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Saneamento na Amazônia já gerou R$ 90 bilhões em benefícios e pode alcançar R$ 330 bilhões até 2040
Painel 8 foi moderado pelo presidente da Funasa, Alexandre Motta
A expansão dos serviços de saneamento na Amazônia Legal entre 2000 e 2022 ¿ quando a coleta de esgoto passou de 10,2% para 23,2% e o acesso à água subiu de 50,8% para 68,4% ¿ gerou R$ 90 bilhões em ganhos econômicos e sociais para a população amazônica, com R$ 6,3 bilhões de economia em saúde e R$ 39 bilhões em aumento de produtividade. Os números foram apresentados pela presidente do Instituto Trata Brasil, Luana Preto, durante o oitavo painel da Casa do Saneamento da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em Belém (PA), que abordou os desafios e as oportunidades para a universalização do saneamento básico na Amazônia Legal.
Segundo as projeções do Trata Brasil, a universalização do saneamento até 2040 pode gerar R$ 330 bilhões em benefícios adicionais. "Isso é dar dignidade para que a população possa produzir, ter uma renda melhor e proporcionar um futuro melhor para seus filhos", afirmou Luana Preto.
Para Luiz Alberto Rocha, do Observatório dos Direitos à Água e ao Saneamento (Ondas), os desafios amazônicos exigem uma abordagem baseada em direitos humanos. "Não podemos esquecer ribeirinhos, quilombolas e indígenas, povos que fazem a Amazônia ser o que é", ressaltou, lembrando que a vulnerabilidade social e a desigualdade de renda tornam urgente a criação de mecanismos de tarifa social e de financiamento sustentável.
Olhar renovado
Representando a organização Mandí, Lígia Paz propôs um olhar renovado sobre as cidades amazônicas. Ela convidou o público a "imaginar outros futuros, resgatando a conexão com os rios urbanos e com as bacias que moldam a vida cotidiana da população". Segundo ela, a entidade atua com educação ambiental, mobilização social e incidência política, buscando cidades mais justas e resilientes às mudanças climáticas.
Da Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), Bruno Cantarella destacou que mais de 800 mil indígenas vivem em cerca de 7 mil aldeias no país e que o saneamento é parte essencial da política de saúde indígena. "Nosso desafio é implementar tecnologias apropriadas a diferentes culturas, respeitando as relações simbólicas com a água e com os resíduos"', afirmou.
Altino Rodrigues Neto, do Fórum Nacional dos Comitês de Bacias Hidrográficas, reforçou a centralidade da água. "Não se fala em saneamento se a gente não falar em água. Não existe saneamento sem água. Então, eu acho que o Comitê de Bacias tem um papel importantíssimo nisso", observou.
O painel foi moderado pelo presidente da Funasa, Alexandre Motta, que destacou a esperança de que a aproximação com os Comitês de Bacias Hidrográficas estimulem a Região Norte a também desenvolver seus Comitês de Bacia e ampliar essa atuação. "Saneamento não é só uma atividade profissional, é militância. Nós estamos precisando de mais militantes no saneamento. Precisamos expandir essa rede", enfatizou.
Veja a programação da Casa do Saneamento
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