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Trensurb promove debate sobre discriminação racial da população negra no atual cenário político
Atividade destinada ao público interno da Trensurb contou com participação de três representantes do movimento negro, que buscaram estimular o debate sobre questões raciais - Foto: Alan Santana/Trensurb
A Trensurb promoveu, na quarta-feira (26), no auditório da empresa, o seminário “Mês da Consciência Negra: Discriminação racial da população negra no atual contexto político”. A atividade foi organizada pelo Setor de Responsabilidade Social da empresa, em conjunto com seu Núcleo de Apoio à Diversidade, e teve como objetivo estimular o debate interno sobre questões raciais e sua relação com o contexto social e político brasileiro.
O encontro reuniu três representantes do movimento negro: a socióloga Vera Rosane Rodrigues de Oliveira, aposentada da UFRGS e integrante de organizações ligadas à pauta antirracista; o ativista Emir Silva, membro da Executiva Nacional da A Nossa Luta Unificada e do Movimento Negro Unificado; e a consultora Letícia Casanova, especialista em gestão de pessoas, diversidade e práticas ESG.
Para iniciar as discussões, foi exibido o curta-metragem Vista Minha Pele (2003), de Joel Zito Araújo, que aborda o racismo por meio de uma inversão de papéis sociais entre pessoas negras e brancas. A socióloga Vera abriu o debate criticando o caráter individualizante das soluções sugeridas pela obra. “As soluções não são individuais, mas coletivas. O problema racial é, antes de tudo, estrutural”, afirmou. Vera também destacou episódios de omissão histórica e social contra a população negra, dialogando sobre políticas de ação afirmativa, como cotas sociais e raciais, e sua importância no combate às desigualdades.
Já o ativista Emir Silva resgatou a origem do Movimento Negro Unificado e fez comparações entre as realidades de Porto Alegre e Salvador, relacionando desigualdades raciais com a precarização do trabalho. “Estamos passando por uma barbárie mundial. A renda diminuiu, a disputa aumentou e isso afeta ainda mais uma população já marginalizada”, observou.
Por fim, Letícia Casanova abordou a disparidade entre a igualdade formal e a realidade vivida pela população negra, destacando o impacto psicossocial da exclusão. Segundo ela, políticas afirmativas são necessárias para garantir acesso a direitos básicos. “Saúde, educação e segurança não são favores. O sistema cria uma lógica excludente, como se não houvesse espaço para todos”, afirmou.
Feira Solidária e Popular das Mulheres Negras integra programação
Como parte das ações alusivas ao Mês da Consciência Negra, a Trensurb também sediou, na manhã de quarta-feira, a Feira Solidária e Popular das Mulheres Negras, no saguão do prédio administrativo. Feirantes expuseram artesanatos, acessórios, itens de decoração natalina, produtos feitos à mão e livros. “Nosso artesanato carrega ancestralidade. É uma forma de resistência e geração de renda, especialmente para mulheres que são chefes de família. Fomos muito bem recebidas pela Trensurb”, relatou Laura Fernandes, uma das expositoras.
