Premiações em 11 de 27 categorias do Jabuti Acadêmico contemplaram bolsistas do CNPq

Das 27 categorias do eixo Ciência e Cultura da 1ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, 11 agraciaram trabalhos de bolsistas do CNPq, totalizando 14 pesquisadores premiados, contabilizando as premiações individuais e de grupos.

A pesquisadora Marina Massimi, do IEA/USP

Ao todo, 6 bolsistas de Produtividade em Pesquisa e 1 bolsista de Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora foram premiados por trabalhos individuais nas áreas de Artes; Engenharias; Psicologia e Psicanálise; Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia; Letras, Linguística e Estudos Literários; Matemática, Probabilidade e Estatística e Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional.

Nos trabalhos desenvolvidos em grupo, o Jabuti Acadêmico premiou 8 bolsistas de Produtividade em Pesquisa, nas áreas de Odontologia; Química e Materiais; Ciências Agrárias e Ciências Ambientais; e Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social.

O CNPq conversou com alguns dos contemplados entrevistados e, para eles, o Jabuti Acadêmico representa um estímulo à continuidade das pesquisas e um instrumento capaz de amplificar os argumentos em defesa da ciência. Além de dar visibilidade à produção acadêmica desenvolvida no país e às editoras que se ocupam desse nicho de mercado, os agraciados ouvidos consideram que o prêmio pode contribuir para a disseminação do conhecimento científico pelo Brasil e a valorização das universidades brasileiras.

Atualmente, o CNPq tem aproximadamente 17 mil bolsistas de Produtividade (em Pesquisa e em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora). Esses pesquisadores que recebem valores mensais entre R$ 1.100 e R$ 1.500, mais adicional de bancada, que varia entre R$ 1.000 e R$ 1.560, para subsidiar a continuidade de sua atuação acadêmica em alto grau de excelência.

“A criação, em 2024, do Prêmio Jabuti Acadêmico, dedicado às áreas científicas, técnicas e profissionais, valoriza o aporte do trabalho acadêmico desenvolvido nas universidades do país (pesquisa e docência), ajudando a divulgar os autores e os editores que se dedicam a essa tarefa”, resume a bolsista de Produtividade em Pesquisa (PQ) do CNPq e professora sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, Marina Massimi, agraciada na categoria Psicologia e Psicanálise.

O professor da UFPR Fernando Gil.

Para Massimi, o prêmio um encoraja a ciência brasileira. “A premiação é um incentivo e uma defesa à relevância do trabalho de cientistas brasileiros, cujos frutos têm se mostrado tão importantes para o Brasil”, observa, lembrando que a dicotomia de matriz positivista, que estabelecia separação total entre o mundo científico e o da cultura, já foi superada. “Hoje fica muito claro que há um intercâmbio constante entre ciência e cultura, uma se alimentando na outra. Uma ciência sem cultura não seria humana; assim como se uma cultura recusasse a ciência, aviltaria o instrumento principal do qual a ciência é expressão: o uso da razão”, conclui Massimi.

O professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, Fernando Cerisara Gil, premiado de forma individual na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários, concorda com Massimi. Para ele, o prêmio é um incentivo e chama a atenção para a defesa da ciência. “Acho que reconhecimento, incentivo e publicização da pesquisa andam juntos nesse caso”, diz.

Na opinião de Gil, o Jabuti Acadêmico é uma forma de reconhecimento do trabalho desenvolvido por pesquisadores brasileiros, bem como um auxiliar que dá maior visibilidade aos trabalhos e às pesquisas que se produzem no país. “Além do reconhecimento pelos pares, já que são eles que avaliam as obras, imagino que, na medida do possível, pode dar um pouco mais de visibilidade para os trabalhos e as pesquisas que se produzem no país. Sendo um tanto otimista, imagino que seja um incentivo também para o mercado editorial voltado à produção acadêmica. Quem sabe um tipo de círculo virtuoso”, afirma.

A professora Ana Maria Frattini Fileti, Pró-Reitora de Pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora do CNPq, contemplada na área de Engenharias, também partilha da opinião de que o prêmio representa um marco na valorização da ciência e dos pesquisadores brasileiros, mas reflete, ainda, sobre a contribuição à divulgação de novos saberes no país.

A professora da Unicamp Ana Maria Frattini Fileti

“Ao disseminar os conhecimentos decorrentes de pesquisas científicas e tecnológicas desenvolvidas no Brasil, por meio de novos livros acadêmicos, mostramos à sociedade a força de nossa educação pública superior, uma vez que as universidades públicas são as que respondem por grande parcela da ciência brasileira. A premiação Jabuti Acadêmico agrega valor ao conhecimento produzido, sendo um incentivo e uma nova forma de defesa da relevância da ciência”, afirma.

Para o professor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e premiado individual na área de Artes, Carlos Almada, por sua vez, a iniciativa do prêmio é bem-vinda para toda a produção acadêmica brasileira, nas diferentes áreas de atuação. “Em meu caso particular - que resultou de um projeto de pesquisa sobre a belíssima obra de Antônio Carlos Jobim - foi uma enorme honra receber esse prêmio, honra esta que compartilho com minha editora (Unicamp), meu programa de pós-graduação (Música), minha instituição (UFRJ) e minha equipe de pesquisa”, disse.

Segundo o professor, a premiação é um fator positivo, a despeito das dificuldades de obtenção de recursos e de infraestrutura enfrentados pelos pesquisadores. “O Prêmio vem, de um modo geral, reconhecer a diversidade, a seriedade e a sofisticação da produção acadêmica nacional, trazendo um incentivo a mais para seu desenvolvimento e seu aprofundamento”, completa.

O professor da UFRJ Carlos Almada.

Sobre o Jabuti Acadêmico

O prêmio é realizado pela Câmara Brasileira do Livro, com apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O objetivo é contemplar contribuições significativas nas áreas científicas, técnicas e profissionais, que, embora relevantes, muitas vezes passam despercebidas em razão da ausência de um reconhecimento específico embora tenham papel fundamental no avanço do conhecimento, no aprimoramento das práticas profissionais e no estímulo à inovação brasileira.

De acordo com a página oficial do prêmio, o reconhecimento e a premiação dos esforços de autores de editores dedicados à produção científica e acadêmica é uma celebração do trabalho e da dedicação dos profissionais agraciados, além de constituir incentivo para outros  trilharem o mesmo caminho. Além disso, fortalece a reputação internacional da produção acadêmica brasileira, estimulando a colaboração e a troca de ideias em um cenário global.

Nesta primeira edição, o curador do prêmio foi o físico e professor titular da Unicamp Marcelo Knobel, que também é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Além do eixo Ciência e Cultura, o prêmio possui mais duas categorias, relativas a Prêmios Especiais. À diferença do Prêmio Jabuti, o Acadêmico também utiliza critérios específicos de avaliação, como relevância, inovação e potencial de impacto. Os vencedores de cada categoria recebem uma estatueta e um prêmio total no valor de R$ 5 mil. As editoras das obras recebem uma estatueta do Jabuti. Este ano, a cerimônia de premiação aconteceu no dia 6 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, em  São Paulo.

Sobre o Prêmio Jabuti

O Prêmio Jabuti é  uma das maiores distinções literárias do Brasil desde sua instituição, em 1958. A premiação foi idealizada pela Câmara Brasileira do Livro e é concedida de forma anual, em reconhecimento e homenagem às contribuições de autores e de todos os profissionais envolvidos no universo editorial brasileiro, como capistas, tradutores e designers gráficos, bem como de editoras e de realizadores de projetos que estimulam e mantêm o hábito da leitura.

A denominação “Jabuti” é uma alusão à tartaruga presente na obra de Monteiro Lobato, que simboliza a tenacidade e a capacidade de superação dos obstáculos.  Ao longo de sua existência, o Prêmio foi se adaptando às demandas do cenário literário, ampliando e diversificando as categorias contempladas até abranger novas esferas, como Histórias em Quadrinhos e Livro Brasileiro Publicado no Exterior. A expansão, de acordo com a página oficial do prêmio, reflete o compromisso com o reconhecimento e a celebração da diversidade de expressões literárias.

Confira a lista de trabalhos de bolsistas do CNPq premiados

Arquitetura, Urbanismo, Design e Planejamento Urbano e Regional

Carlos Antônio Leite Brandão – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: Genealogia da cidade 

Editora: Editora UFMG

Artes

Carlos Almada – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: A melodia de Jobim 

Editora: Fundação de Desenvolvimento da Unicamp - Funcamp

Ciências Agrárias e Ciências Ambientais

Leandro do Prado Ribeiro – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

José Djair Vendramim

Edson Luiz Lopes

Título do trabalho: Inseticidas botânicos no Brasil: aplicações, potencialidades e perspectivas

Editora: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz

Ciências Biológicas, Biodiversidade e Biotecnologia

Mauro Galetti - Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: Um naturalista no Antropoceno: um biólogo em busca do selvagem 

Editora: Editora da Unesp

Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social

Ligia Giovanella – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

 Aylene Bousquat - Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Patty Fidelis de Almeida - Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Adriano Maia

 Márcia Cristina Rodrigues Fausto 

Título do trabalho: Atenção Primária à Saúde em Municípios Rurais Remotos no Brasil

Editora: Editora Fiocruz

Engenharias

Ana Maria Frattini  Fileti - Bolsista de Produtividade Desen. Tec. e Extensão Inovadora

 Título do trabalho: Tudo sob(re) controle: fundamentos e estudos de casos 

Editora: Editora Edgard Blucher

Letras, Linguística e Estudos Literários

Fernando Cerisara Gil – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: Pelo prisma rural: ensaios de Literatura Brasileira 

Editora: Fundação de Desenvolvimento da Unicamp - Funcamp

Matemática, Probabilidade e Estatística

Anderson Rodrigo Da Silva – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: Estatística decodificada 

Editora: Editora Edgard Blucher

Odontologia

Michel Reis Messora – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

 Arthur Belém Novaes Júnior – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Flávia Aparecida Chaves Furlaneto Messora

Título do Trabalho: Exame, Diagnóstico e Instrumentação Periodontais e Peri-implantares

Editora(s): Edusp

Psicologia e Psicanálise

Marina Massimi – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: História dos Saberes Psicológicos na Cultura Brasileira

Editora: Edusp

Química e Materiais

Luiza A. Mercante – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Daniel S. Corrêa – Bolsista de Produtividade em Pesquisa

Título do trabalho: Eletrofiação e nanofibras: Fundamentos e aplicações 

Editora: Atena Edição de Livros