Notícias
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Margareth Menezes recebe Rainha Diambi, do Congo, e reforça intercâmbio cultural entre Brasil e África
Foto: Juliana Uepa/MinC
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, recebeu nesta quarta-feira (26), em Brasília, a rainha Diambi Kabatusuila, da República Democrática do Congo, em uma visita de cortesia dedicada ao fortalecimento dos laços culturais entre Brasil e África. O presidente da Fundação Cultural Palmares (FPC), João Jorge Rodrigues, e a escritora Conceição Evaristo também esteviram entre os presentes.
Com uma conversa marcada por reconhecimento e visão estratégica, a titular da Cultura destacou que a diversidade compartilhada entre Brasil e Congo — e entre o Brasil e todo o continente africano — é um pilar fundamental da identidade brasileira.
A rainha Diambi, líder tradicional e figura de grande representatividade no continente, celebrou estar ao lado de Margareth Menezes, a quem reconhece como símbolo da força cultural e da trajetória das mulheres negras brasileiras. Para ela, cultura é memória, resistência e futuro. O encontro destacou a importância de valorizar manifestações afrodescendentes para além do folclore, compreendendo-as como parte dinâmica e política da vida brasileira.
Entre as propostas em discussão, estão programas de intercâmbio cultural entre universidades brasileiras e africanas, iniciativas editoriais bilíngues e multilíngues, e a criação de uma futura Bienal Afro-brasileira, com foco em língua, literatura, audiovisual, cultura e economia criativa. “O ideal é que a gente publique, de forma verídica, as coisas de cada um desses polos, em português, na língua nacional ou na língua local”, disse Margareth.
A ministra também destacou a importância de difundir literaturas africanas contemporâneas — especialmente a produzida por mulheres — e aproximá-las da produção brasileira. “Nós temos a língua portuguesa, mas também queremos publicar em francês, em espanhol, e trazer a nova literatura africana, que é feita por mulheres, para se encontrar com a literatura brasileira feita por mulheres”, reforçou.
Durante a visita, foi apresentado o trabalho da Fundação Cultural Palmares, enfatizando o papel do órgão em reativar e ampliar as relações com países como Togo, Gana, Egito, África do Sul e Benim. A ministra relembrou ainda do avanço recente representado pela reinauguração da Casa do Brasil em Gana e o reencontro com comunidades brasileiras na diáspora africana.
A escritora Conceição Evaristo também destacou o papel central da cultura negra como espaço de reconstrução identitária e força política. Para ela, é na cultura que os descendentes de povos africanos reencontram fragmentos de uma identidade historicamente dilacerada. “A cultura negra é o que nos segura, é o que nos permite inventar estratégias de sobrevivência”, afirmou, ao lembrar que essa herança dinâmica e viva sempre funcionou como um modo de fazer política e como suporte emocional diante da diáspora forçada pela escravização.
O encontro também tocou na importância da cultura como eixo de resistência, invenção e sobrevivência para povos afrodescendentes. Foram lembrados movimentos como a Marcha das Mulheres Negras e a força histórica de lideranças comunitárias, religiosas e culturais que sustentam o imaginário afro-brasileiro.
