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LEI ROUANET
Com música regional e ritmo paraense, Arraial do Pavulagem abre encontro de lideranças globais na COP30
Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Brasil Amazônia/PR
A abertura da Cúpula dos Líderes da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), nesta quinta-feira (6) em Belém (PA), contou com apresentação do grupo paraense Arraial do Pavulagem. Referência na difusão da cultura amazonense, o grupo musical levou o tradicional cortejo de brincantes e o boi Pavulagem para evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes de 143 delegações de todo o mundo.
Reconhecido como patrimônio cultural de Belém, do Pará e do Brasil, o Arraial do Pavulagem é uma expressão viva da cultura paraense viabilizada por meio de incentivos da Lei Rouanet. Durante a apresentação na COP30, os brincantes (integrantes e participantes ativos do grupo), que usavam chapéus de palha enfeitados com fitas coloridas, dançaram e tocaram ritmos que compõem o cenário da música popular paraense.
Para o cofundador do Arraial do Pavulagem, Júnior Soares, a presença na agenda internacional representa um marco para o grupo, nascido das ruas e da cultura de Belém. "Estar presente na Cúpula de Líderes representa um marco na nossa trajetória. Levar essa força para um espaço de diálogo internacional é mostrar que a cultura popular também tem um papel fundamental na construção de um futuro sustentável e na valorização das identidades regionais. É um reconhecimento da potência que existe na Amazônia, não só como território ambiental, mas também como território de cultura, saberes e experiências humanas que precisam ser ouvidas pelo mundo”, afirmou.
Três décadas de cultura popular paraense
Criado em 1987 pelos músicos e compositores Ronaldo Silva, Júnior Soares e Rui Baldez, o Arraial do Pavulagem surge de um cortejo espontâneo que unia música, dança e tradição em Belém (PA). A iniciativa, que começou como uma ação para divulgação de shows, se transformou no "Arrastão do Pavulagem", uma grande manifestação cultural que reúne música autoral, dança, pernas de pau e elementos tradicionais do interior paraense e da região amazônica.
Realizado anualmente durante o período junino, o arrastão atrai multidões, com mais de 35 mil pessoas, por edição, que ocupam as ruas da Avenida Presidente Vargas. O evento também celebra a cultura amazônica com toadas, carimbó, quadrilha e retumbão, e encerra com um show da banda homônima, frequentemente com artistas convidados.
Em 2003, foi fundado o Instituto Arraial do Pavulagem, que formalizou as atividades de formação artística e cidadã. Por meio de oficinas gratuitas, o instituto gerencia o Batalhão da Estrela, um grupo de novos brincantes que participa ativamente da construção do tradicional cortejo.
A atuação do grupo se estende além do ciclo junino. Outras manifestações fixaram-se no calendário cultural da cidade, como o Arrastão do Círio, em outubro, o Cordão do Peixe-Boi, em novembro, e o projeto sociocultural Cordão do Galo, na Ilha do Marajó.
Para a execução das atividades, o Ministério da Cultura (MinC) autorizou a captação de R$ 2,77 milhões, por meio da Lei Rouanet. Até o momento, foram captados mais de R$ 1,19 milhões em renúncia fiscal.
"A Lei Rouanet é uma ferramenta importante para a manutenção e expansão do nosso trabalho. Projetos como o Arraial do Pavulagem e seus arrastões envolvem centenas de profissionais, artistas, técnicos e produtores culturais, e só são possíveis porque contam com mecanismos de incentivo que reconhecem a cultura como parte estruturante do desenvolvimento do país. Através dela, conseguimos investir em formação, acessibilidade, sustentabilidade e continuidade, elementos que garantem que manifestações populares como o Arraial sigam vivas, pulsando e se reinventando a cada geração”, concluiu o cofundador do arraial, Júnior Soares.