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Moda brasileira amplia presença no MICBR+Ibero-América e reafirma potência criativa, identitária e sustentável
A moda chega ao MICBR+Ibero-América 2025 com a força de um setor que transforma cultura em linguagem visual, economia e identidade. Entre 3 e 7 de dezembro, Fortaleza recebe empreendedores, compradores, designers, artesãos, coletivos e marcas que representam um universo vibrante de criações autorais — da ancestralidade amazônica à estética afro-brasileira, passando por processos circulares, reaproveitamento têxtil, inovação comunitária e modelagens que vestem pluralidades.
Nesta edição, 37 selecionados (dois compradores e 35 vendedores) representam a diversidade territorial do país pelas propostas que desafiam o senso comum sobre o que significa “fazer moda” no Brasil. São marcas que conectam pesquisa, território, história, sustentabilidade e tecnologia para construir uma moda consciente, inclusiva e profundamente vinculada às culturas do país.
O criador da marca sulista Consone, Agossou Djosse Ignace Kokoye, conhecido como Kadi, traz ao evento uma moda afro-brasileira guiada por estampas africanas e pela fusão entre sua trajetória no Benin e o cotidiano brasileiro. Ele vê a moda como um espaço de afirmação e sofisticação acessível. “Nossa identidade é a estampa africana. Gosto de criar peças exclusivas, confortáveis e que valorizem a pessoa sem perder a essência brasileira de ser livre. A moda daqui me abriu caminhos e inspirações”, conta.
Para ele, o MICBR+Ibero-América é uma porta para amadurecer o negócio e romper barreiras geográficas. “Quero aprender com quem cresceu na prática e buscar oportunidades para expandir. Hoje, 70% das minhas vendas on-line são para São Paulo. Estar mais perto desse mercado pode triplicar nosso alcance”, afirma.
Representando o Sudeste, Liana Conceição dos Santos, criadora da Liana D’África, constrói há oito anos uma moda marcada por estamparia autoral afro-brasileira, modelagens inclusivas e parcerias com comunidades quilombolas e costureiras periféricas. “Minha identidade está na modelagem, na estampa e no compromisso de vestir corpos plurais e reais. Minha pesquisa passa por quilombos, festas, monumentos culturais, músicas e referências do Carnaval”, ressalta.
A marca mantém parceria de cinco anos com a comunidade quilombola Grotão, que produz técnicas manuais como crochê e bordados. Para Liana, o MICBR+Ibero-América representa expansão. “Queremos crescer, inovar e acessar novas tecnologias. O evento nos abre caminhos para conexões que fortalecem nossa narrativa”.
Ainda no Sudeste, a figurinista fundadora do Banco de Tecido, Luciana Bueno, traz uma perspectiva singular: uma empresa que opera não como marca de moda, mas como sistema circular de troca e recomércio têxtil.
Para ela, moda autoral é expressão identitária de comunidades e não apenas design exclusivo. “Moda autoral é cultura. É a identidade de um grupo, seja uma boutique do interior, uma marca periférica ou um coletivo artesanal”, enfatiza.
Luciana destaca que sustentabilidade, para o Banco de Tecido, não é discurso — é estrutura. “Nosso modelo é circular por definição. Trabalhamos com sobras, com troca e com tecidos sustentáveis selecionados pela qualidade. É princípio, prática e ação”, diz. E, defende que o próximo passo da moda brasileira é aproximar grandes marcas de micro e pequenos fornecedores para permitir que a inovação, que nasce na ponta, ganhe escala real.
Do Sul, a CÓS Costura Consciente, idealizada por Marina Anderle Giongo, reforça a importância da moda circular e do reaproveitamento de materiais como guarda-chuvas descartados, kitesurf e resíduos do pós-consumo.
“A CÓS é diversa, colorida e funcional. Cada peça precisa ter bolso, ter propósito e contar histórias do cotidiano. Aqui em Porto Alegre temos todas as estações em um dia — e isso virou identidade para nós”, pontua.
A marca mantém parcerias com redes de costureiras, cooperativas e entidades como a Rede Florescer, garantindo renda e continuidade de saberes locais. Marina também destaca o papel de políticas públicas no fortalecimento do setor.
“Precisamos de programas públicos que protejam a economia criativa e garantam que negócios autorais possam se sustentar e crescer”, afirma.
Moda como força cultural e econômica
Para o setor de moda, o MICBR+Ibero-América se consolida como um espaço de atravessamento entre estética, identidade, sustentabilidade e economia. As marcas presentes demonstram que criar moda no Brasil é, antes de tudo, traduzir histórias, territórios, afetos e redes em peças que carregam memória, política e futuro.
Entre rodadas de negócios, mentorias, oficinas, painéis e encontros com compradores nacionais e internacionais, o evento amplia conexões e reforça o papel da moda como vetor de desenvolvimento sustentável e integração cultural — confirmando sua presença como um dos pilares mais diversos e inventivos da economia criativa brasileira.
Saiba mais sobre o MICBR+Ibero-América 2025 aqui.
MICBR+Ibero-América
Realizado em Fortaleza (CE), de 3 a 7 de dezembro, o MICBR+Iberoamérica combina atividades de formação — mentorias, oficinas, palestras e mesas redondas — com oportunidades de negócios, como rodadas, apresentações de projetos, showcases e momentos de networking. A iniciativa celebra a força da cultura brasileira e reafirma o papel estratégico da economia criativa no desenvolvimento sustentável, na integração regional e na valorização da diversidade cultural.
A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.
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