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CNEN presente à doação do acervo de José Israel Vargas ao MAST
Uma cerimônia em 10 de dezembro formalizou a doação do acervo pessoal do professor e físico-químico José Israel Vargas (1928–2025) ao Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST). Entre os documentos incorporados ao acervo permanente do museu estão atas originais de reuniões da CNEN realizadas em fevereiro de 1964.
O conjunto do ex-ministro da Ciência e Tecnologia reúne documentos pessoais e profissionais, correspondências, registros de atuação governamental e materiais que ilustram sua participação na formulação de políticas públicas de ciência e tecnologia. Durante a apresentação, foram mencionados documentos de especial interesse histórico. A preservação desse material tem especial valor para a compreensão da trajetória científica e institucional do país.
A CNEN esteve presente à cerimônia, que reuniu familiares, pesquisadores e servidores de diversas instituições científicas. “Foi uma satisfação ver a preservação de um acervo tão importante no MAST, que representa a trajetória de uma liderança científica e também capítulos fundamentais da história da energia nuclear no Brasil”, afirmou Marcia Pires, chefe do Centro de Informações Nucleares da CNEN.
As filhas de José Israel Vargas, responsáveis pela doação do acervo ao MAST, ressaltaram a importância da preservação da memória científica. A CNEN reforça essa visão, ao destacar a relevância da memória institucional no setor nuclear e o valor de iniciativas que garantem ao público o acesso a um patrimônio fundamental para compreender a história da ciência, da tecnologia e da energia nuclear no Brasil.
Sobre Israel Vargas
Vargas foi um dos formuladores da política nuclear no Brasil no início dos anos 1960. Condecorado com a Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, foi professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Reconhecido por sua postura crítica em relação ao corporativismo na ciência nacional, destacou-se como uma voz influente no debate científico do país.
Durante a ditadura militar, teve seu laboratório ocupado pelo Exército, o que o levou a exilar na França. Lá, tornou-se pesquisador do Centro de Estudos Nucleares do Comissariado de Energia Atômica, em Grenoble, onde liderou grupos de pesquisa e consolidou sua atuação internacional.
De volta ao Brasil, assumiu a presidência da Academia Brasileira de Ciências (ABC) entre 1991 e 1993 e exerceu o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia entre 1992 e 1999. Presidiu por duas vezes a Academia Mundial de Ciências (TWAS) e atuou como conselheiro da Organização das Nações Unidas (ONU). No ministério, coordenou iniciativas voltadas à expansão e consolidação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Contribuiu ainda para o fortalecimento da qualidade da produção científica e tecnológica do país, atuando no aprimoramento do Sistema Nacional de Propriedade Intelectual e dos sistemas de Metrologia e Normatização.