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Presidente da CNEN destaca avanços do Brasil em fusão nuclear durante encontro na China
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Francisco Rondinelli Júnior, reafirmou o compromisso do Brasil com o desenvolvimento da tecnologia de fusão nuclear e apresentou os avanços do país na área durante a segunda reunião ministerial do Grupo Mundial de Energia de Fusão da AIEA, em Chengdu, na China, dia 14 de outubro. O encontro foi realizado em cooperação com a Autoridade Chinesa de Energia Atômica.

- Foto: Wilson Calvo/CNEN)
Em discurso para autoridades e especialistas do setor nuclear de diversos países, Rondinelli destacou que o Brasil está “fortemente comprometido com o objetivo comum de promover e acelerar o desenvolvimento da tecnologia de fusão nuclear para o bem-estar da sociedade”.
Desde o primeiro encontro do grupo, realizado na Itália, no ano passado, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e a CNEN reativaram a Rede Brasileira de Fusão Nuclear, reunindo universidades, centros de pesquisa e indústrias. A iniciativa inclui também programas de bolsas de estudo voltados à formação de jovens profissionais interessados em atuar nesse campo, considerado promissor e estratégico.
O dirigente destacou o exemplo do doutorando Felipe Machado Salvador, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, parceira da CNEN na Rede Brasileira de Fusão Nuclear, atualmente em Chengdu, que realiza parte de seus estudos no Southwestern Institute of Physics, onde foi iniciada a pesquisa chinesa na área de fusão nuclear, em 1965. “É um exemplo concreto de como a cooperação internacional abre caminhos para o avanço científico”, afirmou.
Segundo o presidente da CNEN, o país avança de forma gradual, mas com prioridades claras voltadas à construção de capacidade nacional, à ampliação da participação industrial como parceira estratégica e à contribuição efetiva para a comunidade global de fusão. Algumas prioridades orientam o Programa Brasileiro de Fusão Nuclear.
Tecnologia e cooperação
Em cooperação com pesquisadores internacionais, a equipe do Laboratório de Fusão Nuclear desenvolverá o projeto conceitual de um novo tokamak brasileiro, que utiliza bobinas supercondutoras de alta temperatura e sistemas avançados. O projeto está alinhado com o que há de mais avançado no mundo.
Para gerar os campos magnéticos para o novo reator, o país vai desenvolver tecnologias de supercondutores e deve contar com a participação ativa de indústria nacionais. Vale destacar que as tecnologias supercondutoras têm amplas aplicações, com benefícios sociais e econômicos, tais como sistemas de ressonância magnética, transmissão e armazenamento de energia. Dois tokamaks brasileiros, um deles operado pela Universidade de São Paulo, e o outro pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) passarão por processos de atualização tecnológica.
Por sua vez, no campo do desenvolvimento de lasers de alta intensidade, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade da CNEN em São Paulo, está implantando uma infraestrutura para estudar o comportamento da matéria sob condições extremas, utilizando tecnologia laser avançada.
O presidente ressaltou ainda que o êxito de tantas ações depende de dois pilares fundamentais: financiamento adequado, encaminhado via Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), e cooperação técnica internacional com países e organizações dedicadas à pesquisa em fusão.
“O Brasil avança com base na cooperação, no conhecimento e na inovação. Queremos contribuir de forma significativa para o esforço global em direção à fusão nuclear, uma fonte de energia limpa, segura e sustentável para as próximas gerações”, concluiu Rondinelli.