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CNIC ITINERANTE
MinC realiza visitas técnicas a projetos culturais pernambucanos incentivados pela Lei Rouanet
Foto: Victor Vec/MinC
O Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), realizou, na última sexta-feira (14), visitas técnicas a projetos culturais de Pernambuco apoiados pela Lei Rouanet. A atividade, que marcou o encerramento da 355ª reunião ordinária da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC) — a CNIC Itinerante —, objetiva promover o diálogo e o conhecimento cultural dos comissários com iniciativas beneficiadas pela lei de incentivo.
No início das agendas, a comitiva da Pasta realizou a visitação do projeto cultural Aria Social. O espaço, que une arte e educação, já impactou a vida de milhares de crianças, jovens e seus familiares, em mais de trinta anos de atividades. Criado para atender uma demanda social na Região Metropolitana do Recife, visa contribuir com a democratização cultural e artística do estado de Pernambuco.
O público-alvo são crianças e jovens de famílias em situação de vulnerabilidade social, matriculados em escolas públicas e moradores de bairros próximos à sede, localizada no município de Jaboatão dos Guararapes. Hoje, o projeto oferta diversas capacitações relacionadas a arte educação, formação artística, danças, entre outros.
Os resultados são expressivos: cerca de 500 alunos por ano frequentam o Aria, e 60% ingressam no ensino superior, muitos deles seguindo carreiras nas áreas de educação, dança e música. Desde 2002, o Aria oferece o primeiro curso técnico em dança reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) em Pernambuco.

- Foto: Victor Vec/MinC
“As visitas técnicas, parte da itinerância do MinC, permitem constatar a seriedade dos projetos que recebem investimento público. Conhecer de perto iniciativas como o Aria Social reforça como a Lei Rouanet não só preserva a diversidade cultural, mas também transforma realidades. É um mecanismo que mostra, na prática, a força da democracia pela via da arte”, destacou Henilton Menezes, Secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do MinC.
Para Maria Cecília Brennand, presidente do projeto, a perpetuação do espaço e de conseguir oferecer um lugar para crianças e jovens se devem à Lei Rouanet. “A cultura tem o poder de transformar realidades. Por meio da Lei Rouanet, conseguimos criar um espaço onde a arte se torna um instrumento de empoderamento e mudança social. Seria muito difícil fazer o que fazemos sem a Rouanet”, frisou.
Instituto Ricardo Brennand
Localizado em um espaço de preservação da Mata Atlântica na região metropolitana do Recife, o Instituto Ricardo Brennand foi o segundo projeto cultural a receber a visita do MinC. Criado em 2001, o complexo arquitetônico, inspirado em castelos medievais, reúne o Museu Castelo São João, a Pinacoteca, uma biblioteca de obras raras e jardins paisagísticos que recriam ambientes europeus.
O acervo, reconhecido mundialmente, possui a maior coleção de obras do pintor holandês Frans Post, além de armaduras medievais, esculturas, tapeçarias e um amplo conjunto de arte brasileira dos séculos 16 ao 21. O instituto organiza, também, exposições temporárias, programas educativos e eventos que unem arte, história e natureza, com o propósito de ampliar o diálogo entre o patrimônio local e as manifestações culturais globais.
Reconhecido como um dos melhores museus da América do Sul, o espaço atrai mais de 2 milhões de visitantes desde sua inauguração.
Durante a visita, a coordenadora-geral do Instituto Ricardo Brennand, Nara Galvão, enfatizou a importância do mecanismo de incentivo à cultura para existência e manutenção do espaço. “A Lei Rouanet foi essencial para viabilizar nossa missão de preservar e democratizar o acesso à cultura. Desde 2007, captamos recursos por meio dela, o que permitiu expandir nosso acervo, estruturar programas educativos e receber um público médio de 200 mil visitantes por ano. Nosso compromisso vai além da conservação: queremos ser uma ponte entre o passado e o futuro, estimulando a reflexão crítica e a valorização da diversidade cultural”, afirmou.
Galo da Madrugada
A esquina da Rua Concórdia, no bairro recifense de São José, abriga a sede e espaço museal do maior bloco carnavalesco do mundo: o Galo da Madrugada. Com um público que chega a 2 milhões de foliões durante o Carnaval, o bloco expandiu sua atuação para além de Pernambuco e, hoje, possui manifestações artísticas e culturais em dez estados brasileiros e na província de Quebec, no Canadá.
Desde 2005, o Galo capta recursos por meio da Lei Rouanet, mecanismo fundamental para viabilizar a estruturação logística do bloco carnavalesco, a manutenção do museu e projetos socioculturais, como a Escola de Música do Galo da Madrugada, que oferece aulas gratuitas de instrumentos de percussão e sopro para mais de 300 alunos anualmente.
“A Lei Rouanet permitiu transformar nossa energia criativa em ações concretas. Graças a ela, mobilizamos mais de 5 mil profissionais diretos e indiretos para garantir a realização do bloco, mantemos nossa escola de música ativa e levamos o espírito do Galo para outros estados e até para o Canadá. Este é o legado que construímos: unir tradição, inclusão e inovação”, afirma Tatyana Veríssimo, diretora de projetos do Galo da Madrugada.
Além do impacto cultural, o bloco se destaca pela dimensão social. A Escola de Música, criada em 2010, já formou mais de 2 mil jovens, muitos dos quais integram as alas musicais do próprio Galo.
Paço do Frevo
A comissão itinerante do MinC encerrou as visitas técnicas no museu Paço do Frevo, patrimônio cultural reconhecido pela Unesco dedicado à preservação e celebração da dança folclórica típica do carnaval e símbolo imaterial da cultura pernambucana: o frevo. Durante a visita, representantes do MinC e parceiros percorreram as instalações do museu, que reúne exposições interativas, acervo histórico e programação educativa.
Desde a inauguração, em 2014, o projeto capta recursos por meio da Lei Rouanet, essencial para a manutenção de suas atividades, que incluem oficinas de dança, música e capacitação para mais de 500 artistas e mestres da cultura popular anualmente.
"O Paço do Frevo não é apenas um museu, mas um território de resistência. A Lei Rouanet nos permite manter viva essa chama, garantindo acesso gratuito a parte das atividades e fortalecendo laços com comunidades tradicionais. Aqui, o frevo pulsa como arte e como identidade", destaca Luciana Veras, Gerente de Desenvolvimento Institucional do espaço.

- Foto: Victor Vec/MinC
A visita também contou com a presença de Carlos Augusto Pereira, coordenador do escritório do MinC em Pernambuco, que enfatizou o papel da instituição na promoção de políticas públicas. "Democracia se faz com acesso à cultura. Espaços como o Paço do Frevo são pilares para a equidade, pois transformam arte em ferramenta de transformação social. Cada visita, cada oficina, é um passo para garantir que a voz do povo ecoe além dos muros dos museus", narrou.
Com uma equipe de mais de 60 profissionais dedicados à preservação do acervo e à mediação cultural, o museu já recebeu mais de 1,2 milhão visitantes desde sua inauguração em 2014. Além das exposições fixas, o espaço promove mostras temporárias, debates sobre patrimônio e projetos que integram tecnologia e tradição, como o Laboratório de Criatividade, onde jovens desenvolvem releituras contemporâneas do frevo.