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ENBT completa 15 anos olhando para o futuro
Evento de comemoração do aniversário da Escola Nacional de Botânica Tropical reuniu coordenadores e equipes para falar sobre os rumos a serem traçados para os próximos anos.
A ENBT comemorou seus 15 anos de atividade na segunda-feira, 6 de junho de 2016, com a participação de alunos, docentes e coordenadores dos programas oferecidos pela escola. O convidado especial do evento foi o engenheiro agrônomo e botânico Harri Lorenzi, do Instituto Plantarum, que deu uma palestra falando das experiências de seus 30 anos de carreira. A palestra foi seguida por uma mesa redonda sobre os novos desafios para a ENBT.
Na parte da manhã, a ENBT abriu suas portas para receber o público na atividade de Identificação de plantas, fungos e madeiras, realizada pelos alunos de pós-graduação em Botânica. Além de ter suas amostras analisadas e identificadas, os visitantes ainda puderam observá-las ao microscópio e conversar sobre as espécies com os pesquisadores.
Palestra
A palestra de Harri Lorenzi abriu a programação da tarde. Ele contou como começou a se envolver com o estudo da flora brasileira quando trabalhava como engenheiro agrônomo na Copersucar, em Piracicaba, no início da década de 1980 e como, de lá para cá, escreveu e publicou diversos livros que se tornaram referência no estudo de botânica, caso da série Árvores Brasileiras, que está na quarta edição. Foram diversas expedições, muitas delas sozinho, para coletar e fotografar milhares de plantas com qualidade para as publicações. Agora está investindo no desenvolvimento de aplicativos para celular com o conteúdo de alguns desses livros.
Lorenzi fundou o Instituto Plantarum em 1983 e o Jardim Botânico Plantarum, em Nova Odessa, São Paulo. Aberto ao público em 2011, o JBP abriga cerca de 4 mil espécies, sendo 3400 nativas do Brasil. Muitas delas nasceram de sementes e mudas coletadas pelo botânico nas expedições pelo Brasil e países vizinhos. Esse é o caso do buritizinho-mirim, uma nova espécie do gênero Syagrus, considerada a menor palmeira do mundo, que o pesquisador considera estar extinta na natureza.
Mesa redonda
A mesa redonda Novos desafios para a ENBT teve como mediador o diretor da Escola, Vinicius Castro Souza, e começou com a apresentação do coordenador do Programa de Extensão, David Ricardo Moreira Ramos. Ele falou sobre os planos de ampliar a oferta de cursos, inclusive com a introdução de ensino a distância na grade da Extensão. Sua Coordenação quer também aumentar o número de cursos oferecidos com regularidade anual, além de implantar novos cursos de pós-graduação lato sensu (especialização). Estes últimos, no entanto, encontram entrave na legislação.
Pela legislação atual do MEC, apenas as escolas que têm graduação ou as escolas de governo podem oferecer cursos de especialização. Há perspectiva de que isso seja modificado, mas enquanto não muda, a saída é fazermos parcerias com instituições que têm graduação, explicou David.
A pós-graduação stricto sensu foi tema da coordenadora do PPG em Botânica da ENBT, Claudia Franca Barros. A pesquisadora lembrou que pós-graduação é colegiado e agradeceu aos que a antecederam no cargo. O PPG em Botânica foi aprovado em 2002 pela Capes, onde tem atualmente nota 5. Até agora, teve 124 dissertações de mestrado e 54 teses de doutorado defendidas. As metas para os próximos anos seguem o Plano Nacional de Pós-Graduação 2011-2020 http://www.capes.gov.br/plano-nacional-de-pos-graduacao , com a busca contínua pela excelência do ensino.
Para alcançar a almejada nota 6 da Capes, a coordenadora apontou que a ENBT precisa ampliar sua produção científica e se internacionalizar, bem como ter clareza do perfil dos profissionais que pretende formar. O botânico formado deve fazer pesquisa de alta qualidade, inserida nas demandas nacionais e internacionais, e precisa estar contextualizado no mundo de hoje e trabalhando em rede, afirmou Claudia. Ela ressaltou ainda a parceria com a Diretoria de Pesquisas do JBRJ como um ponto forte do PPG em Botânica da ENBT.
Massimo Bovini, coordenador do Mestrado Profissional Biodiversidade em Unidades de Conservação, destacou que, dos cinco mestrados profissionais na área de Biodiversidade existentes no Brasil hoje, apenas o da ENBT é gratuito. O MP abriu sua primeira turma em 2012 em parceria com o ICMBio, atendendo desde então a 92 alunos e tendo 47 trabalhos de conclusão de curso (TCC) defendidos. Conta com 23 professores, sendo 17 permanentes e seis colaboradores, além de professores visitantes.
O MP busca agora sua consolidação e o aumento da nota na Capes de 3 para 4. Para isso, pretende ampliar a abrangência do fluxo de alunos, fortalecer convênios, parcerias e obter financiamento de empresas, bem como alcançar maior envolvimento e estabilidade dos docentes. Espera-se a liberação de R$ 38.000,00 da Faperj para compra de livros, apoio a bancas, contratação de professores externos e outros itens. Também estão em pauta a atualização de regulamentos e resoluções internas, a renovação da parceria com o ICMBio e a obtenção de vagas para docentes e discentes na Pousada do Pesquisador.
Convidada para compor a mesa, a historiadora Alda Heizer, docente da disciplina História da Botânica, fez uma análise sobre a história como dimensão e componente institucional, em que obviamente a ENBT está inserida, e que nos permite pensar a importância de nos debruçarmos sobre um desafio que deve extrapolar a ENBT, que é o de conhecer e conservar os acervos da instituição através de pesquisa e de projetos de infraestrutura. Ela também abordou a História da Botânica como disciplina da pós-graduação que procura uma inserção e um diálogo com os projetos institucionais e que se apresenta como um espaço para a discussão sobre o saber fazer científico.
Alexandra Gobatto representou o Centro de Responsabilidade Socioambiental na mesa. Os pontos que o CRS pretende reforçar a partir deste ano são a ampliação do ensino profissionalizante, a pesquisa aplicada com geração de conhecimento e formação de recursos humanos, os cursos de extensão e a visibilidade do projeto Pró-Florescer, bem como o fortalecimento das relações com os stakeholders, incentivando uma rede de colaboradores. O Centro pretende atuar também com iniciação científica e pós-graduação lato sensu.
A ampliação da grade de oficinas oferecidas aos aprendizes é uma demanda do CRS, que ainda precisa de recursos para reativar as oficinas de teoria administrativa privada e pública e de incentivo à leitura, e para manter as de empreendedorismo, design em bambu e estamparia.
O Programa de Ilustração Botânica, criado quando a ENBT foi fundada em 2001, encerrou a mesa, com as falas de sua idealizadora, Malena Barretto, e do coordenador Paulo Ormindo, ambos professores da área. Em seus 15 anos de atividade, o programa já emitiu cerca de 1500 certificados e já teve 40 de seus alunos estagiando no JBRJ, sendo o único curso de extensão em ilustração botânica no país. Em 2013, o programa realizou o IV Encontro Nacional de Ilustradores Científicos e, em 2016, a exposição Mata Atlântica Ciência e Arte, no Museu do Meio Ambiente.
Agora o Programa de Ilustração Botânica pretende criar um banco de imagens, fazer exposições regulares dos trabalhos dos alunos e lançar publicações correlatas. Também está nos planos trabalhar com divulgação científica e educação ambiental por meio da arte.