Acoplamento de Setores e Economia Verde
Descarbonização dos setores de Transporte e Indústria no Brasil
Contexto inicial
O Brasil conta com uma das matrizes elétricas de maior participação de fontes renováveis de energia do mundo. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2023, as renováveis responderam por 89,2% da matriz elétrica do país, e a previsão é que a participação das renováveis na matriz energética continue aumentando, principalmente as fontes eólica, biomassa e fotovoltaica.
De acordo com o Balanço Energético Nacional de 2023, o total de emissões de CO2 antrópicas relacionadas à matriz energética brasileira alcançou um total de 427,8 milhões de toneladas de CO2-eq. Desse total, dois setores contribuíram de forma mais expressiva para esse volume de emissões, sendo eles o setor de transporte, com um total de 50,72% (217 Mt CO2-eq), e o setor industrial. com um total de 17,27% (118,4 Mt CO2-eq).
Ainda segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os setores de transportes e da indústria representam os dois maiores segmentos de consumo de energia da economia brasileira. Juntos, eles corresponderam, em 2023, a 64,8% de todo o consumo de energia do país.
A eletrificação direta com energias renováveis possibilita a redução das emissões na indústria e no transporte. A participação do transporte urbano (ônibus, limpeza urbana e logística urbana) é de cerca de 34 Mt CO2-eq, e estima-se que os processos industriais eletrificáveis nas Pequenas e Médias Empresas sejam responsáveis por cerca de 18 Mt CO2-eq de GEE. Muitos processos industriais que utilizam calor ou frio, por exemplo, no setor de alimentos, dependem da biomassa, que, em alguns casos, vem sendo utilizada de forma ineficiente. Nesses processos, há um potencial considerável para melhorias de eficiência e eletrificação direta no fornecimento de calor, frio pressão e vapor.
Objetivos
O projeto busca contribuir para tornar o transporte urbano e a indústria no Brasil mais neutros ao clima, ecologicamente corretos e socialmente justos.
| Nome do projeto | Acoplamento de Setores e Economia Verde no Brasil |
| Por encargo do | Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha |
| Parceiros de execução | Ministério das Cidades; Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços; Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação; Empresa de Pesquisa Energética |
| País | Brasil |
| Agência executora | Deutsche Gessellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH |
| Parceiros políticos | Ministério de Minas e Energia |
| Investimento | € 5.370.000 |
| Duração | 2023 - 2026 |
Metodologia
Em 2024, durante a COP29, no Azerbaijão, o Brasil anunciou sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), que afirma o compromisso do país com a redução de suas emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) de 59% a 67% em 2035, na comparação aos níveis de 2005. Nesse contexto, o acoplamento dos principais setores consumidores de energia, indústria e transportes, com a geração de eletricidade renovável oferece um enorme potencial de descarbonização para o Brasil.
Esse esforço está alinhado com o objetivo traçado pelo país de alcançar a neutralidade climática em 2050. Além disso, o acoplamento de setores pode contribuir para transformar o Brasil em uma das economias mais verdes e competitivas globalmente entre os países do G20 e, potencialmente, torná-lo o primeiro país de seu tamanho a se aproximar da neutralidade de carbono nas próximas duas décadas. O Governo Brasileiro fomentará adicionalmente a transição energética abrangente no âmbito Plano de Transição Ecológica e da Política Nacional de Transição Energética (PNTE).
Nesse sentido, o projeto AcoplaRE busca trabalhar em conjunto com ministérios federais, governos estaduais e municipais, empresas e institutos de pesquisa para fomentar a eletrificação direta na indústria e no transporte e substituir as fontes fósseis de energia.
No setor de transportes, o projeto irá trabalhar com cinco cidades, sendo duas no Nordeste, para realizar assessoria técnica e consultoria especializada no contexto de estratégias de descarbonização urbana, por exemplo, em temas como eletrificação do transporte público, serviços urbanos e logística urbana e o desenvolvimento de ferramentas digitais para melhora da qualidade do serviço. Além disso, o projeto buscará articulação política com os ministérios correspondentes e com instituições de pesquisa relevantes para a elaboração e a disseminação de conceitos de eletrificação socialmente justa e equitativa de gênero no setor de transportes.
No setor da indústria, o projeto irá trabalhar em conjunto com seis empresas para realizar estudos que identifiquem, entre outros, o potencial de eletrificação direta de processos e medidas para otimização de processos por meio da eletrificação direta. Baseado nestes estudos, serão realizados projetos-piloto de eletrificação de processos por meio de tecnologias inovadoras disponíveis no mercado e teste de ferramentas digitais para possibilitar uma gestão de carga do lado da demanda. Além do mais, o projeto buscará a disseminação das soluções identificadas durante a realização dos estudos previstos.
Além do enfoque nesses dois setores, o projeto também buscará articulação com associações empresariais e instituições de pesquisa para o desenvolvimento de conceitos de eletrificação baseados nas necessidades das empresas associadas, além de conceitos para a disseminação da eletrificação direta a outas regiões e outras indústrias brasileiras.
Impactos
As oportunidades e os potenciais de eletrificação direta na indústria e no transporte urbano ainda não foram sistematizados nem disseminados. Por meio do projeto AcoplaRE, espera-se aumentar o interesse em fomentar a eletrificação direta e as tecnologias relacionadas para diminuir as emissões na indústria e no transporte urbano. Desta forma, estes segmentos poderão ter um papel mais ativo na Transição Energética.
Em relação ao impacto direto, espera-se que o projeto contribua para diminuir as emissões anuais de GEE em pelo menos 10.000 toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2-eq) em cinco municípios, por meio do uso de, pelo menos, 30 veículos de emissão zero, e que contribua com a diminuição de pelo menos 5 mil toneladas de CO2-eq em quatro empresas brasileiras. Além disso, espera-se que o projeto contribua para a implementação de recomendações de eletrificação socialmente justa e equitativa de gênero em oito empresas brasileiras.
