Editorial no 6
Revista Pihhy, a Revista Semente
A Revista Pihhy, nome que significa “semente” na língua Mehi Jarka do povo Mehi-Krahô, segue cultivando conhecimento e resistência.
Vinculada ao “Programa Conexão Cultura e Pensamento” da Secretaria de Formação, Livro e Leitura/SEFLI/MinC, nossa publicação tem sido um espaço fecundo para a criação, produção e circulação de materiais de autoria indígena.
Assim como em um pur, a roça tradicional Mehi, onde cada semente lançada ao solo garante o bem viver, a Pihhy semeia saberes plurais e ancestrais.
Com a sexta colheita, seguimos ampliando esse campo fértil de conhecimento e trocas, incorporando novas vozes e fortalecendo as existentes. Até aqui, já lançamos ou reforçamos a presença de cerca de 80 autores e autoras indígenas, pertencentes a mais de 40 povos originários distintos do Brasil e, mais recentemente, do México. Alguns estreiam nesta edição, outros já trilhavam uma trajetória de publicação e alguns se consolidam como referências na produção intelectual indígena.
Nesta edição, expandimos ainda mais as fronteiras da nossa revista semente.
Estamos recebendo e publicando resenhas, poesia, prosa, desenhos, ensaios fotográficos e reflexões de intelectuais, artistas e ativistas indígenas.
Nossa missão segue firme: fomentar o bem viver e garantir que os direitos indígenas sejam debatidos e defendidos, inclusive nas próprias línguas indígenas.
Nesta edição destacamos o trabalho de Fábio Brea Xavante traz reflexões sobre a importância da espiritualidade no fortalecimento da identidade indígena; Gregório Huhte Krahô apresenta um ensaio visual e textual sobre a estética e os grafismos Krahô como formas de resistência cultural; Naine Terena, idealizadora da Pihhy, analisa a importância da arte indígena como meio de afirmação política e cultural; Cacique Catu compartilha sua visão sobre o papel dos caciques na contemporaneidade e os desafios da liderança indígena.
Nos somamos às mobilizações que denunciam as ameaças constantes às políticas de educação indígena. A recente ocupação da Secretaria de Educação do Estado do Pará (Seduc-PA) por professores indígenas e lideranças mostra que a luta pela educação diferenciada segue firme, resistindo às tentativas de desmonte de conquistas fundamentais.
Esta é uma realidade compartilhada em diversas partes do Brasil, onde as Seducs estaduais insistem em negar direitos educacionais aos povos indígenas.
Nossa sexta colheita está farta, repleta de vozes, cores, palavras e imagens que fortalecem os territórios do
conhecimento indígena.
Leia, participe, semeie conosco esta resistência e construção coletiva.
Equipe Editorial
Alexandre Hartant Herbetta
Gilson Tenywaawi Tapirapé