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SÃO PAULO
MinC realiza visita técnica no local ao terreno que abrigava Casa VentoForte
Foto: Felipe Iruatã
Uma comitiva formada pelo Ministério da Cultura (MinC) e a Fundação Nacional de Artes (Funarte) visitou ontem (24) o terreno onde ficava a Casa VentoForte: Centro de Arte e Cultura Integrada, demolida no dia 13 de fevereiro, em São Paulo. O espaço abrigava o Teatro VentoForte e a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul, importantes referências culturais da cidade.
A presidenta da Funarte, Maria Marighella, participou da visita ao lado do diretor de Promoção das Culturas Populares e Tradicionais do MinC, Tião Soares, de Alessandro Azevedo, coordenador do Escritório Estadual do MinC SP, do deputado federal Guilherme Boulos, além de artistas, gestores culturais e representantes da sociedade civil.
Maria ressaltou a gravidade da destruição e a necessidade de ações imediatas para garantir a continuidade das atividades culturais. “Teatro não se derruba. Teatro é experiência da democracia, da política na arte. Este é um patrimônio do teatro brasileiro, elo da relação do teatro com a cidade, com os públicos, com a cidadania. Estamos aqui para empreender um processo de reestruturação e levantamento desse equipamento. E concordamos em absoluto que cultivo e cultura se fazem no território. Elas nascem de um lugar. Não podem ser deslocadas arbitrariamente. Portanto, a ideia de transferência do teatro e da escola de capoeira para algum lugar também não pode ser uma ideia aceitável para quem sabe que cultura é cultivo, é território, é semente de um lugar”, pontuou.
Ela também destacou a importância da articulação entre diferentes esferas de governo e sociedade para viabilizar a reconstrução do espaço.
"Não podemos simplesmente transferir essa responsabilidade ao Ministério da Cultura ou a outras instâncias. Precisamos cobrar do poder público local sua devida atuação. Estamos em uma república federativa, em que cada um tem papel. Vamos precisar encontrar maneiras de seguir assim. Propor diálogos, junto com a sociedade civil organizada, mas também articular um conjunto de iniciativas que precisam ser feitas – e nós estaremos presentes", declarou.
O diretor de Promoção das Culturas Populares e Tradicionais do MinC, Tião Soares, enfatizou que a demolição representa uma perda irreparável para a cultura brasileira.
“A destruição de espaços como esse impacta não apenas sua estrutura física, mas também a memória, a identidade, a resistência de nossas lutas e as tradições culturais. Defender essa dimensão é preservar a alma cultural da cidade, as lutas e garantir que vozes essenciais continuem a ecoar", destacou.
Durante o encontro, integrantes do Grupo de Teatro VentoForte e membros da Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul compartilharam relatos sobre a importância do espaço para a cultura e a comunidade local. Além disso, relembraram a trajetória do espaço, com um acervo artístico e cultural, afetando profundamente a comunidade artística e a memória cultural brasileira, fundado por Ilo Krugli.
“Por muito tempo, esse espaço exerceu um processo de formação muito grande. Anos e anos de oficinas acontecendo de maneira muito peculiar”, contou Rodrigo Mercadante, integrante do Grupo Teatro Vento Forte.
O deputado Guilherme Boulos anunciou a formação de um grupo de parlamentares - federais, estaduais e municipais – para atuar junto ao MinC e à Funarte na busca por soluções para a reconstrução do espaço.
“Esse é o caminho que estamos trilhando, a partir de agora, para o Teatro e, reitero, para a [Escola de] Capoeira. Um caminho que aponta para o futuro, para que possamos realizar essa reconstrução”, afirmou.
Entre outras medidas, o coordenador do Escritório Estadual do MinC em São Paulo, Alessandro Azevedo, mencionou que a cidade de São Paulo recebe R$ 68 milhões da Lei Nacional Aldir Blanc e, parte desses recursos, pode ser destinada à recuperação de equipamentos culturais.
“Dentro dos novos regramentos da PNAB, existe a possibilidade de destinar parte desses recursos para a reconstrução, reforma e construção de imóveis e espaços culturais. Essa é uma das propostas que estamos levando à Prefeitura de São Paulo”, explicou.