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ENTREVISTA
“O legado será ver a cultura como ferramenta de desenvolvimento”, afirma Margareth Menezes sobre o Plano Nacional de Cultura no Bom Dia, Ministra
Foto: Juliana Uepa/MinC
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou nesta sexta-feira (19) do programa Bom Dia, Ministra, exibido pelo CanalGOV, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e apresentou um panorama abrangente das principais políticas conduzidas pelo Ministério da Cultura (MinC). Durante a entrevista, a ministra destacou que o momento atual da Pasta representa a entrega de um trabalho estruturado nos últimos anos, com foco na nacionalização do fomento cultural, na inclusão social e no fortalecimento da economia criativa.
Segundo Margareth Menezes, a cultura precisa ser compreendida para além do campo simbólico. “Quando você fala em investir em cultura, você está investindo em gente trabalhando”, enfatizou. A ministra explicou que o setor cultural movimenta milhões de empregos diretos e indiretos e tem impacto relevante no Produto Interno Bruto (PIB) nacional, funcionando como uma engrenagem estratégica do desenvolvimento econômico e humano do país.
Um dos principais temas abordados foi o novo Plano Nacional de Cultura (PNC), recentemente enviado ao Congresso Nacional. Construído a partir de mais de 80 mil interações com a sociedade civil, o plano estabelece metas, diretrizes e responsabilidades para os próximos dez anos, materializando direitos culturais previstos na Constituição.
A ministra destacou que o PNC foi elaborado de forma participativa. “O Plano Nacional de Cultura não foi pensado dentro de um escritório, ele foi feito com a mão da sociedade”, afirmou. Entre os eixos centrais do documento estão as políticas de reparação histórica, com a adoção de cotas para o povo afro-brasileiro e povos indígenas. “As cotas vêm na direção de uma reparação histórica. O povo deve defender as suas conquistas para não haver retrocessos”, reforçou.
Ao comentar sobre a Lei Rouanet, a titular do MinC defendeu o processo de nacionalização do fomento cultural, destacando iniciativas como o Rouanet Norte, criado para corrigir desigualdades históricas no acesso aos recursos. A ministra ainda relembrou que a região Norte passou de cerca de quatro mil reais captados em quatro anos para investimentos de aproximadamente R$ 24 milhões, distribuídos em 125 propostas.
Margareth Menezes também citou dados de pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), segundo os quais, para cada R$ 1 investido por meio da Lei Rouanet, retornam R$ 7 para a economia. “O financiamento fez gerar 25 bilhões na economia nacional, no PIB nacional”, acrescentou. A ministra ressaltou ainda os avanços na transparência e fiscalização, com acompanhamento online dos projetos incentivados.
Outro destaque da entrevista foi o debate sobre o projeto de lei que regula as plataformas de streaming no Brasil. Margareth Menezes defendeu a criação de um marco regulatório que permita o reinvestimento no audiovisual nacional por meio da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine). “Não é taxação, é uma correção do ambiente da indústria nacional”, pontuou, ao lembrar que apenas cerca de 2% das obras disponíveis nas plataformas são brasileiras, com a meta de alcançar 10%.
A titular da Cultura também comparou o cenário atual a uma disputa desigual entre produtores nacionais e grandes plataformas globais.
Durante o programa, a ministra enfatizou o papel da economia criativa como vetor de geração de renda, inclusão e desenvolvimento social. Destacou ainda a retomada de políticas da Fundação Nacional das Artes (Funarte), como a restauração da Escola Nacional de Circo, além da parceria com o Ministério da Educação para o retorno do ensino de artes nas escolas.
No campo do patrimônio histórico, Margareth Menezes citou o lançamento de uma cartilha do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para o Centro Histórico de Salvador, que deve servir de modelo para outras cidades brasileiras, reforçando que a preservação é uma responsabilidade compartilhada entre poder público, proprietários de bens tombados e a sociedade.
