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Diretrizes para enfrentar eventos climáticos marcam Painel 10 da Casa do Saneamento
Casa do saneamento
O lançamento da terceira edição do relatório "Saneamento e mudança climática: Diretrizes aos prestadores de serviços de água e esgoto para o enfrentamento de eventos adversos" marcou o Painel 10 da Casa do Saneamento, em Belém (PA), nesta quinta-feira (02/10). A publicação, elaborada pela Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESabesp) e pela Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), reúne mais de mil contribuições de 18 prestadores de serviços, especialistas e entidades das cinco regiões do país.
O documento orienta gestores públicos e operadores sobre prevenção e resposta a desastres relacionados à água e ao esgoto, com foco na adaptação climática e na universalização do saneamento. "Na discussão que nós temos feito, não há um único afastamento daquilo que é obrigação nossa, que é universalizar o setor. Nós queremos participar desse grupo e não queremos ver as empresas estatais desaparecerem", afirmou o vice-presidente da Aesbe e presidente da Caema, Marco Aurélio Freitas.
O dirigente da Aesbe Sérgio Gonçalves destacou o papel técnico e colaborativo da série Universalizar, que chega à 13ª publicação. "Temos hoje o lançamento do documento voltado à COP30. A câmara técnica de Gestão Ambiental e Mudança do Clima lidera esse trabalho, com o respaldo de 16 câmaras técnicas que garantem a qualidade do que é feito na Aesbe", disse.
Representando a AESabesp, Maria Aparecida Silva de Paula ressaltou que o enfrentamento às mudanças climáticas exige novas posturas e cultura de prevenção. "Há diversas situações anormais. Se cada um de nós fizer a nossa parte, poderemos lidar melhor com o que está por vir. As condições emergenciais são importantes, mas a questão preventiva é muito mais", observou.
Fortalecimento do setor
O debate também contou com representantes internacionais, como Léo Gaborit e Rémy Tao, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), que apontaram o fortalecimento da resiliência do setor como prioridade. "Apoiamos programas de redução de perdas, planos de contingência e ferramentas de planejamento para que os operadores estejam preparados diante dos riscos climáticos", disse Gaborit. Carolina Vera, do Fonplata, reforçou que "a água é o principal veículo das mudanças climáticas" e que soluções integradas devem unir engenharia, natureza e desenvolvimento social.
Entre os desafios nacionais, Valdinei Mendes da Silva (ABES) alertou para a necessidade de monitorar mananciais e antecipar decisões diante de eventos extremos. Já Esmeraldo Pereira Santos (Assemae) destacou a importância da formação de novos profissionais e do financiamento adequado: "Investir em saneamento não é barato. O capital privado é importante, mas o recurso público também precisa estar presente. Sem recursos, não há universalização".
Encerrando o painel, o presidente da Funasa, Alexandre Motta, ressaltou que o documento representa um marco no debate sobre saneamento e clima. "As COPs discutem segurança hídrica, mas não discutiam saneamento. Precisávamos colocar o tema na agenda climática. E essa publicação contribui com uma noção importante: não é preciso um evento extremo para gerar impacto no setor. Pequenas variações já comprometem os sistemas", afirmou.
