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Especialistas discutem trabalho e saúde dos docentes em livro
De um lado, um cenário de precarização e adoecimento. Do outro, profissionais essenciais para o desenvolvimento das pessoas, da sociedade e do país, que apesar das condições de trabalho nem sempre adequadas, persistem. O livro “Seminários - Trabalho e saúde dos professores - Precarização, adoecimento & caminhos para a mudança”, publicado pela Fundacentro, reúne artigos de palestrantes que participaram das três edições do Seminário Trabalho e Saúde dos Professores. Dessa forma, materializa as discussões ocorridas com intuito de contribuir para que o trabalho docente seja saudável.
A obra, com especialistas de diversas formações, discute o panorama das condições de trabalho e o desafio da intervenção, a promoção da saúde dos docentes e a realidade do cotidiano. “Ninguém discorda de que professores saudáveis desempenham melhor suas funções e com mais entusiasmo e que, também por isso, a saúde dos professores deva ser uma prioridade, tanto no ensino público como no ensino privado. Correto? Infelizmente não”, afirma a médica e ergonomista Leda Leal Ferreira, pesquisadora aposentada da Fundacentro, no prefácio.
“Se pesquisarmos a bibliografia a respeito, que é bem volumosa, veremos que a saúde dos nossos professores não vai bem e nem por isso é uma prioridade. E que eles, trabalhando na rede pública, na particular ou em ambas, como muitos o fazem, sofrem de um mesmo conjunto de males em que predominam distúrbios mentais (referidos como síndrome de burnout, estresse, depressão e outros termos), distúrbios de voz e distúrbios osteomusculares”, completa.
Temas
O livro é dividido em três blocos. A primeira parte - “Do panorama das condições de trabalho ao desafio da intervenção” – traz quatro capítulos: Trabalho e Saúde dos Professores: Uma ambiguidade a resolver – ou o desafio da intervenção; Agravos à saúde dos Professores no olhar de uma médica do trabalho; Comunidade ampliada de pesquisa e intervenção: Dispositivo para compreender-transformar o trabalho e promover a saúde de trabalhadoras de escolas; e Os desafios da intervenção na saúde dos Professores: Contribuições e possibilidades do Laboratório de Mudança.
A segunda - “Pela promoção da saúde dos docentes” - reúne outros quatro textos: O desafio da promoção da saúde dos Professores; Clínica do desgaste mental no trabalho: Apontamentos sobre transtornos mentais em educadores(as) da Rede Pública de ensino paulistana; Distúrbios de voz entre Professores: Um caso gritante; e Retorno ao trabalho após adoecimento mental: Quando a exclusão parece ser a regra.
Por fim, a parte III - “Realidades do cotidiano docente” - apresenta: A Base Nacional Comum Curricular e o desafio da qualidade educacional: Algumas problematizações; Violência na Escola: Determinantes e forma de manifestação; Violência na Escola: Possibilidades de intervenção na experiência de trabalho com a Justiça Restaurativa; Saúde mental e Trabalho: O caso dos profissionais do ensino; e O desprestígio dos Professores: Mitos, certezas e perspectivas.
Referências
Entre os autores, estão referências do campo da Saúde do Trabalhador, como a psiquiatra Edith Seligmann-Silva, precursora das pesquisas de saúde mental relacionada ao trabalho no Brasil, e os professores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Frida Marina Fischer e Rodolfo Vilela. Também há pesquisadores com longa experiência em estudos sobre professores: Léslie Piccolotto e Renata Paparelli, ambas professoras da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Mary Yale Neves, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF); Amanda Macaia e Ella Triumpho Avellar, que desenvolveram suas pesquisas de doutorado na USP; e Jefferson Peixoto, tecnologista da Fundacentro.
Do campo da Educação, participaram Eduardo Girotto, professor do Departamento de Geografia da USP; Sonia Visotto, assistente de direção e coordenadora local do projeto Justiça Restaurativa na EMEF Marli Ferraz Torres Bonfim, da Diretoria Regional de Educação Campo Limpo; e Wilson Teixeira, supervisor escolar na Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de São Paulo.
O livro foi organizado por equipe multidisciplinar da Fundacentro: pelo técnico e especialista em Neurociência aplicada à Educação e em Saúde Pública, Cleiton Faria Lima; pela analista em ciência e tecnologia e doutora em Ciências da Comunicação, Cristiane Reimberg; e pelos tecnologistas e doutores em Saúde Pública, Ricardo Lorenzi e Jefferson Peixoto, responsável pela coordenação do material.
Leia o livro
Seminários - Trabalho e saúde dos professores - Precarização, adoecimento & caminhos para a mudança