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Artesanato brasileiro ocupa o MICBR+Ibero-América 2025 com diversidade, memória e inovação territorial
O artesanato brasileiro chega ao MICBR+Ibero-América 2025 com a força de um setor que carrega histórias, territórios e modos de vida nas próprias mãos. De 3 a 7 de dezembro, em Fortaleza (CE), criadores, comunidades, associações, coletivos e instituições culturais de todas as regiões do país ocupam o maior encontro de negócios e formação da economia criativa na América Latina, reafirmando a centralidade do fazer artesanal na cultura brasileira contemporânea — seja pela preservação da memória, pela sustentabilidade, pela inovação ou pelo impacto comunitário.
Neste ano, o artesanato se apresenta como um mosaico vivo de técnicas, tradições e identidades por meio de seus selecionados: serão três compradores e 36 vendedores. Profissionais que atravessam gerações, dialogam com seus territórios e revelam a potência de um Brasil que cria, narra e transforma a partir do manual. Da Amazônia ao Extremo Sul, passando pelo Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, o setor destaca-se pela singularidade de seus materiais, pelos saberes transmitidos oralmente e pela articulação cada vez mais profissional entre criação, gestão e mercado.
Patricia Kede Godoy, gestora cultural e curadora da Loja do Museu A CASA do Objeto Brasileiro, leva ao Mercado uma perspectiva curatorial que entende o artesanato como narrativa do próprio país. Para ela, cada objeto é, antes de tudo, um documento cultural. “O artesanato conta histórias. Olhe para o artesão, para a matéria-prima e para o território, e você provavelmente poderá contar um pouco da história do Brasil”, afirma.
Sobre o futuro, ela alerta para um risco: “temo que o fazer artesanal se esvazie do sentido cultural e vire apenas mercadoria. O que desejamos é que o artesanato seja reconhecido como fazer cultural, tão importante quanto música, teatro ou artes visuais”.
Do Norte, Suellen Campos de Lima, presidente do Sindearter, chega ao MICBR+Ibero-América com a convicção de que o artesanato é um dos grandes guardiões da memória brasileira — e que esse papel ainda precisa de mais reconhecimento no mercado. “A maior força do artesanato brasileiro é a autenticidade cultural. Cada peça carrega a mistura de histórias, povos e saberes, mas isso nem sempre é valorizado”, destaca.
Suellen defende um artesanato que é também política pública: formação técnica, acesso a mercado e comunicação como estratégias de valorização integral do produtor. “O impacto do MICBR é direto: abre portas, amplia redes e coloca o artesão no centro da economia criativa”, completa.
Representando o Sul, Liliane Ferreira Santiago, do coletivo Irmãos Santiago, traz ao evento esculturas em papel machê que materializam histórias, afetos e referências culturais do interior brasileiro. Para ela, o artesanato é “testemunho”: uma arte que honra o passado sem se congelar nele. “O processo manual é inegociável. É como um processo gestacional — da ideia ao nascimento da peça”, diz. Liliane teme o desaparecimento de técnicas tradicionais, mas deseja um futuro em que “artesãos vivam dignamente, com o mesmo respeito dado às artes clássicas”.
Do Centro-Oeste, Josefa Marques Mazarão — artesã há 30 anos — representa o Vale da Esperança com peças feitas integralmente à mão com lã de ovelha e tingimento natural com plantas do Cerrado. “Meu trabalho é artesanal do início ao fim: lavamos a lã, preparamos os fios, tingimos e produzimos a peça”, conta.
Para Josefa, o MICBR é uma oportunidade crucial de valorização: “O artesanato precisa de reconhecimento e preço justo. No MICBR, espero boas vendas e mais visibilidade para a nossa técnica, que ainda não é devidamente reconhecida no Brasil”.
Artesanato como desenvolvimento cultural e testemunho no Brasil
As falas dos participantes revelam um setor profundamente diverso, que se mantém vivo pela transmissão dos saberes, pela força das comunidades e pela articulação com políticas públicas. No MICBR+Ibero-América 2025, esse conjunto se transforma em um ecossistema de oportunidades: rodadas de negócios, mentorias, oficinas, painéis e intercâmbios com compradores nacionais e internacionais.
O encontro fortalece a circulação dos trabalhos, impulsiona novas rotas de comercialização e reforça o papel do artesanato como vetor de desenvolvimento sustentável.
Saiba mais sobre o MICBR+Ibero-América 2025 aqui.
MICBR+Ibero-América
Realizado em Fortaleza (CE), de 3 a 7 de dezembro, o MICBR+Iberoamérica combina atividades de formação — mentorias, oficinas, palestras e mesas redondas — com oportunidades de negócios, como rodadas, apresentações de projetos, showcases e momentos de networking. A iniciativa celebra a força da cultura brasileira e reafirma o papel estratégico da economia criativa no desenvolvimento sustentável, na integração regional e na valorização da diversidade cultural.
A edição 2025 é uma realização do Ministério da Cultura, correalização da Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), do Governo do Estado, por meio da Secult Ceará, e Prefeitura de Fortaleza, por meio da Secultfor.
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