Notícias
COP30
Ministério da Cultura participa de debate em Belém sobre o papel da cultura na crise climática
Foto: Ascom MinC
O Ministério da Cultura (MinC) teve participação de destaque no painel A crise é cultural. A solução também!, realizado no Palacete Faciola, em Belém, nesta quarta-feira (12). O evento, coorganizado por um consórcio que inclui a Secretaria de Cultura do Pará, a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), o Festival Amazonas de Ópera (FAO), o Instituto do Patrimônio Histórico e art[istico Nacional (Iphan) e o próprio MinC, reuniu especialistas e lideranças para debater o papel da cultura como catalisadora de soluções para a crise climática.
Inserido no contexto do Objetivo 19 da Agenda de Ação da COP30, fortalece a cultura como um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável e para a construção de resiliência frente à crise climática. Representando o MinC, o secretário-Executivo Márcio Tavares destacou o aumento nos recursos da Lei Rouanet destinados à região Norte, que saltaram de 0,2% para aproximadamente 5% do total. A medida visa corrigir um desequilíbrio histórico e, segundo o secretário, “nacionalizar o fomento e financiamento da cultura”.
“A política de cultura só vai ser transformadora à medida que ela conseguir abarcar o conjunto da diversidade cultural e territorial que esse país tem”, afirmou o secretário.
Ele destacou que a redistribuição de recursos está sendo feita sem desfinanciar outras regiões, mas sim ampliando o acesso de produtores culturais de todo o país às políticas públicas. Ele também abordou os desafios estruturais enfrentados pelo setor, mencionando a aprovação do Marco Regulatório do Fomento à Cultura, que simplifica o acesso de mestres e fazedores de cultura a editais e chamadas públicas.
O secretário ressaltou ainda a relação intrínseca entre cultura e preservação ambiental na Amazônia, criticando a visão que enxerga a floresta apenas como um “tapete verde”, sem considerar a imensa diversidade cultural e os modos de vida que nela existem. Para Márcio Tavares, a valorização desses saberes é fundamental para a construção de uma economia criativa mais solidária e cooperativa.
O debate foi aberto pela secretária de cultura do Pará, Ursula Vidal, que ressaltou a importância do encontro para a construção de um futuro mais sustentável. Ela destacou o papel da cultura como um setor econômico crucial para a geração de justiça social. “Nós somos um setor econômico muito importante com uma capacidade de geração de justiça social muito rápida quando o investimento chega no território, porque as pessoas já estão fazendo. O que a gente precisa é acessar recursos internacionais que estão aí à disposição dessas soluções para a crise climática”.
Flávia Furtado, diretora executiva do Festival Amazonas de Ópera, compartilhou a experiência do Corredor Criativo da Amazônia, iniciativa que busca posicionar a economia criativa como um vetor de desenvolvimento para a região, propondo uma transição de modelos industriais para economias verdes que gerem renda e preservem o meio ambiente.
“Não há justiça climática sem justiça social. Temos que dar o próximo passo, que é entender a Amazônia como esse espaço plural, onde existem povos originários, existe fauna, flora e existe cidade. E as cidades também têm um peso e um papel nessa preservação ou na destruição”, disse.
Lucimara Letelier, fundadora da Regenera Museu e vice-presidente do ICOM Sustain, também contribuiu para o debate. “Eu represento a Regenera Museu, uma organização que foi fundada há nove anos, em que a gente trabalha a questão da mitigação da resiliência climática no campo da cultura e dos museus. E junto com o Corredor Criativo, a gente trouxe esse entrelaço de falas que pudesse trazer um pouco desse lugar da cultura como base central da discussão da ação climática, da resiliência climática no Brasil, mas principalmente pensando no território, pensando onde a gente está, pensando no lugar do Corredor Criativo da Amazônia e fazendo entrelaço com outras experiências locais e globais.”
O painel contou ainda com a participação da liderança indígena Vanda Witoto, Julia Caon Froeder, da Virada Sustentável, e Terezinha Resende, da Associação Brasileira de Ecomuseus. Ao final do encontro, foi apresentado aos participantes o Caderno Orientador de Mensuração de Impacto de Projetos Culturais, reforçando a mensagem de que a cultura é um elemento central da solução para a crise climática.
O debate propõe uma reflexão sobre como a cultura e suas diversas manifestações — festivais, museus, artes e mobilizações sociais — podem atuar como catalisadores de soluções para a crise climática. A discussão busca abordar formas de expandir a resiliência de populações e territórios, fortalecer a ação climática e impulsionar um futuro mais sustentável e socialmente justo.