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Especialistas enfatizam sobre segurança em áreas classificadas e acidentes com nitrato de amônio
Fotos: SRI/Alex Pires e ACS/Débora Maria Santos
“Prevenir acidentes e adoecimento do trabalhador é uma questão nobre, isto porque estamos lidando com vidas humanas. Acredito que este evento, assim como outras edições realizadas na Fundacentro e coordenadas pelo pesquisador Fernando Vieira Sobrinho, o qual parabenizo por realizar eventos que possibilitam a troca de informações e conhecimentos de temas e discussões que propiciam resguardar vidas de trabalhadores e trabalhadoras do nosso país em relação as suas atividades laborativas”, frisa o diretor técnico e presidente substituto da instituição, Robson Spinelli Gomes.
A Fundacentro, em parceria com a Academia Brasileira para Prevenção de Explosões (ABPEx) recebeu especialistas que destacaram a importância de um projeto e gestão de riscos que possibilite a prevenção de incêndios e explosões, bem como a capacitação e certificação de profissionais e o cumprimento de normas e leis.
“O assunto prevenção de explosões é um tema delicado porque quando a explosão acontece muita gente morre ou fica ferida. É um assunto extenso e merece atenção. Além disso, envolve não somente a segurança das pessoas, mas abrange vários outros fatores como o econômico-financeiro pelos altos investimentos necessários para gerenciar estes riscos em condições normais da operação, e com a cobertura de seguros do patrimônio que foi necessário contratar em caso de explosão/incêndio”, com essa frase o presidente da Abpex, Nelson Lopez, inicia a sua palestra para informar sobre “Áreas Classificadas e Certificação”.
“Área classificada é um local sujeito a probabilidade da formação ou existência de uma atmosfera explosiva, e pode ocorrer tanto em equipamentos de processo quanto em ambientes de processo”, descreve Nelson. Para o desencadeamento de um acidente, Lopez completa que “basta que existam no local produtos, tais como gases ou líquidos inflamáveis, ou poeiras ou fibras combustíveis que possam causar essas atmosferas explosivas”.
Nelson informa que existem diferentes graus de riscos nesses locais provocados por diferentes fontes que geram o risco de forma contínua ou por períodos longos; fontes que geram risco periodicamente nas condições normais de operação e outros que o geram em condições anormais de operação ou por curtos períodos.
“Um bom gerenciamento é fundamental quando o local oferece risco, especialmente quando o risco é contínuo, sendo essencial o controle permanente”, salienta o diretor da Abpex.
Normas de inspeção para áreas classificadas
Em um breve histórico, Lopez comenta que entre a década de 90 a 2000 surgiram às novas normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT/NBR/IEC) que nos ensinam como tratar dos riscos de explosão e também cita a normas regulamentadoras nºs 10, 20, 19 e 33, além de outras normas existentes.
“A norma de inspeção da NBR/IEC nº 60079/17, informa sobre o detalhamento das não conformidades e dos equipamentos empregados, sendo possível com essa norma verificar se a instalação está adequada e, principalmente, se os equipamentos também estão em conformidade com o tipo de zoneamento”, orienta Nelson.
Os graus de riscos de explosão presentes numa empresa com áreas classificadas são definidos por zoneamentos sendo identificados como 0, 1 e 2, estabelecendo na ordem os riscos permanentes, os rotineiros e os eventuais provocados por falhas. Já as poeiras combustíveis compreendem as zonas 20, 21 e 22. “Para cuidar de maneira efetiva todas estas áreas que podem promover riscos se faz necessário implantar uma gestão rigorosa e permanente, seguindo estritamente as normas regulamentadoras que indicam o que fazer e as normas técnicas que indicam como fazer”, destaca Lopez que também é membro do conselho de certificação da Abendi.
Por meio de slides, o coordenador informa que é necessário um conjunto de procedimentos, como por exemplo, especificação dos equipamentos e suas respectivas proteções. Destaca os equipamentos elétricos e eletrônicos existentes e os tipos de proteções.
Capacitação
Lopez ressalta que o atendimento a legislação e a normalização, concomitante com o conhecimento dos profissionais resulta em uma segurança efetiva nos locais sujeitos a riscos de explosões. Entre as normas, destacam-se as normas regulamentadoras nº 10, 19 e 20. A capacitação do profissional é de suma importância. Nesse sentido, após a capacitação é fundamental realizar uma avaliação do profissional, o qual receberá uma certificação.
Com isso, esses profissionais estarão capacitados para adotar soluções adequadas em função dos diferentes graus de risco, procedimentos e equipamentos para detectar e evitar os riscos que envolvem, por exemplo, a ocorrência de vazamentos e consequentemente explosões. As consequências de uma explosão leva a degradação do meio ambiente, do patrimônio e, sobretudo, de vidas humanas.
A importância do e-Social para as áreas classificadas
“Desde 1985, data de fundação da Project-Explo a mais prestigiada empresa especializada em áreas classificadas do país, o compromisso assumido foi de ajudar o setor Ex , classificando áreas, inspecionando sistemas eletroeletrônicos, regularizando as instalações Ex e treinando seus profissionais Ex nestes assuntos. Hoje, após 33 anos, a empresa é a mais respeitada especialista no tratamento das empresas sujeitas a riscos de explosões por gases, vapores inflamáveis ou poeiras combustíveis, sendo reconhecida como líder a nível nacional e da América Latina”, comenta o especialista.
Lopes ressalta que este reconhecimento inclui as entidades responsáveis pela legislação e fiscalização (Ministério do Trabalho e Ministério Público do Trabalho), que inclusive a contrataram para capacitar seus fiscais, por ser a única Organização de Treinamento Reconhecida (OTR-EX). “Esse treinamento aconteceu porque diante dos muitos acidentes com explosões e incêndios, o governo federal decidiu fiscalizar todas as empresas com áreas classificadas para exigir sua adequação às normas”, frisa Nelson.
Enfatiza ainda que “a decisão de fiscalizar é válida para todo o parque industrial químico, petroquímico, do petróleo, de distribuição de combustíveis, de tintas, usinas de açúcar/álcool, biodiesel, farmacêutico, de alimentos, etc. Esta fiscalização do Ministério do Trabalho começou no último ano com os Portos e Aeroportos e, agora com a ferramenta de fiscalização conhecida como e-social aplicada a Segurança do Trabalho continua em setembro junto aos outros segmentos”, finaliza Lopes.
Certificação
Dando continuidade à explanação sobre a certificação, Hélio Rodrigues, relaciona os serviços desenvolvidos pela Abendi, sobretudo no que se refere às diretrizes e os requisitos para qualificar e certificar profissionais. “A Abendi tem como missão difundir suas atividades de Inspeção e Ensaios Não Destrutivos, com o intuito de preservar a vida e o meio ambiente”, informa Rodrigues.
A certificação de competências pessoais em atmosferas explosivas, de acordo com a norma da Abendi NA-07, baseia-se na sistemática internacional, e é destinada aos trabalhadores que desenvolvem suas atividades em ambientes que possuem gases, vapores ou poeiras inflamáveis e que estão expostas ao risco de explosão.
Os requisitos de educação previstos na sistemática de certificação, são o :nível técnico para as unidades de competências Ex 001 a Ex 010, e ensino fundamental para a unidade de competência Ex 000. Além disso, os solicitantes devem providenciar e fornecer evidências documentadas, como por exemplo, certificados de conclusão de treinamentos teóricos e práticos, baseados nas unidades de competência requerida.
Em termos de experiência, os profissionais devem demonstrar evidências de no mínimo três anos de atividades, em instalações elétricas industriais. Essas evidências serão comprovadas por meio de documentos confirmados pelo empregador e submetidas à análise e aprovação da Abendi.
O palestrante destaca as unidades de competências “Ex”, nas quais se baseiam nos requisitos das Normas Brasileiras IEC n 60079 – Atmosferas Explosivas, elaboradas pelo Subcomitê SC – 31 do Cobei e publicada pela ABNT.
Hélio, em sua apresentação, informa sobre as unidades de competências que vão da Ex 000 – Conhecimento e percepções mínimas para adentrar em uma instalação contendo áreas classificadas; Ex 001 - Aplicação dos princípios básicos de proteção em atmosferas explosivas; Ex 002 - Execução de classificação de áreas; Ex 003 - Instalação de equipamentos com tipos de proteção EX e respectivos sistemas de fiação; Ex 004 - Manutenção de equipamentos em atmosferas explosivas; Ex 005 - Reparo e revisão de equipamentos com tipos de proteção “Ex”; Ex 006 - Ensaios de equipamentos e instalações elétricos em atmosferas explosivas; Ex 007 -
Execução de inspeções visuais e apuradas de equipamentos e instalações em atmosferas explosivas; Ex 008 – Execução de inspeções detalhadas de equipamentos ou instalações elétricas em atmosferas explosivas; Ex 009 - Projeto de instalações elétricas em atmosferas explosivas e Ex 010 - Execução de inspeções de auditoria ou de avaliação das instalações elétricas em atmosferas explosivas.
O palestrante comentou também que a certificação em uma unidade de competência “Ex”, via de regra prevê como pré-requisito a certificação em uma ou mais unidades de competência. Foi mencionado como exemplo, que um profissional a ser certificado na unidade de competência Ex02- classificação de áreas, tem como pré-requisito a certificação na unidade de competência Ex 001 - Aplicação dos princípios básicos de proteção em atmosferas explosivas.
Hélio salienta que a certificação é fundamental para garantir que os profissionais demonstrem conhecimento das normas técnicas aplicáveis e desta forma executarem as suas atividades corretamente e de forma segura em todas as etapas.
Para ele, quando as normas são seguidas por um profissional certificado, todos os trabalhos que envolvem projeto, instalação, manutenção, inspeção e reparo serão a garantia de um trabalho seguro e a eliminação de possíveis riscos de explosões e, sobretudo, perdas de vidas.
“Reconhecimento formal por um organismo de certificação, mediante avaliação afirmando que uma pessoa atende aos requisitos preestabelecidos em normas específicas, oferecendo confiabilidade para o exercício de uma determinada atividade, função ou ocupação”, salienta o especialista.
Gerenciamento dos riscos de explosões
Para finalizar as palestras na parte da manhã, o gerente de projetos do Project-Explo, Rodrigo Bertevelli, discorre sobre reação em cadeia que precisa de três elementos: substância combustível (gases, vapores, névoas, poeiras ou fibras) – ignição (faísca, centelhas, chamas e superfícies aquecidas) e o comburente (oxigênio, sendo este mais comum).
Rodrigo explica que Atmosfera Explosiva se mistura com o ar de substâncias inflamáveis ou combustíveis na forma de gás, vapor, poeira ou fibras, ou seja, após a ignição ocorre a propagação autossustentada de toda a mistura.
Exemplos de instalações contendo atmosferas explosivas de gases inflamáveis ou poeiras combustíveis
Plataformas offshore para prospecção, perfuração e produção de petróleo; Terminais de armazenamento de petróleo e derivados; Indústrias químicas e petroquímicas (processo de fabricação de tintas, vernizes, plásticos e resinas); Indústrias farmacêuticas e de cosméticos; Indústrias alcooleiras, alimentícias e de biocombustíveis; Tanques de armazenamento; Áreas de abastecimento de aviões em aeroportos; Caminhões de transporte de produtos químicos inflamáveis ou gases liquefeitos; Postos de serviço para abastecimento de gasolina: diesel, etanol e GNV; Silos e armazéns para transporte e armazenamento de grãos, farelos e fibras combustíveis, açúcar, soja, milho, cevada, aveia, cacau, fertilizantes e carvão. |
O palestrante informa que em 2009, ocorreu um acidente de ignição do qual desencadeou em uma explosão. Isto aconteceu porque um funcionário enfiou o celular dentro de um tanque de combustível. “É fundamental que o frentista saiba sobre o gerenciamento de risco no próprio posto de gasolina”, diz Bertevelli. Completa que as fontes são elétrica, eletrônica, mecânica, térmica, eletrostática e atmosférica.
Durante a sua apresentação, Rodrigo, mostra alguns acidentes ocorridos e que provocou muitas mortes. Por isso, o gerenciamento de risco é importante para identificar o risco, controle de atmosfera, controle de ignição e controle de danos e toda área classifica precisa de sinalização.
Assim como foi abordado pelos especialistas anteriores, Rodrigo também salienta que “preservar a vida de todos é imprescindível, e o risco de explosão é uma realidade, nesse sentido é fundamental que o profissional esteja muito bem capacitado”.
Tipos de explosões, características e consequências
O pesquisador e coordenador do seminário, Fernando Vieira Sobrinho, da Fundacentro/SP, relata sobre os tipos de explosões, características e consequências. Fernando explica os principais tipos e características de explosões e seus efeitos, como explosões confinadas e não confinadas, BLEVE, boilover, backdraft e outros exemplos.
As consequências derivadas de uma onda de choque tanto em um indivíduo quanto em edificações foram informadas durante a palestra do tecnologista, de acordo com a tabela abaixo:
Tabela de onda de choque
| Em uma pessoa adulta |
| Pressão barométrica ou atmosférica | Efeito |
| 0,07 | Derruba uma pessoa |
| 0,2 | Ainda suportável sem perigo |
| 0,3 | Provável ruptura do tímpano |
| 0,5 | Limite do suportável, com proteção auricular |
| 1,0 – 2,0 | Lesões nos ouvidos e pulmões |
| 5,0 | Limite da sobrevivência |
1 bar = 100kPa(Pressão atmosférica) ≈ 1atm (atmosférica) ≈ 1Kgf/cm² |
| Em Edificações |
| Pressão barométrica ou atmosférica | Efeito |
| 0,02 | Alguns vidros quebrados |
| 1,4 | 50% de vidros quebrados |
| 2,7 | 90% de vidros partidos 25% de telhas deslocadas |
| 4,1 | 100% de vidros quebrados |
| 6,9 | Estrutura da janela danificada |
| 10,0 | Sérios danos na estrutura de casas Trincas nas paredes exteriores |
1 bar = 100kPa(Pressão atmosférica) ≈ 1atm (atmosférica) ≈ 1Kgf/cm² |
Explosões de poeiras e silos
Depois da apresentação do pesquisador da Fundacentro/SP, Fernando Sobrinho, o gerente Regional da Fike Corporation, Luis Barbim, explana sobre Explosões de Poeiras e Silos.
Barbim salienta sobre as normas e procedimentos utilizadas para a prevenção e gerenciamento de proteção e prevenção contra explosões de poeiras e silos. O especialista comenta que são necessários alguns procedimentos, tais como processo de ventilação da explosão, painel de ventilação, abafador de chamas, bem como o isolamento físico e químico para conter explosões.
O especialista revela que o pó de grãos quando chega ao limite de concentração no ar, em contato com uma fonte de ignição (incêndio ou eletricidade estática) pode causar uma explosão devastadora.
Luis cita dois exemplos de procedimentos de segurança: a janela de alívio e a supressão ativa da explosão. “A janela de alívio é um equipamento de proteção e possibilita o processo de ventilação da explosão. No caso da supressão ativa, alivia a onda de pressão e calor que pode ocorrer durante o desencadeamento de uma explosão”, explica.
Completa ainda que “o movimento do e-Social é importante porque cada planta será detalhada no formulário, para mudar a cultura do nosso país na questão de segurança e saúde no trabalho”, informa Luis.
Registro de acidentes com nitrato de amônio/perclorato de amônio
O pesquisador aposentado da Fundacentro, José Possebon, fala sobre Registros de acidentes com nitrato/perclorato de amônio. Possebon relata que desde 1916 a 2015, foram registrados 30 acidentes com nitrato de amônia, o que resultou tragicamente na morte de 2.215 pessoas.
Um dos acidentes citados foi o caso da Basf, em Oppau, em 1921. “A Basf processava uma mistura de nitrato de amônia com sulfato de amônia em proporções iguais. No entanto, essa mistura empedrava no silo e para desempedrar os trabalhadores utilizavam picaretas”, salienta José. Completa que esse método possibilitava que os operadores fossem encobertos pela mistura, para que isso não ocorresse foi substituído por pequenas explosões. “As explosões eram uma prática comum entre os fabricantes de fertilizantes”, frisa.
De acordo com o especialista, a falta de cultura de segurança fez com que ocorresse a explosão e matasse todos os trabalhadores. “Provavelmente a concentração de nitrato de amônia era muito grande”, informa o pesquisador.
Além das mortes dos trabalhadores, as consequências do acidente resultou em telhados arrancados a 25 km de distância, quebra de vidros a 30km, efeitos até Frankfurt a 90 km e o estrondo foi ouvido a 300 km. Foram destruídas oitenta por cento das residências, o qual deixou 6.500 famílias sem teto.
Outro acidente envolvendo perclorato de amônio foi em 04 de maio de 1988, com o foguete que levava 4.000 toneladas de combustível, em sua maioria perclorato de amônio. O desastre ocasionou sete explosões (duas grandes e cinco pequenas), mas que matou duas pessoas e feriu em torno de 400. Possebon informa ainda que o tremor foi de 3,5 de magnitude na escala Richter.
“Esse acidente fez pegar fogo na planta, com as explosões abriu-se uma cratera de 4,5 de profundidade, 60 metros de diâmetro e atingiu uma distância de 16 quilômetros”, frisa José.
“Conscientização Sobre Segurança com Nitrato de Amônio (NA), Dez Regras Básicas de Segurança com NA e Portaria n° 42 - COLOG, de 28/03/2018”
Consultor da Academia Brasileira para Prevenção de Explosões, Haroldo Martins Júnior comenta que o nitrato de amônio é utilizado em 90% dos casos como fertilizantes. Porém, as misturas de fertilizantes com nitrato de amônio (NPK) têm promovido muitos acidentes, seja no transporte, armazenamento e manuseio.
“Os acidentes acontecem em toda cadeia, na produção, transporte, armazenamento ou nas atividades de manutenção nas instalações industriais”, informa.
Completa que a utilização do NA como fertilizante se intensificou após a 2º Guerra Mundial, o especialista também relata que o NA é utilizado como a matéria-prima na fabricação de explosivos desde 1.884. O nitrato de amônio é um composto químico de fórmula molecular (NH4 NO3).
A sua característica é um tipo de sal inorgânico, a sua cor de forma pura é branca, podendo variar de cinza claro ou marrom quando impuro. O produto é fiscalizado e controlado pelo Ministério da Defesa, através do Exército Brasileiro e regulamentado pela Portaria nº 42 do COLOG.
Haroldo informa que todo navio que transporta NA, somente pode ser descarregado após vistoria e autorização do Exército Brasileiro. Durante a sua apresentação, o especialista relatou alguns acidentes graves que ocorreram em alguns países, como a explosão em um silo que tinha estocagem de nitrato de amônio e sulfato de amônio que levou a morte em torno de 600 pessoas e feriu mais de 2.000, na Alemanha. Em 1947, na cidade do Texas, um navio com carregamento de NA também explodiu e causou a morte de 500 pessoas e feriu 3.000.
Vale salientar que a maior parte do NA consumido no Brasil entra no país através dos nossos portos. Além de outros, mas um dos casos mais recente foi na Vale Fertilizantes, em 2017, na cidade de Cubatão, litoral de São Paulo, um incêndio envolvendo o NH4NO3 causou explosão numa correia transportadora.
“A inalação dos gases provenientes da decomposição térmica do nitrato de amônio causa problema no aparelho respiratório, necessário usar os EPI´s adequados e evacuar a área atingida por esses gases. O produto por ser oxidante consegue interagir com outros agentes. Diante disso, a detonação ocorre quando misturado com outros produtos, matéria orgânica, materiais oxidantes e/ou com agentes iniciadores”, informa Haroldo.
Sobre aspectos de segurança, o consultor informa que o combate ao fogo dever ser realizado com água doce, ausente de contaminante. “É fundamental remover todas as fontes elétricas, nunca abafar o incêndio porque essa iniciativa pode piorar drasticamente, uma vez que o NA é fonte de oxigênio, o ambiente tem que ser ventilado”, explana o consultor.
O especialista comentou sobre a Portaria nº 42, destacando os artigos, 68, 69, 70, 72, 81, 93 e o anexo N, item nº 7 que trata sobre o treinamento de pessoal. "É de suma importância ter o pessoal treinado, primeiro para evitar emergência e segundo, porém não menos importante, saber o que fazer em caso de emergências envolvendo produtos da cadeia NPK a base de Nitrato de Amônio, sendo fundamental conhecer as dez regras básicas de segurança com nitrato de amônio e segui-las", finaliza o especialista.
Primeiros socorros
Inalação: Se houver inalação de produtos decorrentes de decomposição pelo fogo ou termicamente remova o acidentado para área não contaminada e arejada. Encaminhe imediatamente ao ambulatório médico da unidade.
Contato com a pele NA solução: Retire as roupas e calçados contaminados e aplique Diphoterine (quantidade a ser utilizada em dobro do que seria utilizada para outros produtos).
Contato com os olhos NA solução: Aplicar imediatamente o Diphoterine (lava-olhos) e após este cuidado e encaminhe ao ambulatório médico da unidade.
Ingestão: Nunca dê nada pela boca a pessoas inconscientes ou em estado convulsivo. Não provocar vômitos. Encaminhar ao médico informando as características do produto.
Descrição breve dos principais sintomas e efeitos: Pode causar irritação aos olhos, nariz e garganta.
Proteção do prestador de socorros: Utilize sempre os equipamentos de proteção individual.
Notas para o médico: A queima do produto produz óxidos de nitrogênio, gases irritantes do aparelho respiratório. Pode ocorrer edema pulmonar tardiamente, mesmo após a remissão dos sintomas irritativos, o que requer observação médica prolongada.
Haroldo chama atenção no sentido de considerar o risco de acidose metabólica e a formação de metemoglobina, e informa que as lavagens gástricas, quando da ingestão, devem ser realizadas por profissionais capacitados.
O seminário ocorreu nos dias 05 e 06 de setembro. Em todos os blocos, os temas foram debatidos e os participantes puderam fazer perguntas aos especialistas.
O seminário lotou o auditório da instituição com especialistas de diversas áreas do conhecimento. Para Fernando Sobrinho, difundir informações sobre explosão, especificamente na parte de poeira, escolhendo assim, a substância como nitrato de amônio, a qual não é regulamentada na segurança e saúde no trabalho é importante para aprimorar a legislação no que se refere às poeiras.
“Neste evento algumas substâncias específicas foram destacadas, pois são perigosas e causam acidentes graves. Na Convenção nº 174 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) existe alguns pontos em aberto na parte de regulamentação no Brasil. Isto porque ficaram sem regulamentação alguns produtos não inflamáveis e poeiras explosivas”, informa Sobrinho.
Além dessas questões, também foi discutido a capacitação no Brasil. Como aquelas que envolvem cargas explosivas, agentes públicos, privados, instrutores e funcionárias em geral, relacionados ao manuseio de inflamáveis e substâncias perigosas.
“Uma das propostas foi possível com a certificação dos profissionais para se tornarem hábitos para averiguar esses produtos inflamáveis”, salienta Fernando. Completa que as entidades e profissionais envolvidos nas questões puderam apresentar as suas experiências no evento e, assim, contribuindo com os objetivos do seminário.
Os especialistas da Associação Brasileira para Prevenção de Explosões (Abpex), Nelson Lopez e Haroldo Martins Júnior, concederam entrevista à jornalista Débora Maria Santos, da Assessoria de Comunicação da Fundacentro, sobre os temas de suas palestras no Seminário Prevenção de Explosões e Áreas Classificadas.
Outras imagens do evento estão disponíveis no Flickr da Fundacentro.