Boletim MacroFiscal da SPE
O Boletim Macrofiscal é um relatório bimestral em que são divulgadas tempestivamente as projeções de curto e médio prazo para os indicadores de atividade econômica e de inflação, utilizados no processo orçamentário da União. Além disso, são apresentadas análises sobre a conjuntura macroeconômica e fiscal, bem como estudos acerca de medidas em pauta que exercem impacto relevante sobre o desempenho econômico do país.
Boletim MacroFiscal de Março/25
Projeções | 2025 | 2026 |
PIB real (%) | 2,3 | 2,5 |
IPCA acumulado (%) | 4,9 | 3,5 |
INPC acumulado (%) | 4,8 | 3,4 |
IGP-DI acumulado (%) | 5,8 | 4,4 |
Incertezas cresceram no ambiente externo nos últimos meses. Políticas do governo Trump relacionadas à imposição de tarifas de importação, cortes de pessoal e restrições à imigração têm gerado tensões comerciais e geopolíticas, intensificando o quadro de incertezas e a volatilidade nos mercados globais. O aumento do protecionismo tende a pressionar a inflação, porém esse efeito pode ser mitigado pelo impacto negativo da maior incerteza sobre a atividade.
O PIB brasileiro deverá crescer cerca de 1,5% na margem no primeiro trimestre. O maior ritmo de crescimento projetado para o trimestre está relacionado principalmente ao avanço esperado de 12,8% para o PIB da agropecuária, que deverá se beneficiar com a maior produção de soja, milho e arroz. Para o PIB de serviços, projeta-se alta de 0,3% no primeiro trimestre. O setor tende a ser impulsionado por atividades ligadas à agropecuária, como o comércio, e pelo reajuste real do salário mínimo. Para o PIB da indústria, a expectativa é de retração de 0,2%. O movimento deverá estar associado a um recuo na margem da indústria de transformação.
Para 2025, a projeção de crescimento para o PIB permaneceu em 2,3%. Após aceleração da atividade no primeiro trimestre na margem, o PIB tende a desacelerar, ficando próximo da estabilidade no segundo semestre. Por setor produtivo, projeta-se expansão de 6,0% para o setor agropecuário, de 2,2% para a indústria e de 1,9% para o setor de serviços. Para os anos seguintes, projeta-se crescimento próximo a 2,5%.
Para o IPCA, a projeção de 2025 foi revisada de 4,8% para 4,9%. Mudanças marginais no cenário esperado para a inflação explicam a mudança. Frente às variações acumuladas em doze meses até fevereiro, a expectativa até o final do ano é de desaceleração nos preços de monitorados e alimentos, de estabilidade na inflação de serviços e de aceleração nos preços de bens industriais. As medidas para conter o avanço nos preços de alimentos podem contribuir para melhorar esse cenário, assim como a manutenção do câmbio em patamar mais próximo de R$/US$ 5,80. Para 2026, a projeção para o IPCA avançou de 3,4% para 3,5% devido a efeitos inerciais, principalmente. De 2027 em diante, projeta-se IPCA próximo ao centro da meta de 3,0%.
No Prisma Fiscal de fevereiro, a projeção mediana para o déficit primário de 2025 caiu pelo 4° mês consecutivo, dando continuidade à trajetória de queda observada desde novembro de 2024. De janeiro a fevereiro de 2025, a mediana das projeções para o déficit primário no ano caiu de R$ 84,3 bilhões para R$ 80,0 bilhões. No último Boletim, de novembro de 2024, a estimativa era de déficit de R$ 89,6 bilhões. A projeção mediana de déficit primário de R$ 80,0 bilhões para o ano é a menor estimativa para o déficit de 2025 desde fevereiro de 2024. A mediana das expectativas de fevereiro para a Dívida Bruta do Governo Geral em 2025 ficou em 80,7%, ante 81,7% no Boletim de novembro de 2024 e 80,6% em setembro de 2024.