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MONDIACULT
"A cultura é memória, mas também é futuro", diz ministra em Barcelona
Foto: MinC
Cultura e ação climática e patrimônio e crise foram temas de painéis realizados nesta terça-feira (30) no Mondiacult 2025 – Conferência Mundial sobre Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável, em Barcelona, na Espanha. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, falou sobre os assuntos no fórum global que reúne representantes do setor de 194 Estados-membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a fim de discutirem o futuro por meio da cultura.
Em sua participação, a titular da Cultura destacou a importância dos conhecimentos dos povos originários, quilombolas e ribeirinhos para o enfrentamento da crise climática.
“Os povos indígenas são os guardiões da floresta em pé. Apenas 5% do desmatamento ocorre em áreas sob sua proteção. Isso demonstra a eficácia de seus modos de vida e a centralidade de seus saberes para enfrentar a crise climática. As comunidades quilombolas também preservam práticas de manejo sustentável e de convivência com a natureza. As comunidades ribeirinhas da Amazônia demonstram como é possível viver em harmonia com os rios e a floresta. Quando combinamos esses saberes com a força das artes, das economias criativas e da inovação tecnológica, ampliamos nossas chances de construir sociedades mais justas e resilientes”, afirmou Margareth Menezes na sessão temática Cultura e Ação Climática.
A ministra ressaltou que no domingo (28), o Grupo de Amigos para o Clima Baseado na Ação Climática, co-presidido pelo Brasil e Emirados Árabes Unidos de 2023 a 2026, adotou a Declaração de Barcelona, a qual afirma que a cultura é parte da solução climática.
“A cultura é memória, mas também é futuro. É hora de concentrar as nossas energias no terceiro pilar da governança climática internacional: sem financiamento adequado, sem transferência de tecnologia e sem capacitação, não conseguiremos proteger nosso patrimônio cultural dos efeitos nocivos da mudança do clima; não conseguiremos salvaguardar as práticas e os saberes de nossos povos indígenas. Sem cultura, não há implementação. Sem meios adequados de implementação, não há cultura”, declarou Margareth Menezes.
Também participaram dos painéis os ministros da Cultura Nina Olbujen Korzinek (Croácia), Ahmed Fakak Ahmed (Iraque), Sergiu Prodab (Moldávia), o titular de Assuntos Estrangeiros e Cooperação Internacional da Itália e chefe de departamento da Unesco, Paolo Andrea Bartorelli.
Ainda estiveram presentes a vice-ministra de Desenvolvimento Digital, Transformações Digitais e Digitalização do Ministério da Cultura e Política de Informação da Ucrânia, Anastasia Bondar, e a diretora-geral de Cultura e Mídia da Holanda, Christiane Mattijsen.
Patrimônio e crises
Na sessão temática Patrimônio Cultural e Crises, os representantes dos países abordaram as iniciativas de combate ao tráfico ilícito de bens culturais. A titular da Cultura salientou que o Brasil também aderiu a essa ação, inclusive com devoluções de relíquias que se encontravam em outras nações.
“Esse retorno de bens materiais é uma maneira de combater e dar exemplo às novas gerações em relação ao patrimônio dos países”, frisou.
Grupo de Amigos
Ainda nesta terça foi promovido o painel Grupo de Amigos para o Clima Baseada na Ação Climática. O assessor especial do Ministério da Cultura (MinC), Carlos Paiva, representou a ministra no encontro.
Ele explicou os objetivos da coalizão internacional informal, composta por Estados e organizações internacionais que visa integrar a cultura como eixo estratégico nas políticas globais de mudança do clima. O principal objetivo do grupo é garantir que a cultura seja reconhecida como um pilar fundamental nas ações de adaptação e mitigação às mudanças climáticas
“Sabemos que uma boa quantidade de soluções são técnicas ou financeiras ou políticas, mas não solução sem mudança de comportamento. E se você está falando de comportamento, está falando de cultura. Então, é por isso que o Grupo de Amigos existe. É por isso que defendemos que a cultura ter um papel central nas ações climáticas”, destacou Paiva na atividade que contou com a participação do coordenador da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do MinC, Vinicius Gurtler.

