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Ministério da Cultura participa do 10º Encontro Guarani-Kaiowá e Ñandeva, em Mato Grosso do Sul
Foto: JP Tupinambá
Localizada a mais de 300 km de distância de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, a Aldeia Ñanderu Marangatu sediou, entre os dias 21 e 26 de julho, o 10º Encontro da Juventude Indígena Guarani-Kaiowá e Ñandeva. Com a participação de mais de 600 jovens de diversas comunidades indígenas do estado, o evento teve como objetivo fortalecer suas identidades e debater temas como território, educação, saúde, meio ambiente e cultura.
A atividade foi promovida pela organização Retomada Aty Jovem (RAJ), com o apoio de diversos órgãos do Governo Federal, entre eles o Ministério da Cultura (MinC). A Pasta tem buscado, por meio da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), ampliar sua presença em territórios indígenas e promover o acesso de populações historicamente vulnerabilizadas às políticas públicas culturais.
“Tivemos um momento potente de escuta, troca e fortalecimento das vozes jovens que constroem, a cada dia, caminhos próprios de resistência, identidade e criação”, avaliou a diretora de Promoção da Diversidade Cultural da Pasta, Karina Gama. Ela integrou a programação do Encontro para apresentar e debater com os jovens presentes as principais políticas culturais do país voltadas aos povos indígenas.
Entre as iniciativas abordadas estava a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), que reconhece entidades e grupos comunitários como Pontos de Cultura, além das ações afirmativas para garantir a reserva de vagas aos indígenas nos editais de cultura. Outro destaque foi a atuação do Pontão de Culturas Indígenas. A entidade formou, em parceria com a SCDC, 20 Agentes Cultura Viva Indígenas – jovens de 18 a 24 anos que atuam na promoção da Cultura Viva junto às suas comunidades.
Um deles é o João Pedro Tupinambá, do território indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. A convite do MinC, ele participou do encontro dos Guarani-Kaiowá e Ñandeva, onde explicou sobre o mapeamento de entidades, grupos e coletivos culturais indígenas, economia da cultura, formação e os benefícios do reconhecimento como Ponto de Cultura. Como inspiração para os jovens presentes, o Brô Mc’s, primeiro grupo de rap indígena do país e que já se apresenta até em palcos internacionais, foi citado como um exemplo de Ponto de Cultura Indígenas.
“A gente teve a oportunidade de levar uma oficina sobre políticas culturais para uma juventude indígena muito engajada com o processo de comunicação e com o fazer da cultura”, explicou João Pedro. Ele destacou ainda a possibilidade de compartilhar com os demais participantes a experiência de ser um Agente Cultura Viva.
“Ser um agente me fez pensar no fazer cultural, que é uma coisa intrínseca à nossa existência desde que nascemos, como uma prática política e de resistência. A gente abre a mente para pensar dessa forma. E me trouxe a oportunidades de levar para outros jovens esse pensamento de que a cultura pode ser uma ferramenta para a nossa luta. Então, ser um Agente Cultura viva é uma experiência transformadora”, relatou.
Segundo Karina Gama, foi essencial garantir a participação de um jovem indígena atendido diretamente em uma ação do Ministério da Cultura na interação com a juventude presente no Encontro. “O João Pedro Tupinambá foi ouvido com atenção, falou trechos em sua língua, e foi muito bem acolhido pelos demais jovens — mostrando o quanto a juventude indígena está fortalecendo caminhos de autonomia e protagonismo a partir da cultura”, finalizou.
Os Agentes Cultura fazem parte da estratégia dos 42 Pontões de Cultura Temáticos e Territoriais selecionados pelo MinC, por meio de Edital de Chamamento Público, para fazerem o mapeamento, o diagnóstico, a formação, a articulação e a mobilização da rede de Pontos de Cultura no país. Juntos, os Pontões envolvem a atuação de, no mínimo, 570 jovens nesse projeto.