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ANCESTRALIDADE
“Defender nossas vidas é urgente”, enfatiza Margareth Menezes durante a 2ª Marcha para Mulheres Negras
Foto: Juliana Uepa/MinC
A 2ª Marcha para Mulheres Negras reuniu milhares de mulheres de todas as regiões do país na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, nesta terça-feira (25). Dez anos após o primeiro ato nacional, o evento volta à capital trazendo às ruas a pauta da reparação, do enfrentamento ao racismo estrutural e da construção do bem viver. A mobilização contou com a participação da ministra da Cultura, Margareth Menezes, ao lado da comitiva do Ministério da Cultura (MinC), formada por Roberta Martins, secretária de Articulação Federativa e Comitês de Cultura (SAFC); Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual (SAV); Márcia Rollemberg, secretária de Cidadania e Diversidade Cultural (SCDC), e Maria Marigella, presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
A titular da Cultura destacou o papel central das mulheres negras na construção do Brasil e defendeu sua presença constante em espaços de decisão e formulação de políticas públicas. “Nós temos que cada vez mais estar nesses lugares, defender as pautas das mulheres negras que contribuem ao longo da história da sociedade brasileira, com suas vidas e seus exemplos para todos nós”.
Ao tratar do enfrentamento ao racismo e às desigualdades, a titular do MinC foi categórica: “não ao racismo estrutural, não à falta de direitos das mulheres, não a todo tipo de discriminação, principalmente a discriminação racial, que é uma mácula para o desenvolvimento do nosso país”. A ministra também lembrou os três séculos de escravidão e a ausência de reparação mesmo após mais de 150 anos de abolição: “Queremos reparação já!”.
Durante a sua participação na manifestação, Margareth Menezes recebeu o manifesto das mulheres negras das mãos de Eudenice Santana, representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
A marcha tem como objetivo denunciar a violência que historicamente atinge o povo negro no Brasil e reafirmar o papel decisivo das mulheres negras na construção da democracia. As participantes reivindicaram direitos básicos, como acesso à moradia, emprego e segurança, além de defenderem o direito a uma vida digna, livre de violência e com ações efetivas de reparação e equidade. O ato buscou reforçar que essas pautas são estruturantes para o avanço do país e para a garantia de justiça social.
Para Roberta Martins, o ato simboliza a força, a resistência e a capacidade de transformação das mulheres negras na sociedade brasileira. “A Marcha das Mulheres Negras representa a força que a gente tem que ter pra mudar a sociedade brasileira, em todas as áreas e em todos os setores, e na cultura também”, destacou.
A gestora da SAFC reforçou o compromisso com a mobilização coletiva, com os Agentes Territoriais do Programa Nacional dos Comitês de Cultura. “Marchamos juntas pela reparação e pelo bem viver — princípios profundamente conectados à cultura, que é raiz e força da nossa identidade. Seguimos somando vozes e construindo alianças, porque nossa organização coletiva, assim como a potência do movimento de mulheres negras, tem a capacidade de mover consciências, políticas e os rumos deste país".
"Para superarmos os históricos desafios do país, toda a sociedade brasileira deve estar comprometida com a luta das meninas e mulheres negras. E no mês da Consciência Negra a frase de ordem que marcou este 25 de novembro foi 'nada sobre nós sem nós'. A Esplanada dos Ministérios foi preenchida por uma energia revigorante da Marcha das Mulheres Negras e suas potentes vozes/', avaliou Márcia Rollemberg. E completou: "as identidades e expressões, o sentido de pertencimento, as trajetórias de opressão, resiliência e superação, os saberes e fazeres, um rico universo que revela como a cultura é essencial para mover a sociedade por mais igualdade racial e de gênero. Um dia de mobilização histórica que reuniu mulheres de todas as regiões do Brasil, e também de lideranças de outros países, unidas na luta pela garantia de direitos e pelo fim da violência”.
Já, Joelma Gonzaga enfatizou a relevância do ato para impulsionar mudanças estruturais. “Eu enquanto gestora negra liderada pela ministra Margareth Menezes, uma artista, mulher negra e uma líder nata que vem conduzindo a política cultural do Brasil com muita assertividade e pensando em reparação, pensando em redemover desigualdades e construir um país muito rico através da cultura e da diversidade cultural do Brasil, do qual as mulheres negras são os pilares”.
A secretária de Audiovisual ainda recordou a frase emblemática de Angela Davis para reforçar o papel decisivo das mulheres negras na transformação social, que diz "quando uma mulher negra se move, toda a sociedade e toda a estrutura da sociedade se move com ela".
