Um Inventário Florestal Nacional (IFN) é um processo sistemático de coleta e análise de dados de campo sobre as florestas de um país, abrangendo informações sobre a abundância, estado e condição dos recursos florestais. Globalmente, os IFNs são utilizados por muitos países para monitorar e avaliar suas florestas, (incluindo árvores fora das florestas), sua condição, produtos e serviços e sua importância para as pessoas. Esse processo é essencial para a gestão sustentável das florestas e para a formulação de políticas públicas, e também têm um papel importante nas agendas internacionais, como mudanças climáticas e diversidade biológica.
O Inventário Florestal Nacional do Brasil (IFN) é previsto na Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, em seu artigo 71, atribuindo à União, em conjunto com os estados, o Distrito Federal e os municípios, a sua realização em imóveis privados e em terras públicas para subsidiar a análise da existência e qualidade das florestas do País. Em seu parágrafo único, há a determinação de que é responsabilidade da União estabelecer critérios e mecanismos para uniformizar a coleta, a manutenção e a atualização das informações do Inventário Florestal Nacional.
O IFN é, portanto, uma ação do Estado Brasileiro, realizado continuamente com previsão de ciclos de coleta sistemática de dados em campo e produção de informações detalhadas e de forma regular sobre aspectos como a estrutura, composição, saúde e vitalidade das florestas, biomassa, estoques de madeira e de carbono. Além das medições das árvores, o IFN coleta informações sobre necromassa, serapilheira, amostras de solo e amostras botânicas para identificação das espécies florestais em herbários. O IFN também levanta dados socioambientais, por meio das entrevistas realizadas com moradores do entorno dos pontos de coleta, para conhecer informações sobre o uso dos recursos florestais e sobre a percepção e relação das comunidades com as florestas.
O IFN é coordenado pelo Serviço Florestal Brasileiro e os dados produzidos integram o Sistema Nacional de Informações Florestais (SNIF) - um sistema de identificação, registro, processamento, produção e disseminação de dados, informações e conhecimento associados às florestas naturais e plantadas do Brasil.
Importância e benefícios
Com mais da metade do território (55%) coberto por florestas e abrigando a maior extensão de florestas tropicais do planeta, conhecer e monitorar toda a biodiversidade florestal é uma necessidade e um desafio para o Brasil.
Além de disponibilizar para toda a sociedade dados e informações sobre a situação das florestas brasileiras, as informações produzidas servem principalmente para apoiar a formulação de políticas públicas e ajudar a identificar estratégias e oportunidades para o uso sustentável, recuperação, restauração e conservação dos recursos florestais.
Os resultados também atendem à demanda crescente de informações das organizações e de governos em acordos internacionais sobre florestas, instituições de pesquisa, universidades, entre outros.
Entre as possibilidades de usos dos resultados do IFN, estão:
- Manejo florestal sustentável: informações sobre a composição florística, volume de madeira, densidade e distribuição das espécies florestais em diferentes biomas brasileiros permitem avaliar o potencial de uso de espécies florestais e alavancar cadeias produtivas sustentáveis, especialmente de produtos da sociobiodiversidade.
- Combate às mudanças do clima: as estimativas de biomassa e carbono do IFN permitem monitorar os estoques de carbono florestal e mudanças no uso da terra, informações úteis para aprimorar os relatórios de emissões de gases de efeito estufa e projetos de REDD+.
- Restauração ecológica: a restauração de áreas degradadas é um dos compromissos centrais do Brasil em acordos internacionais e metas nacionais. Os dados podem orientar a escolha de espécies nativas adaptadas às condições locais e ajudar a planejar ações de restauração em larga escala, tanto em áreas protegidas quanto em propriedades privadas, em cumprimento ao Código Florestal.