes, que permite o descarte seguros dos resíduos ao meio ambiente. Na área administrativa, o supervisor de biossegurança, permitiu acessar os POPs como parte do Gerenciamento de Risco dos Laboratórios NB3 e NBA3 do IEC, que incluem o emprego e controle de boas práticas específicas de trabalho em ambientes laboratoriais NB3/NBA3, como preenchimento e assinatura de formulários específicos, credenciamento para acionamento eletrônico de abertura de portas, redução da probabilidade de exposição do pesquisador à agentes e a aerossóis infecciosos e à ocorrência de contaminação cruzada, barreiras primárias, como equipamentos e EPI, e secundárias, como arquitetura, edificação e instalações.
As instalações destes laboratórios, obrigatoriamente, devem ser rigorosamente projetadas para proteger o meio ambiente de materiais infecciosos e proporcionar aos profissionais máxima segurança no desempenho de suas atividades laborais.
Com informações do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (DECTI/SEPROD)
Foto: Reprodução