A Revista Filme Cultura foi criada em 1966. Editada inicialmente pelo Instituto Nacional de Cinema Educativo (Ince) e, posteriormente, pelo Instituto Nacional de Cinema (INC), destacou-se como um importante espaço de divulgação e reflexão sobre o cinema brasileiro.
Até o ano de 1987 foram publicadas 48 edições, além de duas revistas especiais para os festivais de Cannes e Berlim. No entanto, em 88, a publicação teve suas atividades suspensas, deixando uma lacuna no segmento de publicações especializadas por 20 anos.
Após essa pausa, já no ano de 2007, a Revista Filme Cultura retornou com uma edição especial comemorativa dos 70 anos do Ince e dos 22 anos do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) – a edição 49. Em 2010, foi relançada com a edição 50, circulando até o final de 2013, quando a edição 61 foi publicada. Ao longo dos anos, a revista passou por diferentes gestões e formatos, renovando-se para garantir sua permanência.
Em 2017, após mais quatro anos de interrupção, a publicação foi retomada mais uma vez, desta vez com um modelo mais sustentável e democrático. Foram introduzidas algumas mudanças, como a realização de um edital de chamada para textos, nos moldes de call for papers de revistas acadêmicas. Essa estratégia abriu espaço para novas vozes e democratizou o acesso ao ambiente de pesquisa e crítica cinematográfica.
Além disso, houve a segmentação por temáticas em cada edição, o que trouxe uma maior diversidade de setores e públicos ligados ao audiovisual brasileiro. A seleção dos textos passou a ser feita por uma Comissão Editorial permanente, com validação de um Conselho Temático de especialistas para publicação.
Com esse modelo, a Secretaria do Audiovisual (SAV) do Ministério da Cultura (MinC) colocou a Revista como um instrumento, não apenas de difusão da crítica cinematográfica, mas também como uma plataforma de democratização do pensamento e do encontro de uma nova geração de realizadores e pesquisadores do setor.
A Filme Cultura voltou a ser publicada em 2017, com a edição nº 62, cujo tema foi Infância – Cinema – Futuro, abordando a relação entre o cinema e o futuro das crianças. No ano seguinte foi publicada a edição nº 63, com o tema Mulheres, câmeras e telas. Em agosto de 2018, foi realizada a chamada pública para a edição nº 64, porém, com as mudanças de governo, o projeto foi novamente interrompido.
Em 2023, a Revista foi retomada com a validação dos textos selecionados em 2018 e novos convites feitos para autores adicionais. A edição nº 64, com o tema Cinemas Negros, foi publicada em novembro de 2023, destacando o protagonismo de pessoas negras no audiovisual brasileiro, abordando suas realizações e representações nas telas.
A mais recente edição, nº 65, tem como tema Cinema Mais: o audiovisual LGBTQIA+. O Conselho Editorial dessa edição é composto por Denilson Lopes, professor e pesquisador do cinema queer; Caia Coelho e Pethrus Tibúrcio, criadores da plataforma Teletrans, que cataloga filmes de pessoas trans; Mariana Braga, assessora do Ministério da Cultura; e Danielle Brígida, diretora de Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+ do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
A trajetória da Revista Filme Cultura reflete as transformações das políticas públicas de cinema no Brasil. Criada em um contexto de ampliação da participação estatal no setor, a publicação nasceu de um convênio entre o Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica (Geicine), do Ministério da Indústria e Comércio, e o Instituto Nacional de Cinema Educativo (Ince), vinculado ao Ministério da Educação e Cultura.
O primeiro editorial da Filme Cultura marcou a criação do Instituto Nacional de Cinema (INC), instituído pelo Decreto-Lei Nº 43, de 18 de novembro de 1966. O INC tornou-se o órgão responsável por coordenar o fomento à produção cinematográfica, além de regular o mercado. A partir da terceira edição da Revista, em 1967, sua gestão foi assumida pelo Instituto, que manteve o periódico até sua 27ª edição, publicada em 1975, consolidando seu papel como ferramenta de reflexão sobre o audiovisual brasileiro.
Com o encerramento das atividades do INC, a Embrafilme passou a gerir a Filme Cultura. A publicação se manteve até 1988, quando a edição nº 48 marcou o início de uma longa interrupção editorial. Além de fomentar a produção nacional, a Embrafilme destacava-se pela promoção do cinema brasileiro no exterior.
Após 18 anos fora de circulação, a Filme Cultura voltou em 2007 sob a gestão do Centro Técnico Audiovisual (CTAv), vinculado à Secretaria do Audiovisual (SAV). O retorno coincidiu com a celebração dos 70 anos do Ince e trouxe uma edição comemorativa. O CTAv manteve a publicação até 2014, quando uma nova pausa ocorreu.
Em 2016, a SAV retomou a revista, introduzindo chamadas públicas para textos e definindo temas centrais para cada edição. Ao longo de 58 anos, a Revista enfrentou 28 anos de interrupções, reflexo dos desafios políticos e estruturais que marcaram as políticas culturais no Brasil. Ainda assim, Filme Cultura consolidou-se como referência no debate crítico sobre o cinema brasileiro, reafirmando sua relevância ao refletir as transformações e tendências do audiovisual no país.