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Falta de saneamento atinge principalmente jovens, mulheres e populações negras e indígenas
Debate sobre gênero, raça e juventude na Casa do Saneamento reforçou a urgência de políticas equitativas e intersetoriais para ampliar o acesso a água e esgoto
Os maiores impactos da falta de saneamento recaem sobre mulheres, jovens e populações negras, pardas e indígenas, segundo participantes do sétimo painel da Casa do Saneamento, em Belém (PA), realizado na tarde desta quarta-feira (01/10). Sob o tema "Gênero, Raça e Juventude: a centralidade da equidade no acesso ao saneamento básico", o encontro colocou em evidência a face social da exclusão no acesso à água e ao esgotamento sanitário, debatendo estratégias de inclusão, liderança feminina e ações de educação sanitária voltadas a comunidades vulneráveis.
Apresentando dados recentes do Trata Brasil, a moderadora e expositora Luana Preto destacou o perfil da população sem acesso ao saneamento. "São pessoas jovens, de até 20 anos de idade, majoritariamente autodeclaradas pretas, pardas ou indígenas, com baixa escolaridade e renda familiar inferior a R$ 2,4 mil", informou. Segundo ela, a precariedade sanitária agrava desigualdades históricas e impede o desenvolvimento. "A falta de água na casa, sem banheiro, afeta a saúde dessa gente. Com diarreia e vômito, acabam ficando sem trabalho ou sem escola por alguns dias, o que torna o futuro ainda mais incerto."
Gabriel, da Unicef, alertou para o impacto do problema de saneamento nas escolas brasileiras. "Não é cabível que uma criança vá estudar e não tenha água para beber ou banheiro para suas necessidades. Não é possível garantir o direito à educação em escolas sem acesso seguro ao saneamento básico", sentenciou. Segundo ele, 93% das escolas sem água estão em áreas rurais, especialmente no Norte e Nordeste, afetando mais de 500 mil estudantes.
A ex-superintendente da Funasa no Amapá, Girlene Chucre, apresentou o projeto Lata d'Água na Cabeça, que busca reduzir o esforço físico e o tempo gasto por mulheres na busca por água potável. "Sem parceria não conseguimos avançar", disse, defendendo a união entre instituições públicas, sociedade civil e comunidades para construir soluções duradouras.
Encerrando o painel, Jussara Salgado, do Projeto Saúde e Alegria, reforçou que a transformação só é possível com mobilização social e protagonismo comunitário. "As populações que mais sofrem com a falta de saneamento são aquelas que vivem em territórios tradicionais ou periféricos, onde as políticas públicas ainda não chegam", afirmou.

- Debate sobre gênero, raça e juventude na Casa do Saneamento reforçou a urgência de políticas equitativas e intersetoriais para ampliar o acesso a água e esgoto
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