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Fundação Cultural Palmares promove lives para orientar sobre edital Sementes da Ancestralidade
A Fundação Cultural Palmares realizará três encontros online gratuitos voltados ao público interessado em participar do Edital nº 01/2025, Sementes da Ancestralidade – Fomento à Cultura Afro-brasileira. O objetivo é apoiar coletivos, artistas e produtores culturais que desejam inscrever propostas para o chamamento público, que disponibilizará até R$ 46 mil por projeto aprovado.
As transmissões acontecem por meio da plataforma Google Meet e visam ampliar o entendimento sobre os critérios, prazos e exigências documentais do processo seletivo, que contemplará 25 projetos em diferentes regiões do país. O edital busca impulsionar ações ligadas às tradições afro-brasileiras, promovendo o fortalecimento da identidade cultural negra e da memória ancestral.
Agenda das Lives "Tira-Dúvidas"
Primeira Sessão
📅 26 de setembro de 2025 (sexta-feira), das 15h às 16h
https://meet.google.com/ikw-uaba-oqd
📅 30 de setembro de 2025 (segunda-feira), das 10h às 11h
https://meet.google.com/aej-nmaf-zos
📅 2 de outubro de 2025 (quarta-feira), das 15h às 16h
https://meet.google.com/srn-rnaf-dox

Durante as transmissões, representantes da Fundação apresentarão os principais pontos do edital e responderão às perguntas do público em tempo real. A proposta é garantir que mais pessoas se sintam aptas a concorrer aos recursos públicos, com informações claras e acessíveis.
Materiais de apoio ao proponente
Para contribuir com o processo de inscrição, a Fundação disponibilizou dois documentos complementares:
Perguntas e Respostas – compêndio que reúne dúvidas frequentes já recebidas pela equipe técnica, com explicações objetivas sobre o edital. Acesse aqui
Guia Rápido – versão sintética com os tópicos principais, elaborada para facilitar a leitura e orientar quem está começando. Acesse aqui
Ambos os materiais estão disponíveis no site da Fundação Cultural Palmares e podem ser consultados a qualquer momento pelos proponentes.
Compromisso com a cultura afro-brasileira
O edital Sementes da Ancestralidade integra um conjunto de ações promovidas pela Fundação para garantir representatividade, preservação e dinamismo às expressões culturais negras. Ao incentivar iniciativas comunitárias e artísticas, a Fundação reafirma sua missão de proteger e valorizar o patrimônio.
A Casa de Tia Ciata abre as portas na Pequena África
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
As ruas da Pequena África, região portuária do Rio de Janeiro, guardam há mais de um século marcas da diáspora africana, da fé e da música que moldaram o país. Foi ali, na Rua Camerino, que se abriu nesta quinta-feira (25) a Nova Casa da Tia Ciata – A Potência de um Legado, espaço que restitui à cidade um centro de referência cultural dedicado a Hilária Batista de Almeida, a ialorixá que atravessou o tempo como símbolo de sociabilidade, espiritualidade e invenção musical.
A cerimônia, marcada pela emoção de quem reconhece no território da Pequena África um patrimônio vivo, contou com autoridades, artistas e lideranças comunitárias. Entre elas, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco; o presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Morais; a bisneta de Tia Ciata, Gracy Mary Moreira; além de representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A Fundação Cultural Palmares esteve presente por meio do representante regional no Rio de Janeiro, Eliel Moura, que reforçou a ligação histórica da instituição com o território.
Em sua intervenção, Moura destacou: “É importante reconhecer a relevância dos remanescentes de Tia Ciata para o território, cumprindo e mantendo o seu legado de espaço aglutinador da negritude, através do qual toda nossa inventividade e potencial podem florescer. O novo espaço, digno e com infraestrutura, é um passo importante para a preservação desse patrimônio afro-brasileiro”. Ele lembrou ainda a vizinhança entre as instituições: “A Fundação Palmares no Rio de Janeiro é vizinha da Casa de Tia Ciata, e chegou aqui pela influência de organizações como essa também”.
De Brasília, o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, fez questão de ressaltar que “Tia Ciata transformou sua casa em referência cultural e social no Rio de Janeiro, reunindo gente, música e espiritualidade em torno de uma convivência que moldou parte essencial do Brasil. Reconhecer a importância da Casa de Tia Ciata é reconhecer que a história negra estrutura a vida nacional. A Fundação Cultural Palmares se irmana a esse gesto, certa de que preservar esse espaço é também afirmar a continuidade de uma presença que não se apaga”.
A ministra Anielle Franco ressaltou que a preservação da memória ancestral é condição para construir um futuro de justiça racial. Já Gracy Mary Moreira, à frente da Casa que leva o nome da bisavó, não esconde a admiração e envolvimento com o local e toda a sua história: “A reafirmação desse território da Pequena África é muito importante e Tia Ciata está inserida nisso. Você passa em qualquer lugar aqui, tanto no Largo da Prainha, na Pedra do Sal, no Morro da Conceição, no Morro da Providência. As pessoas abraçando e reconhecendo todas as atitudes e expressões que Tia Ciata trouxe. Esse é o legado dela”.
A guardiã do samba
A vida de Tia Ciata se confunde com a história da música brasileira. Sua casa, que também era terreiro, acolheu encontros entre Donga, Pixinguinha e João da Baiana, a chamada “santíssima trindade do samba”. Foi nesse espaço que o samba carioca se uniu ao samba de roda baiano e se consolidou como gênero musical capaz de traduzir a alma do país.
A reabertura da Casa é a devolução de um território de memória à cidade, um lugar onde fé, música e ancestralidade se encontram. Para a Fundação Cultural Palmares, que há 37 anos atua na preservação do patrimônio cultural afro-brasileiro, a inauguração da Nova Casa da Tia Ciata representa um gesto coletivo de reconhecimento: a memória negra é parte indissociável da identidade nacional.
Fundação Cultural Palmares prorroga inscrições do Edital “Sementes da Ancestralidade” após instabilidade na plataforma
A Fundação Cultural Palmares prorrogou por um dia útil o prazo de inscrições do Edital nº 01/2025 – Sementes da Ancestralidade – Fomento à Cultura Afro-brasileira, após relatos de instabilidade na plataforma Prosas, utilizada para o envio das propostas. As inscrições poderão ser feitas até às 18h do dia 7 de outubro de 2025.
A medida visa garantir igualdade de condições entre os proponentes e permitir que todos os interessados concluam suas inscrições. A Fundação reconhece as dificuldades enfrentadas por alguns agentes culturais no acesso à plataforma digital e decidiu ampliar o prazo para assegurar uma participação mais ampla.
O edital Sementes da Ancestralidade financia projetos que valorizam práticas e expressões da cultura afro-brasileira em diversas áreas, como música, oralidade, culinária, artesanato e memória. A iniciativa integra o conjunto de ações voltadas ao fortalecimento das manifestações culturais negras no país.
Os demais prazos e condições do edital permanecem inalterados. O edital completo está disponível aqui
Fundação Cultural Palmares reforça diálogo com o movimento negro em São Paulo e amplia articulação nacional
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
A Fundação Cultural Palmares realizou, no dia 8 de outubro, uma reunião com representantes do movimento negro de São Paulo. O encontro, conduzido pelo presidente João Jorge Rodrigues e organizado pelo representante da Fundação no estado, Ubiratan MIranda, teve o objetivo de fortalecer o diálogo com lideranças locais e construir uma agenda comum de trabalho voltada à cultura afro-brasileira e à valorização da memória negra.
A equipe da Presidência acompanhou a atividade. Participaram Ângela Inácio, chefe de gabinete; Cida Santos, coordenadora de Projetos do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro (DPA); Carlos Eduardo, coordenador da Coordenação de Gestão Interna (CGI); e Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação.
Em sua fala, João Jorge ressaltou que a Fundação Cultural Palmares tem como propósito consolidar políticas públicas de reconhecimento e fortalecimento da cultura afro-brasileira em todo o país. “A Fundação Cultural Palmares é casa e causa do povo negro. É a voz que vem das periferias, dos terreiros, das escolas de samba e das universidades. Nosso papel é unir, inspirar e transformar”, afirmou o presidente, destacando a importância da escuta e da articulação com os movimentos sociais.
Estiveram presentes Julião Vieira, Haroldo Oliveira, Ivan Carvalho, Felipe Brito, Deborah Nunes, Nega Loira, Rafael, José Adão de Oliveira, Juliano Souza, Maria Izabel Fernandes, professor Ailton Santos, Gilson Negão, Alinne Motta, DephPaul Zulu Nation, Eufrásio, Jader Nicolau Júnior e Ubiratan Toledo, que apresentaram propostas voltadas à consolidação de políticas culturais e à ampliação da presença da Palmares nos territórios.
Durante a reunião, o presidente defendeu o planejamento antecipado das ações da Fundação e a articulação de parcerias institucionais com ministérios, universidades e coletivos culturais. “Não adianta pedir em outubro o que precisamos construir em abril. A Palmares está se reorganizando para planejar suas ações com antecedência, buscar emendas parlamentares, parcerias e financiamento sustentável para a cultura afro-brasileira”, observou.
Foram apresentados exemplos de ações em curso, como o Programa AfroDigital, a requalificação da Serra da Barriga e as parcerias com universidades públicas e instituições culturais. Segundo João Jorge, essas iniciativas representam uma etapa de reestruturação institucional e de aproximação com os fazedores de cultura, quilombolas e povos de terreiro.
O presidente também destacou o papel de São Paulo na história do movimento negro e na formação das políticas culturais brasileiras. O estado, que concentra o maior número de pessoas negras do país, foi apontado como espaço estratégico para o fortalecimento da atuação da Fundação. “A Palmares precisa estar onde o povo negro está. Em São Paulo, nos quilombos, nas comunidades, nas universidades e nas ruas. O diálogo com o movimento negro é o caminho para uma política cultural viva, que olhe para a ancestralidade sem deixar de construir o futuro”, afirmou.
A reunião em São Paulo faz parte de um conjunto de encontros regionais que João Jorge Rodrigues realizará nos próximos meses, com o objetivo de identificar demandas, ampliar o diálogo com lideranças locais e consolidar a presença e as ações da Fundação Cultural Palmares em todas as regiões do país.
Comunidades quilombolas no norte do Espírito Santo
Palmares promove escuta e diálogo com comunidades quilombolas no norte do Espírito Santo
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
A Fundação Cultural Palmares realizou, de 8 e 10 de outubro, uma missão no território quilombola Sapê do Norte, localizado entre os municípios de São Mateus e Conceição da Barra, no Espírito Santo. A ação reforça o compromisso da instituição com o fortalecimento dos direitos quilombolas e a escuta ativa das comunidades, em uma região composta por cerca de 36 comunidades reconhecidas pela Fundação.
A missão contou com Rodas de Diálogo voltadas à formação e ao compartilhamento de informações sobre direitos quilombolas, com foco nas atribuições legais da Fundação Cultural Palmares: a certificação das comunidades, o acompanhamento e a assistência ao Incra no processo de regularização fundiária, além da defesa jurídica da posse quilombola.
Segundo a diretora do Departamento de Proteção Afro-Brasileiro da Fundação (DPA), Fernanda Thomaz, o principal objetivo da missão foi compreender os desafios e conflitos enfrentados pelas comunidades, aprimorar os procedimentos de certificação e fortalecer o diálogo com o território. “O objetivo é escutar as comunidades, entender o que tem acontecido aqui e, sobretudo, pensar nos processos de emissão das certificações das comunidades quilombolas”, afirmou.
“Realizamos uma missão técnica mais longa, com um processo de escuta e diálogo que nos permitisse compreender melhor o contexto específico do Espírito Santo e construir ações mais ajustadas às peculiaridades da região. O que queremos é formular políticas públicas a partir do diálogo direto com as comunidades”, destacou.
A diretora esteve acompanhada de integrantes de sua equipe, os coordenadores de projetos do DPA Alan Matos e Liliane Amorim, que participaram das atividades junto às comunidades e das reuniões técnicas com representantes dos órgãos parceiros.
Fernanda Thomaz acrescentou que acompanharam a Fundação Cultural Palmares na missão representantes do Ministério da Igualdade Racial (MIR), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), da Defensoria Pública da União (DPU), do Ministério Público Federal (MPF), da Defensoria Pública do Espírito Santo, do Ministério Público Estadual, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e do Governo do Estado. Diversas comunidades quilombolas de São Mateus e Conceição da Barra também estiveram presentes, reforçando o caráter participativo da agenda.
As Rodas de Diálogo foram construídas com o apoio da Coordenação Estadual de Quilombos do Espírito Santo, consolidando um espaço de escuta, aprendizado e fortalecimento institucional. Para Fernanda Thomaz, o resultado foi positivo: “Estamos muito contentes com a receptividade e o diálogo. Aprendemos muito sobre o contexto local, e isso certamente vai nos ajudar a aperfeiçoar nossa atuação aqui no Espírito Santo.”
Com a missão, a Fundação Cultural Palmares reafirma seu papel como instituição pública de referência na defesa dos direitos quilombolas e na promoção de políticas fundamentadas na escuta, no respeito e na construção coletiva com as comunidades negras do país.
Margareth Menezes visita Armazém Docas André Rebouças
Ministra Margareth Menezes visita o Armazém Docas André Rebouças e reforça a valorização da memória afro-brasileira
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
Nesta sexta-feira (10), o entardecer na Pequena África, região portuária do Rio de Janeiro, ganhou novos significados com a visita da ministra da Cultura, Margareth Menezes, às Docas André Rebouças. O espaço, que antes se chamava Armazém Dom Pedro II, recebeu novo nome em homenagem ao engenheiro e abolicionista negro André Rebouças, figura central na história do país e símbolo da luta por liberdade, ciência e justiça social.
A ministra esteve acompanhada do presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, da superintendente do Iphan-RJ, Patrícia Regina Corrêa Wanzeller, e de representantes do Ministério da Cultura. O encontro contou ainda com a presença do grupo Filhos de Gandhi, da pesquisadora e doutoranda Nanci, especialista na obra de Rebouças, além de gestores da Casa de Rui Barbosa e da equipe da Fundação Cultural Palmares.
O cortejo dos Filhos de Gandhi percorreu o trajeto até as Docas com cantos, tambores e vestes azuis e brancas, transformando a chegada da comitiva em um ato de celebração da herança africana. No local, Margareth Menezes visitou o museu, conheceu o acervo histórico e as salas que hoje abrigam a sede regional da Fundação Cultural Palmares no Rio de Janeiro, instalada no edifício como símbolo de permanência e resistência negra na cidade.
A mudança do nome do prédio, de Armazém Dom Pedro II para Docas André Rebouças, tornou-se realidade graças à articulação da Fundação Cultural Palmares junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O órgão foi decisivo para transformar o pleito da Palmares em ato institucional, reconhecendo o valor histórico, simbólico e reparador do novo nome. A parceria entre as duas instituições uniu técnica e sensibilidade, consolidando um gesto de Estado em favor da memória afro-brasileira.
Para o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, a homenagem devolve ao engenheiro o reconhecimento histórico que lhe foi negado. “Renomear este espaço é devolver a André Rebouças o lugar de honra que sempre lhe pertenceu. É um marco da reconstrução institucional da Fundação e do fortalecimento da nossa memória coletiva”, afirmou.
A pesquisadora Nanci, que há anos se dedica ao estudo da trajetória do engenheiro, destacou que a homenagem transcende o gesto simbólico. “Rebouças acreditava na ciência, na educação e na liberdade como pilares da emancipação. Ver seu nome associado a este espaço é reconhecer a importância da sua contribuição para o Brasil”, disse.
O representante da Fundação no Rio de Janeiro, Eliel, também ressaltou o significado do momento. “As Docas André Rebouças unem história, arte e resistência. Cada detalhe deste espaço expressa o legado de um povo que construiu o Brasil com trabalho, fé e cultura”, afirmou.
Nascido em 1838, André Rebouças foi o primeiro engenheiro negro de projeção no Brasil Imperial. Filho de um advogado baiano também negro, destacou-se pela competência técnica e pela defesa incansável da abolição da escravatura. Atuou em grandes obras de infraestrutura, como o sistema de abastecimento de água do Rio de Janeiro e a construção de portos e ferrovias, além de ter sido conselheiro e amigo de Dom Pedro II. Intelectual refinado e patriota convicto, acreditava no progresso aliado à justiça social e foi exilado após a Proclamação da República, morrendo na Ilha da Madeira em 1898. Sua trajetória sintetiza a inteligência, o rigor ético e a dignidade de uma geração que lutou pela emancipação do povo negro.
A visita ocorreu em um clima de celebração. Margareth Menezes dançou com os Filhos de Gandhi, cercada pelo povo negro e a vitalidade da cultura afro-brasileira. O ato marcou um novo capítulo na consolidação das Docas André Rebouças como espaço de memória, cultura e afirmação da identidade negra no país, um lugar onde a história resiste, floresce e se reescreve com orgulho.
Fundação Cultural Palmares retifica cronograma do Edital nº 01/2025
A Fundação Cultural Palmares retifica exclusivamente o Anexo II (Cronograma) do Edital nº 01/2025 Sementes da Ancestralidade: Fomento à Cultura Afro-brasileira, publicado em 17 de setembro de 2025 no Diário Oficial da União. As datas de todas as etapas do processo seletivo foram atualizadas e passam a vigorar conforme informado abaixo.
O novo cronograma organiza as etapas de seleção, recursos e habilitação de propostas na plataforma Prosas e no portal da FCP, com prazos definidos para cada fase.
Cronograma atualizado
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Publicação do edital: 17/09/2025 (extrato DOU, Prosas e portal eletrônico FCP)
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Início do período de inscrições: 09h00 de 17/09/2025
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Fim do período de inscrições: 18h00 de 06/10/2025
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Fase de análise das iniciativas culturais pela Comissão de Seleção: 10/10/2025 a 03/11/2025 (na plataforma Prosas)
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Divulgação do resultado preliminar de seleção: 06/11/2025 (plataforma Prosas)
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Fase de recursos ao resultado preliminar de seleção: 07/11/2025 a 11/11/2025 (na plataforma Prosas)
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Fase de análise dos recursos ao resultado preliminar de seleção: 07/11/2025 a 14/11/2025 (na plataforma Prosas)
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Divulgação do resultado final de seleção: 19/11/2025 (plataforma Prosas e portal eletrônico FCP)
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Entrega de documentação de habilitação: 19/11/2025 a 25/11/2025 (na plataforma Prosas)
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Fase de habilitação: 19/11/2025 a 28/11/2025
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Divulgação do resultado preliminar de habilitação: 03/12/2025 (plataforma Prosas)
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Fase de recursos ao resultado preliminar de habilitação: 04/12/2025 a 08/12/2025 (na plataforma Prosas)
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Fase de análise dos recursos ao resultado preliminar de habilitação: 04/12/2025 a 11/12/2025 (na plataforma Prosas)
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Publicação do resultado final do edital: 16/12/2025 (homologação no extrato DOU, na plataforma Prosas e no portal eletrônico FCP)
Demais condições
Ficam mantidas as demais condições estabelecidas no edital, disponíveis no portal eletrônico da FCP e na plataforma Prosas.
Palmares Canta, Conta e Dança celebra a cultura crioula e encerra a terceira edição em Brasília
Por: Marcela Ribeiro, coordenadora de Comunicação da Fundação Cultural Palmares
Nos dias 29, 30 e 31 de outubro, a Fundação Cultural Palmares transformou o Espaço Mário Gusmão em palco de uma celebração memorável da cultura crioula no Brasil e no mundo. A terceira edição do Palmares Canta, Conta e Dança integrou literatura, música, dança, fotografia, palestras, bate-papos e rodas de conversa, aproximou artistas, estudantes e representantes da diáspora africana e reafirmou o compromisso institucional com memória, identidade e preservação das línguas crioulas.
O primeiro dia recebeu estudantes de escolas públicas do Distrito Federal para uma experiência de arte, afeto e pertencimento. Sophia Muniz, Ednaldo Muniz e a escritora Sawan Alves, autora de Menina de Oiá, emocionaram crianças e jovens com música, poesia e narrativas que destacam a potência da infância e da juventude negra. “É por esses jovens que seguimos fortalecendo a arte afro-brasileira”, afirmou o diretor do DFP, Nelson Mendes. No campo da literatura e do pensamento, obras que dialogam com ancestralidade, resistência e identidade afro-diaspórica ocuparam o centro da cena. Menina de Oiá, de Sawan Alves, Guetos: O Apartheid Urbano, de Sérgio Carvalho Santos, e Pedagogia Olodum: Epistemologia do Samba-Reggae, de Mara Felipe, ressoaram como referências que iluminam trajetórias, territórios e saberes.
A programação avançou com vigor no segundo dia, reservado a lançamentos de livros e a uma apresentação musical especial, e atingiu um ápice sensorial nas duas noites seguintes. No dia 30, Ane Êoketu conduziu o público com voz e balanço precisos. No dia 31, o Grupo Tambouyè e o guineense Ramiro Naka tomaram o palco; ao violão de doze cordas e em língua crioula, Ramiro Naka incendiou a plateia com carisma e técnica. O público rompeu o protocolo, levantou-se e dançou ao lado dos artistas. Do tambor à palavra, da arte ao saber, a experiência uniu ritmo, memória e orgulho.
A homenagem às línguas crioulas consolidou um marco. O presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, registrou a dimensão histórica do gesto ao afirmar que, pela primeira vez em 525 anos, cultura e línguas crioulas receberam homenagem em um espaço público no Brasil. Ele também lembrou que expressões de origem crioula circulam no cotidiano de diversas regiões do país. A iniciativa cumpre a proposta institucional de preservar e difundir a cultura e a língua crioula com rigor e alcance.
A diplomacia cultural reforçou a envergadura do encontro. A roda de conversa Abdias do Nascimento, no dia 31, reuniu a embaixadora do Haiti, Rachel Coupaud, o embaixador de Cabo Verde, José Pedro Chantre de Oliveira, o embaixador da Guiné-Bissau, M’Bala Alfredo Fernandes, e o embaixador da África do Sul, Vusi Mavimbela, com mediação de Boaz Mavoungou. O diálogo evidenciou convergências históricas, desafios contemporâneos e caminhos de reconexão entre Brasil e África, em sintonia com a programação que uniu literatura, música, dança, fotografia e troca de experiências para fortalecer expressões culturais negras de diferentes países.
O lançamento do livro A África no Brasil. Apagamentos, Resistência e Reconexões Possíveis, do embaixador sul-africano Vusi Mavimbela, acrescentou densidade intelectual ao panorama. Em sua fala, o autor destacou o rigor da pesquisa histórico-cultural que sustenta a obra e citou parcerias com o Presidente Lula e com o presidente da Fundação Cultural Palmares, João Jorge Rodrigues, como alicerces para novas cooperações.
Como desfecho, o grupo de dança do Haiti, Tambouyè, e o canto de Ramiro Naka em língua crioula sintetizaram o espírito do projeto. A plateia correspondeu com alegria e respeito, selou o encerramento da terceira edição e confirmou o Palmares Canta, Conta e Dança como referência de excelência na celebração da cultura crioula. Três dias de encontros, vozes e livros fixaram uma mensagem nítida: a ancestralidade que forma o Brasil segue viva, criativa e capaz de abrir reconexões possíveis entre territórios, pessoas e futuros.
Fundação Cultural Palmares divulga resultado preliminar do Edital “Sementes da Ancestralidade”
A Fundação Cultural Palmares (FCP) torna público o Resultado Preliminar de Seleção do Edital nº 01/2025 – Sementes da Ancestralidade: Fomento à Cultura Afro-Brasileira, conforme previsto no Anexo II – Cronograma do edital.
A publicação marca a fase de avaliação e seleção das propostas apresentadas, etapa fundamental do processo que visa reconhecer, fortalecer e valorizar iniciativas culturais voltadas à preservação e difusão das tradições afro-brasileiras em todo o país.
O resultado preliminar pode ser consultado no portal eletrônico da Fundação Cultural Palmares, na plataforma Prosas, onde estão disponíveis todas as informações sobre o processo seletivo.
O edital “Sementes da Ancestralidade” integra as ações de fomento da Fundação Cultural Palmares voltadas à promoção da cultura negra, ao incentivo à produção artística e ao fortalecimento das comunidades quilombolas, povos de terreiro e coletivos culturais afrodescendentes.
A fase seguinte do cronograma prevê o prazo para interposição de recursos, garantindo transparência e participação dos proponentes em todas as etapas do processo. Será publicado o Resultado Final da fase de Seleção, com as propostas classificadas para a etapa de habilitação, conforme previsto no regulamento do edital.
Para mais informações e acesso aos documentos oficiais, acesse a plataforma Prosas .
Fundação Cultural Palmares publica errata do Resultado Preliminar do Edital nº 01/2025 – Sementes da Ancestralidade
A Fundação Cultural Palmares (FCP) divulgou, nesta sexta-feira (7), uma errata referente ao Resultado Preliminar de Seleção do Edital nº 01/2025 – Sementes da Ancestralidade: Fomento à Cultura Afro-Brasileira, publicado originalmente em 06 de novembro de 2025.
A correção diz respeito à Região Sudeste, nas modalidades de Coletivos/Grupos sem CNPJ e Pessoas Jurídicas de Direito Privado sem Fins Lucrativos. A atualização foi necessária para adequar dados e notas das propostas apresentadas, garantindo a precisão das informações e a transparência do processo de seleção.
O resultado preliminar retificado já está disponível para consulta na plataforma Prosas, onde os proponentes podem verificar as atualizações.
A Fundação informa que os prazos e demais disposições do edital permanecem inalterados, incluindo o período destinado à interposição de recursos, conforme o cronograma vigente.
O edital “Sementes da Ancestralidade” integra as ações de fomento da FCP voltadas à promoção da cultura afro-brasileira, à valorização das tradições de matriz africana e ao fortalecimento de coletivos culturais, povos de terreiro e comunidades quilombolas em todo o país.
Angola 50 anos: um espelho para o Brasil
O cinquentenário da independência de Angola, celebrado em 11 de novembro de 2025, é um marco que ultrapassa fronteiras. Para o Brasil, essa data reflete um elo histórico que não se limita à língua, mas se inscreve em uma mesma trajetória de exploração, resistência e reconstrução. Olhar para os 50 anos de Angola é revisitar as rotas do Atlântico que moldaram dois destinos: de um lado, a nação africana que conquistou a soberania política após séculos de colonização portuguesa; de outro, o país sul-americano que ainda luta para curar as feridas abertas por mais de trezentos anos de escravidão. Entre Luanda e Salvador, há um espelho que revela o que fomos e o que ainda precisamos ser.
A história de Angola não é linear. Após mais de quatrocentos anos de domínio colonial e quatorze de guerra de libertação, o país conquistou a independência em 1975 sob o lema de unidade e reconstrução. Desde então, enfrentou guerra civil, dependência econômica do petróleo e desafios de consolidação democrática. Ainda assim, sobreviveu, reorganizou-se e hoje busca diversificar sua economia, ampliar investimentos em educação e fortalecer a presença internacional. Em 2024, o crescimento do PIB angolano chegou a 4,4%, impulsionado pelos setores de energia, agricultura e serviços, segundo o Banco Mundial. O país reduziu gradualmente os índices de pobreza extrema, que ainda atingem cerca de 31% da população, e se esforça para converter o crescimento econômico em inclusão social. Trata-se de uma jornada de reconstrução constante, sustentada por uma juventude vibrante e uma diáspora ativa que enxerga na cultura, na tecnologia e na cooperação Sul-Sul caminhos para um futuro mais equitativo.
O Brasil, por sua vez, carrega no corpo social o legado direto dessa mesma história. Dos portos de Luanda e Benguela partiram centenas de milhares de africanos escravizados rumo ao litoral brasileiro. O Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, hoje reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial, é testemunho desse trânsito forçado que consolidou a matriz africana da cultura brasileira. O idioma, as religiões de matriz africana, a culinária e a música denunciam essa ligação profunda e indissociável. Somos, em essência, um país de origem africana, mas ainda incapaz de garantir igualdade real à sua maioria negra.
Os dados são inescapáveis. Mais de 56% dos brasileiros se declaram pretos ou pardos, mas a renda média dessa população corresponde a 58% da renda média de pessoas brancas. O Atlas da Violência mostra que 77% das vítimas de homicídio são negras, e que jovens negros continuam a morrer quatro vezes mais do que jovens brancos. Na política, no empresariado e nas universidades, a sub-representação permanece como regra. O racismo estrutural, que em Angola se manifesta nas heranças do colonialismo, no Brasil se perpetua pela normalização das desigualdades. Se Angola luta para converter independência em cidadania plena, o Brasil ainda luta para transformar abolição em democracia real.
O paralelo entre os dois países é inevitável e necessário. Angola, ao completar meio século de soberania, enfrenta a tarefa de diversificar sua economia, reduzir a dependência de recursos naturais e construir instituições sólidas que resistam à corrupção e à desigualdade. O Brasil, com quatro décadas de redemocratização, precisa consolidar uma política de reparação histórica, garantir que a população negra participe da formulação das políticas públicas e assegurar que as leis de promoção da igualdade racial, como a 10.639/03 e o Estatuto da Igualdade Racial, deixem de ser declarações e se tornem prática de Estado. Em ambos os casos, o desafio é transformar memória em projeto e projeto em justiça.
As relações entre Brasil e Angola têm potencial estratégico e simbólico. O intercâmbio cultural e educacional, as parcerias em tecnologia, agricultura e energia, e a cooperação acadêmica podem se tornar instrumentos de uma diplomacia de reparação, uma política internacional construída entre iguais, baseada no reconhecimento mútuo e na construção de um futuro compartilhado. As universidades brasileiras que hoje recebem estudantes angolanos e os projetos culturais que circulam entre os dois países são expressões de uma nova geopolítica afro-atlântica, em que o conhecimento, a cultura e a solidariedade se tornam armas contra o esquecimento.
Cinquenta anos de Angola representam, para o Brasil, uma convocação moral. É o momento de encarar a herança colonial que ainda define nossas estruturas sociais e políticas. É o tempo de compreender que independência e liberdade só se realizam quando a dignidade é coletiva. A história de Angola demonstra que nenhum povo conquista soberania sem memória e sem enfrentamento das próprias contradições. A história do Brasil confirma que não há democracia verdadeira enquanto a vida negra for desvalorizada.
O Atlântico que nos uniu pela dor pode ser também o espaço de uma nova construção civilizatória. Celebrar Angola é reconhecer o espelho que nos devolve: o retrato de dois povos que resistiram ao apagamento e que agora exigem protagonismo e reparação. É compreender que o futuro se escreve na língua que compartilhamos, mas sobretudo na justiça que ainda devemos uns aos outros. Angola, aos cinquenta anos, reafirma a coragem de reinventar o próprio destino. O Brasil, ao observá-la, precisa ter a mesma coragem.