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Saneamento, saúde e equidade ganham destaque em painel da Casa do Saneamento da Funasa
Participantes apresentaram medidas para enfrentar mudanças climáticas
Saneamento, saúde e equidade estão intrinsecamente ligados e ações concretas são essenciais para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas, garantindo proteção às populações mais vulneráveis e promovendo justiça social no país. Esses foram os destaques do painel "Saneamento, Saúde e Equidade na Adaptação Climática", realizado nesta terça-feira (30/9), durante a inauguração da Casa do Saneamento da Fundação Nacional da Saúde (Funasa), em Belém (PA). O painel, moderado pelo diretor do Departamento de Saúde Ambiental da Funasa, Carlos Henrique de Azevedo Moreira, destacou a relação direta entre serviços de saneamento e saúde pública, especialmente frente aos eventos climáticos extremos.
Carlos Henrique ressaltou a importância de priorizar comunidades vulneráveis, como quilombolas, ribeirinhas e tradicionais, citando o exemplo de crises sanitárias como a pandemia de Covid-19. "Basta pensar nas distâncias, que normalmente são maiores para essas comunidades, e a gente vê que os efeitos da crise climática acabam afetando muito mais esses grupos sociais", afirmou. "Ou a gente leva em consideração e trata com prioridade esses grupos, ou a gente não consegue o que a gente tem chamado de justiça social."
Atuação da Funasa
O diretor do Departamento de Engenharia de Saúde Pública (Densp) da Funasa, José Antônio Motta Ribeiro, ressaltou a trajetória histórica da instituição e a importância da infraestrutura de saneamento na prevenção de doenças, principalmente para populações mais carentes. "A sociedade toda não pode cruzar os braços, tem que olhar para isso, se envolver. No momento em que a gente traz esse debate do saneamento para uma conferência como a COP30, a gente tem um dever de olhar para essas populações com outros olhos", defendeu.
Ele lembrou que eventos climáticos recentes, como secas, inundações, incêndios florestais e tempestades, afetaram nos últimos dez anos 347 milhões de pessoas, com perdas financeiras de cerca de R$ 341 bilhões. "Dentro da Funasa, a gente vem trabalhando muito forte nisso. Temos planos de situação de emergência, temos o nosso Manual de Saneamento. A gente participa, junto com o Ministério da Saúde, das diversas salas que movimentam a Força Nacional para enfrentamento dos desastres", ressaltou.
Priscila Campos Bueno, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), reforçou que as mudanças climáticas são atualmente a maior ameaça à saúde global, com 21 milhões de mortes adicionais ligadas ao clima. "Queria dizer que são mortes evitáveis", frisou, acrescentando que há 2,1 bilhões de pessoas ainda vivem sem água potável e 3,4 bilhões sem saneamento seguro. Priscila defendeu a integração entre saúde, saneamento e clima em políticas nacionais e subnacionais. Ela enfatizou ainda a necessidade de mobilizar financiamento sustentável e fortalecer a participação social para garantir justiça climática.
Atenção à Amazônia
Paulo de Tarso, do Ministério da Saúde, apresentou iniciativas voltadas à Amazônia Legal, incluindo o Plano de Saúde para a Amazônia e programas para populações indígenas e quilombolas, incluindo ações para ampliar a oferta e o provimento de médicos, enfermeiros e especializados na região. Ele detalhou o uso de unidades móveis de saúde, barcos-hospital e saúde digital para ampliar o acesso à atenção primária e especializada.
Eliane Lima, da Coordenação-Geral de Mudanças Climáticas e Equidade em Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre a implementação do AdaptaSUS e os planos setoriais de adaptação climática na saúde, olhando para grupos vulneráveis e considerando seus contextos, para conseguir implantar as decisões que sejam mais adequadas. "Essa é uma preocupação. Todo o seu contexto. A gente não está olhando para a doença. A gente está buscando para a dinâmica do território nos possibilitar que as medidas sejam comuns", explicou, reforçando a importância da equidade na formulação das políticas e na adaptação às vulnerabilidades regionais.
Veja a programação da Casa do Saneamento
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