História de Vida
JALDO CANELA
Me chamo Cômpát, mas o branco registrou como Komopat.
Tenho nome registrado em português, Jaldo.
Nasci em 1971. Sou do povo Canela, vivemos no sul do Maranhão.
Hoje já tenho 53 anos, moro na aldeia Escalvado, no município de Fernando Falcão, no Maranhão, no Centro-Sul do Maranhão, com população de 3300 habitantes indígenas.
Nasci e cresci neste território, fui criado com meus pais desde nascença. Tenho família, tenho seis filhos. Hoje estou com minha esposa Madalena, Canela. Fui crescendo e participando culturalmente.
Durante a reclusão, passei em várias práticas teóricas através dos chefes. Eles fazem ensino teórico junto com a turma em reclusão, durante o confinamento, durante três meses.
Nesse confinamento fui capacitado. Fui orientado, fui informado. Por isso tenho conhecimento cultural. E conhecimento natural.
Durante a reclusão aprendi a respeitar os mais velhos, o pai e a mãe, aprendi a me comportar, obedecer o chefe (me ihcapôn catê), ouvir as disciplinas aplicadas, fazer confecção de esteira e mocó, concentrar no momento que o chefe ordenava, aprendi a fazer resguardo e aprendi muito sobre respeito, pelas pessoas, seres e planeta.
Tem duas reclusões: para idade menor e para idade menor.Neste tempo eu tinha a idade de 8 a 10 anos. Na idade maior é proibido comer qualquer alimento que não seja saudável para o corpo. Eu praticava também a cantoria.
Para idade menor são disciplinas mais elevadas. pode comer carne carregada. Para idade maior são disciplinas mais pesadas, não pode comer carne carregada, feijão, fava e outros alimentos. Comemos mingau de arroz, farinha branca e amendoim.
Tomava medicina da planta nativa todos os dias de manhã.
Uma cuia de calda feita a mão, para temperar o organismo e o corpo.
Esse tipo de preparo é para alcançar a posição de pajé, caçador e corredor.
Fui estudar também na escola da aldeia, da primeira até a quarta série, naquele tempo chamávamos primário, depois de primário, fui estudar na cidade, em Barra do Corda, de quinto ao novo ano.
Alguns anos depois fiz o ensino médio na aldeia, terminei o ensino médio e assim, alguns anos depois, também alcancei o anúncio da universidade. Fiz a prova três vezes e deu certo.
Durante esse estudo deu uma um grande avanço para que eu possa alcançar e desenvolver a capacidade e também orientação para poder atingir meu objetivo melhor como fazer prática de ensino. Depois que eu fiz o ensino médio alcancei a oportunidade no Estado, uma contratação temporária.
Fui procurar a possibilidade de trabalhar como professor indígena na aldeia. Deu certo.
Eu assinei o contrato desde 2002. É uma grande exigência dos movimentos indígenas. Tenho o direito de me conhecer como professor. De acordo com a Lei de 1988 temos o direito à educação indígena. Estou no Estado e antes disso eu estava me pensando, procurando a oportunidade de ser professor.
Eu já estava planejando ensinar as crianças, então eu gosto muito de ensinar. Gosto muito de orientar. Eu gosto muito de informar e assim vem meu pensamento e desejo de ser professor.
Antes eu já estava me pensando assim e deu certo a oportunidade. A contratação foi temporária, eu assinei o contrato e comecei a trabalhar na sala de aula em 2002. Até agora eu estou como professor.
Eu estou muito tranquilo, estou muito ciente. Eu, como indígena e nessa idade, eu não paro de estudar, eu não paro de buscar novos conhecimentos, novos conceitos novos.
Porque eu gosto de ensinar. Porque eu gosto de escrever. Eu gosto de fazer palestras. Eu gosto muito de fazer, a desenvolver a capacidade daquilo que eu preciso apresentar.