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Inovação e integração tecnológica marcam debate sobre universalização do saneamento
Painel final da casa do Saneamento destacou soluções da Funasa
As integração das novas tecnologias, a boa gestão pública e a mobilização social têm papel fundamental na expansão dos serviços de saneamento no Brasil. Essa importância foi tema do "Painel 11 ¿ Inovações e Soluções para Universalização do Saneamento Básico", realizado na Casa do Saneamento, em Belém (PA), nesta quinta-feira (02/10), reunindo representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa), Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e da organização civil Mandí.
Abrindo o painel, Adam Pinto, da Funasa, destacou que inovação e universalização exigem compreender a realidade local e adaptar tecnologias às diferentes condições do território. "As tecnologias consolidadas continuam válidas, mas precisam ser ajustadas à nossa realidade. Cada água requer um tipo de tratamento", afirmou. Ele ressaltou ainda a importância da ciência e do papel do Estado no fomento às soluções: "O Estado tem uma atuação primordial. O mercado complementa, mas o Estado é o fomentador."
A gerente de Inovação da Caesb, Laís, apresentou exemplos de tecnologias aplicadas ao saneamento do Distrito Federal, como o sistema de gestão inteligente de ordens de serviço e o uso de inteligência artificial no controle operacional. "A inovação não passa apenas só por tecnologia, ela passa por inovação também de metodologia, da forma como a gente enxerga o saneamento", afirmou. "O sistema de saneamento integrado desenvolvido pela Caesb consiste em um intervenção única: abastecimento de água, explotamento sanitário, drenagem, pavimentação, mobilização social, ordenamento urbanístico, reavaliação educacional, paixões de resíduos sólidos, educação sanitária e ambiental."
Pela Embasa, a diretora de operações Joana Rolemberg tratou dos desafios de levar saneamento às áreas urbanas irregulares e de adensamento. O desafio diário, segundo ela, é levar o esgotamento sanitário a áreas com ocupação desordenada. Nesses casos, soluções descentralizadas, como fossas sépticas com manutenção, podem ser caminhos viáveis para ampliar a cobertura. Ela citou ainda o projeto piloto da companhia em Dias d'Ávila (BA), que integra sistemas alternativos de esgotamento à política de universalização.
Representando a sociedade civil, Camila Magalhães, da organização Mandí, ressaltou que a inovação também passa pelo engajamento comunitário e pela produção de conhecimento local. "Por muito tempo as soluções vieram de fora e não funcionaram aqui. Precisamos de tecnologias e políticas pensadas a partir das realidades amazônicas", afirmou. Segundo ela, saneamento é também ferramenta de adaptação climática e direito humano fundamental.
Encerrando o painel, o engenheiro Dionísio Sant¿Ana Pereira, da Sabesp, destacou o novo modelo contratual que prevê a universalização dos serviços no Estado de São Paulo até 2029. "O marco do saneamento foi fundamental, mas sozinho não é suficiente. É preciso alinhar inovação, regulação e sustentabilidade econômica para garantir a universalização de fato", pontuou.
O moderador Valdinei Silva, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), definiu o encontro como "o painel da provocação". Segundo ele, as falas reforçaram a necessidade de articulação entre governos, empresas e comunidades. "A ação é no município e com a mobilização da sociedade. A comunidade precisa estar pronta para receber as ações de saneamento", comentou.