Seminário PIBIC/JBRJ celebra os 25 anos do Programa

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) realizou, de 26 a 28 de julho, seu XXV Seminário do Programa de Bolsas de Iniciação Científica, o PIBIC. Nos três dias do evento, um total de 27 bolsistas apresentaram os estudos que estão desenvolvendo sob a orientação de pesquisadores do JBRJ. Todos foram elogiados por sua qualidade, tanto pelo Comitê Interno quanto pelo Externo.

O Comitê Externo desta edição do PIBIC foi formado por Carlos Eduardo de Viveiros Grelle (Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, UFRJ) e Maura da Cunha (Setor de Biologia Vegetal, Centro de Biociências e Biotecnologia, UENF). O Comitê Interno contou com a diretora substituta da Escola Nacional de Botânica Tropical, Claudia Franca Barros, a coordenadora do PIBIC/JBRJ Renata Perpetuo Reis e os pesquisadores Denise Pinheiro da Costa e José Fernando Andrade Baumgratz.

Carlos Eduardo Grelle, Renata P. Reis, Denise PInheiro da Costa, Claudia Barros. Maura Cunha, José Baumgratz e, sentada, a secretária Leila Fonseca

Na mesa de encerramento do Seminário, Maura da Cunha lamentou apenas, com bom humor, não haver tempo para fazer mais perguntas aos bolsistas: “Quando um trabalho é bom, dá vontade de continuar perguntando, e eu fiquei com vontade de fazer muito mais perguntas aqui”.

Premiação – O Comitê Institucional do PIBIC/JBRJ fez uma surpresa premiando três bolsistas, com colocação avaliada pelo Comitê Externo. Talvanis Lorenzetti Freire ficou com o primeiro lugar, com pesquisa intitulada “Estudos  ontogenéticos de inflorescências em espécies  de Miconieae (Melastomataceae) aplicados à Sistemática”.

Talvanis Freire comemora foi o 1º colocado

Em segundo lugar ficou a apresentação de Jasmim Lira Avelino sobre “Riqueza e funcionalidade  na comunidade de moitas em um afloramento rochoso litorâneo no município do Rio de Janeiro, RJ”. Sanny Ferreira Hadibe Siqueira, com a apresentação "Desenvolvimento do androceu e microsporogênese em espécies de Myrsine e Cybianthus (Primulaceae)”, obteve o terceiro lugar.

Jasmim Avelino

Sanny Siqueira

Interdisciplinaridade – Carlos Eduardo Grelle destacou a diversidade e a interdisciplinaridade do PIBIC/JBRJ. Segundo a coordenadora Renata Reis, o Jardim Botânico têm no momento bolsistas oriundos de oito universidades (UFRJ, PUC, UNIRIO, UVA, UFF, UERJ, UFRRJ e UNESA) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ). Houve também um painel apresentado por uma bolsista de Ensino Médio, do CAp-UFRJ. A gama de cursos de onde eles provêm também é variada: biologia, química, história, farmácia, zootecnia, ciências na natureza e engenharia florestal.

No Jardim Botânico do Rio de Janeiro, os bolsistas se inserem em projetos de pesquisa como o PPBio Mata Atlântica, Rede Abrolhos, Flora do Brasil 2020, Ilhas do Rio e outros. A orientação fica a cargo de pesquisadores do JBRJ, podendo contar com a co-orientação de doutorandos da Escola Nacional de Botânica Tropical, unidade de ensino de Pós-Graduação do JBRJ. As áreas de atuação dos atuais bolsistas abrangem taxonomia, anatomia vegetal, ecologia, aquicultura, história da botânica, florística, fitogeografia, bioquímica e biologia celular.

Um quarto de século – Os bons resultados do PIBIC/JBRJ foram construídos ao longo de seus 25 anos de existência. A pesquisadora associada do JBRJ Elsie Franklin Guimarães falou dessa trajetória na palestra “PIBIC e sua história no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, no dia 27 de julho. A apresentação foi um modo de reconhecer o trabalho daqueles que se empenharam na criação e no desenvolvimento do Programa no JBRJ ao longo do tempo.

A pesquisadora Elsie Franklin Guimarães

A história foi contada também por meio das fotos de seminários passados – inclusive alguns realizados no auditório da Embrapa e na sala da Diretoria do JBRJ, quando a instituição ainda não tinha um auditório próprio. Entre os “pibiquentos” – como Dra. Elsie chama os bolsistas – estão alguns pesquisadores que hoje trabalham no JBRJ, como Claudine Myssen e Leonardo Salgado.

Dra. Elsie lembrou como o programa teve início, em 1992, após uma reunião em Brasília de que participaram ela própria e as pesquisadoras Maria da Conceição Valente e Nilda Marquete, resultando na concessão das 20 primeiras bolsas pelo CNPq. A palestrante fez uma homenagem especial a Maria da Conceição Valente, falecida em setembro de 2011.

Mudanças e conservação – Convidado para fazer a palestra de abertura do XXV PIBIC/JBRJ, no dia 26, Carlos Eduardo de Viveiros Grelle apresentou um panorama das principais pesquisas que dizem respeito às mudanças pelas quais o planeta está passando, especialmente as ocasionadas pela ação humana – como mudanças climáticas, uso da terra e perda de habitat – e a perda da biodiversidade. O pesquisador levantou também estudos sobre as possíveis estratégias de conservação das espécies e a importância  das Unidades de Conservação.

Na palestra intitulada “Cenários em mudança e seus efeitos na ocorrência das espécies", Grelle também lançou algumas questões com que está trabalhando em artigos a serem publicados em breve. Uma delas diz respeito à possibilidade de desenvolver estratégias para mitigar os efeitos das mudanças climáticas sobre a biodiversidade sem usar dados climáticos, devido ao alto grau de incerteza associado a estes. Outro desafio é como produzir mais devastando menos, sendo que já há alguns estudos apontando que isso é possível.

A pesquisadora Nívea Dias dos Santos, do Instituto de Ciências Biológica e da Saúde UFRRJ) fez a palestra de encerramento com o tema “Tempo,  espaço  e  forma:  o  que  aprender  com  briófitas?”. Ela contou como seu interesse pelas briófitas (plantas sem vasos condutores, como os musgos), somado à curiosidade sobre como e por quais motivos as espécies se distribuem pela Terra, impulsionou sua carreira, desde o mestrado.

Atualmente, Santos tem se dedicado a investigar a relação entre distribuição e conservação, e observa que as briófitas podem indicar a situação da conservação do ambiente em determinada área. A pesquisadora deixou para os bolsistas um mensagem sobre a importância do entusiasmo e do espanto como motor do cientista, fundamentais para que se siga em frente apesar das dificuldades inerentes à carreira.

Veja a programação com os resumos das apresentações .