Notícias
ADEUS
Nota de pesar: Joyce Prado
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
O Ministério da Cultura (MinC) manifesta profundo pesar pelo falecimento, aos 38 anos, da cineasta, roteirista e produtora Joyce Prado, integrante do Conselho Superior do Cinema e uma das vozes mais vibrantes e comprometidas da produção audiovisual contemporânea brasileira. Sua partida deixa uma lacuna imensa no setor cultural, especialmente entre aqueles que reconhecem no cinema um instrumento de memória, afirmação identitária e transformação social.
Fundadora da Oxalá Produções, Joyce dedicou sua carreira a criar e impulsionar narrativas sobre as culturas afro-brasileiras e afro-diaspóricas, contribuindo de forma decisiva para ampliar perspectivas e fortalecer representações historicamente silenciadas. Seu primeiro longa-metragem, Chico Rei Entre Nós (2020), conquistou prêmios na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e tornou-se um marco pela sensibilidade e rigor estético com que aborda a ancestralidade negra no Brasil.
Ao longo de sua trajetória, Joyce também foi premiada no Music Video Festival Awards (2020) e no Women’s Music Event (2018, 2021 e 2024) por seus trabalhos com a cantora Luedji Luna, reafirmando sua potência criativa e sua capacidade de construir imagens que atravessam o público.
No campo das séries documentais, escreveu e dirigiu The Beat Diaspora (YouTube Originals, 2023) e Ancestralidades (Arte 1, 2023), além de assinar a produção executiva de Memórias em Bronze, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e Nós, Mulheres (SESCTV, 2025), ambas realizadas pela Oxalá Produções. Também foi responsável pelo longa Flores de Baobá (2016), exibido em festivais no Brasil e nos Estados Unidos, onde recebeu o prêmio de melhor filme pelo voto do público no Black Star Film Festival.
Joyce participou de importantes laboratórios no Brasil, América do Sul e Europa, entre eles BrLab (Brasil), Rotterdam Lab (Holanda), Ventana Sur “Proyecta” (Argentina), Up Coming Producers – TorinoFilmLab (Itália), Sanfic Lab Documental (Chile) e FEST – New Directors | New Films Festival (Portugal). Era, ainda, membro da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro, contribuindo ativamente para iniciativas de reparação histórica e fortalecimento das narrativas negras na indústria audiovisual.
No Conselho Superior do Cinema, órgão que nesta gestão alcança paridade de gênero pela primeira vez, Joyce exercia com firmeza e sensibilidade seu compromisso com políticas culturais mais diversas, democráticas e alinhadas às urgências do Brasil contemporâneo. Sua presença contribuía para ampliar debates e reafirmar a necessidade de um setor audiovisual plural, inclusivo e representativo.
O Ministério da Cultura se solidariza com a família, amigas, amigos, colegas e todas as pessoas que foram tocadas por sua obra e sua trajetória. Joyce Prado deixa um legado que seguirá inspirando gerações de criadores, produtoras e espectadores — um legado que reafirma o poder da cultura como caminho de pertencimento, dignidade e futuro.