Alimentação Viva na Cosmologia Mehi-Krahô
"Resistência e Saúde"
Apracti Krahô
O Hotxuá, personagem cosmológico mehi, que faz graça, é na realidade a abóbora da roça de toco (Pur) Krahô. É o líder da festa dos legumes que dá origem à tora da batata e a uma festa cultural muito importante.
A alimentação viva é base da cultura mehi.
A alimentação sempre esteve no centro da vida e da cosmologia do povo Mehi-Krahô.
A Revista Pihhy apoia o mini documentário Alimento vivo, em desenvolvimento.
Diferente dos alimentos industrializados, que se tornaram comuns nos dias atuais, os Krahô tradicionalmente se alimentavam de maneira natural, priorizando o que a terra oferecia e respeitando os ciclos da natureza.
A chamada alimentação viva, dentro desse contexto, não se refere apenas ao que se come, mas à relação espiritual e cultural que se estabelece com o alimento.
No passado, a dieta dos Mehi-Krahô era composta por alimentos sem temperos artificiais, sem óleos refinados ou processos de fritura.
O preparo seguia um método ancestral, que preservava os nutrientes e mantinha o corpo forte e resistente.
A ausência de gorduras industrializadas e a presença de alimentos frescos garantiam uma saúde equilibrada e um corpo preparado para os desafios físicos diários, como a corrida de tora e outras práticas da vida comunitária.
Com a chegada dos alimentos processados e industrializados, houve uma mudança significativa na nutrição do povo Krahô, refletindo-se também na saúde e no modo de vida.
O consumo excessivo de temperos artificiais, óleos e produtos de mercado trouxe impactos que vão além da alimentação, afetando a vitalidade, a disposição e até mesmo os rituais e brincadeiras que fazem parte da cultura do povo.
Antes, a força e a leveza do corpo eram mantidas por uma alimentação pura, diretamente ligada à terra e aos ensinamentos dos ancestrais.
Hoje, a introdução de alimentos externos tem contribuído para um estilo de vida mais sedentário e para o afastamento de práticas tradicionais.
Mais do que um simples hábito alimentar, a alimentação viva é um pilar da identidade Krahô.
Reforçar esses costumes significa fortalecer a relação com o território, com a espiritualidade e com a própria saúde.
Ao valorizar esses saberes, reafirma-se a importância da resistência indígena frente às imposições da sociedade moderna, garantindo que as futuras gerações possam continuar se alimentando não apenas de comida, mas também da essência da cultura Mehi-Krahô.