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CAPÍTULO DE LIVRO
Violência no cotidiano dos trabalhadores é destaque em capítulo de livro
“Acidentes e doenças: violência no cotidiano dos trabalhadores” é tema de capítulo do livro Engenharia do Trabalho: Saúde, Segurança, Ergonomia e Trabalho, escrito por Maria Maeno, médica e pesquisadora da Fundacentro, e pela tecnologista Daniela Sanches Tavares.
Maria e Daniela convidam o leitor a viajar por histórias em que o trabalho e a violência se misturam na vida de mulheres e homens. Além disso, o paralelo estabelecido pelas autoras englobou a Inglaterra nos séculos XVIII e XIX, os aborígenes e mestiços na Austrália no século XX e o Brasil contemporâneo. Foram traçadas semelhanças e diferenças entre a violência estrutural e institucional em diferentes épocas e locais.
“Ao longo dos séculos, ao sabor de transformações sociais de várias naturezas, damas e cavalheiros, circunscritos a uma restrita realidade social, foram desenvolvendo, paulatinamente, a sensibilidade a vários tipos de injustiças, desigualdades e ofensas aos cidadãos e cidadãs, por motivo de gênero, raça, cor, religião e mesmo classe social. No entanto, predomina até hoje a insensibilidade frente à intensa exploração das forças e da saúde a que está submetida boa parte da população mundial em prol da produção de riquezas materiais. Ao contrário, o subjugo psicológico, moral, cultural e econômico que possibilita tal exploração é incrivelmente decodificado na sociedade atual como oportunidade”, salientam.
Diante disso, as autoras para refletir sobre as condições de trabalho, meio ambiente e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras do país produziram este texto para abordar como o ambiente laboral pode afetar a saúde mental. “Trouxemos para a atualidade e para o Brasil, as violências vividas por grupos e populações mantidas em posição de vulnerabilidade e que se submetem a condições de existência, em particular de trabalho, sub-humanas e legitimadas por um sistema econômico e político voltado para sua reprodução e não para o bem-estar coletivo. Contrapõem-se aos métodos quase infantis se não fossem cruéis, de cartilhas e palestras das empresas, que pregam mudanças comportamentais dos trabalhadores como se fossem eles os responsáveis pelas condições em que trabalham”, evidenciam Maeno e Tavares.
Destacam também que o cenário de pandemia é usado também para detalhar aspectos que vão desde a compulsoriedade do trabalho presencial em condições que os expuseram a riscos que levaram muitos à morte, sem esquecer os que permaneceram em teletrabalho submetidos a instrumentos de gestão, parte de um sistema organizacional assediador e adoecedor.
A pesquisadora e a tecnologista concluem que “a pandemia revelou para mais pessoas o profundo estado de desigualdade social e econômica em que vivemos, e as violências dela decorrentes em todas as dimensões de nossas vidas, incluída a do trabalho. Nunca tivemos tantas condições tecnológicas para proporcionar trabalho e vida com dignidade para os povos e a oportunidade de vencermos interesses que não visem ao bem coletivo talvez nunca tenha sido tão grande. Resta saber se esta crise sanitária e econômica pela qual passamos terá a força de estimular a reflexão e reconduzir nossos próximos passos em busca de um país mais justo e solidário. Tecnologia de informação e comunicação para nos mantermos conectados em uma construção conjunta nós temos”.
Esses elementos e outros temas relacionados estão no capítulo 7, do livro Engenharia do Trabalho: Saúde, Segurança, Ergonomia e Trabalho.