HISTÓRIAS DE LUTA
VIDA DE DOCENTE
Pasi Juruna
Eu me chamo Pasi Juruna, do povo Juruna Yudja.
Nasci na aldeia Tuba-Tuba. Tenho 32 anos.
Comecei a estudar na escola quando tinha 9 anos, na aldeia que se chama Diauarum.
Fiquei só 1 ano lá, estudando e, depois, logo voltei para minha aldeia.
Era muita distância, meus pais me tiraram de lá, porque eu ficava sozinho lá.
Meu pai me transferiu para outra escola em outra aldeia. A aldeia se chama Pequizal. Fiquei só 9 meses lá estudando, e depois fui para a aldeia onde meus pais moravam, na aldeia Paksamba.
Foi lá que aprendi a fazer leitura, a escrever pequenas frases.
Quando completei 13 anos, eu pensei muito em aprender mais sobre o conhecimento não indígena, conversei com meus pais, para sair da minha aldeia, ir para outra aldeia estudar. Eles aceitaram que eu fosse para a aldeia Tuba-Tuba, onde eu nasci. Fiquei 3 anos estudando lá, eu consegui concluir meu ensino fundamental.
Quando voltei à aldeia Paksamba onde os meus pais moravam, tinha uma vaga para professor. A comunidade fez reunião, conversaram sobre quem ia ocupar essa vaga.
Eles me perguntaram se eu queria, eu aceitei para trabalhar na sala de aula. No ano de 2013, eu comecei a trabalhar como professor. Trabalhei só 6 meses na aldeia Paksamba, era muito difícil fazer planejamento e relatório, mesmo assim eu não desisti.
Passei uma coisa que não esperava, meu pai faleceu, eu queria deixar, desistir do meu trabalho, mas naquele momento mudei para outra aldeia, onde eu moro atualmente. Parei, fiquei 4 meses fora da escola, depois voltei a trabalhar de novo na sala de aula.
No ano de 2014 comecei a estudar no curso de magistério, mesmo trabalhando na sala de aula, estava fazendo curso, ali comecei a aprender e conhecer mais outras coisas que não tinha conhecido antes sobre escola e pedagogia. Fiz magistério em outra aldeia, aldeia do parente Terena.
Minha maior dificuldade é falar a língua portuguesa, até agora eu tenho essa dificuldade.
Eu consegui concluir meu estudo no magistério no ano de 2019 e naquele momento não estava mais trabalhando na escola.
Eu consegui concluir meu estudo no magistério no ano de 2019, naquele momento não estava mais trabalhando na escola. Teve muitos alunos transferidos para outra escola, diminuiu muito a quantidade dos alunos, então eu saí.
Fiquei 5 anos trabalhando na roça, pescando e construindo casas.
No mês de dezembro de 2014 eu fiz meu casamento, atualmente tenho 5 filhos, 3 meninas e 2 meninos.
No ano de 2022 voltei à sala de aula, porque eu tinha um pouco de experiência na escola, tenho certificado, também, por isso o diretor da escola me chamou para trabalhar de novo.
Pensei muito em ir estudar na universidade, porque meu pessoal, da minha aldeia, já estava estudando. Quando saiu o edital da UFG (Universidade Federal de Goiás) eu fiz e graças a Deus deu certo, na segunda tentativa, passei e fiquei muito feliz.
Fui por meu próprio interesse, mas como estou trabalhando para o meu povo, na escola, eu estou buscando mais conhecimento para levar para minha aldeia, para meu povo.
Como professor, não fiz ainda a pesquisa na escrita, mas já entrevistei muitos mestres só para escutá-los. Agora chegou o momento de gravar, escrever no papel, para não esquecer mais.
Pesquiso ABARA (Brinco) e PAYŪ LAKARIKABÏA (conflito com outros povos).
A pesquisa traz o conhecimento e valoriza a própria cultura tradicional.