Notícias
PRESERVAÇÃO
Encontro inédito reúne mantenedores de acervos presidenciais para fortalecer a memória da República
Foto: Carol Lando/ MinC
Em um marco para a preservação da memória nacional, o I Encontro Nacional de Mantenedores de Acervos Presidenciais foi inaugurado nesta terça-feira (25), reunindo pela primeira vez as instituições responsáveis pela guarda do patrimônio documental, museológico e bibliográfico dos ex-presidentes do Brasil. Promovida pela Comissão Memória dos Presidentes da República (CMPR), a iniciativa busca fortalecer o diálogo e a cooperação técnica em um momento simbólico, durante as celebrações dos 136 anos da Proclamação da República.
O evento, que congrega mais de 30 instituições de todo o país, reflete o compromisso do Governo Federal com a valorização do legado republicano. O Ministério da Cultura (MinC) desempenha um papel relevante na política de memória e na preservação dos acervos presidenciais, visto que diversas instituições vinculadas são membros natos da Comissão Memória dos Presidentes da República.
Márcio Tavares, secretário-executivo do MinC, destacou a importância histórica do encontro. “Essa comissão existe desde 1991, mas só agora, 34 anos depois, se realiza um encontro entre todos os mantenedores. É muito justo que isso aconteça no momento em que o Brasil reencontra seu caminho democrático e redescobre a importância da memória histórica como elemento basilar da construção da democracia”, afirmou.
Ele ressaltou que o trabalho dos mantenedores é parte integrante da política cultural do país. “Temos muito orgulho com o Ministério de estar colaborando com o desenvolvimento desse trabalho agora num nível muito mais estruturante. As políticas culturais são fundamentais para o fortalecimento da democracia”, afirmou.
A colaboração entre as instituições foi reforçada pela fala de Alexandre Santini, presidente da Fundação Casa de Ruy Barbosa, que destacou a longa trajetória da instituição na área. “A fundação desenvolveu, ao longo dos anos, uma expertise importante na área de preservação de documentos, de conservação e, mais recentemente, com o desafio da digitalização. Estamos aqui para somar e contribuir nesse importante processo”, afirmou.
Fernanda Castro, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), destacou as ferramentas e a expertise que o instituto pode oferecer. “Temos ferramentas digitais para inventário, gestão e disponibilização digital desses acervos. O papel político desses acervos é também muito importante numa democracia ainda em construção como a brasileira”, pontuou.
Leandro Grass, presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reforçou a conexão entre a República e os direitos culturais. “Foi a República que permitiu que nós tivéssemos no Brasil as liberdades, entre elas a liberdade artística e cultural. Hoje, a política cultural devolve à República uma importante ferramenta para o fortalecimento da sua própria cultura republicana”, declarou.
Diretor de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal do Presidente da República e secretário-executivo da CMPR, Jackson Raimundo, ressaltou o caráter inédito da reunião. “É a primeira vez que reunimos todas essas entidades, públicas e privadas, que desenvolvem o trabalho cotidiano de preservação”, disse, apontando a grande diversidade entre as instituições, que incluem arquivos, museus, centros de documentação e bibliotecas espalhados por diversos estados.
Já Cristina Mori, secretária-executiva do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), enfatizou o papel dos acervos na construção da soberania nacional. “A história das pessoas que ocuparam a presidência é muito relevante para reafirmar que este país é uma república constituída por seu povo”, disse.
A programação do encontro prevê quatro painéis de discussão, abordando temas como a institucionalização e legislação dos acervos, o fortalecimento do Centro de Referência de Acervos Presidenciais, a conservação e digitalização, e as fontes de financiamento. O evento será encerrado nesta quarta-feira (26) com a 4ª reunião ordinária da CMPR, promovendo uma articulação direta entre os mantenedores e os membros da comissão.
