Repactuação do Acordo do Rio Doce
O Ministério de Minas e Energia (MME) colaborou intensamente com o Governo Federal na negociação do novo acordo para reparação integral e definitiva dos prejuízos causados pelo rompimento da Barragem do Fundão, no município de Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, quase dez anos após a ocorrência da tragédia.
O acordo perfaz o total de R$ 170 bilhões. Para além dos valores executados diretamente pelas empresas, que somam R$ 38 bilhões, o novo acordo prevê o pagamento de outros R$ 132 bilhões.
Desse montante, R$ 100 bilhões representam novos recursos e devem ser pagos em até 20 anos ao Poder Público pelas empresas envolvidas na tragédia, para que sejam aplicados em reparações, recuperação ambiental, saúde e infraestrutura.
Os R$ 32 bilhões serão direcionados para pagamento de indenizações às vítimas, além de ações de recuperação ambiental, remoção de sedimentos e reassentamento de comunidades.
O episódio foi a maior catástrofe ambiental da história no país e o maior rompimento envolvendo barragens de rejeitos de mineração no mundo.
Localizada a 35 km do centro de Mariana, a barragem era de responsabilidade da Samarco, empresa controlada pelas mineradoras Vale (brasileira) e BHP Billiton (britânica-australiana).
O desastre resultou na morte de 19 pessoas e no desaparecimento de outras três, além de 600 famílias desabrigadas e 1,2 milhão de pessoas sem acesso à água potável. Aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados no meio ambiente, atingindo 49 municípios em Minas Gerais e Espírito Santo. A lama percorreu 663 km até atingir o mar.
Homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), destacam-se no novo acordo as seguintes obrigações para as empresas quanto ao meio ambiente:
- Retirada de nove milhões de metros cúbicos de rejeitos depositados no reservatório da usina hidrelétrica Risoleta Neves, na bacia hidrográfica do Rio Doce
- Finalização do reassentamento nas regiões de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo
- Recuperação de 54 mil hectares de floresta nativa e cinco mil nascentes na bacia do Rio Doce
- Realização do Gerenciamento das Águas Contaminadas (GAC).
Em relação às famílias atingidas, passaram a ser obrigações das empresas:
- Implantação de Sistema Indenizatório Final e Definitivo (PID) para alcançar os atingidos que não conseguiram comprovar documentalmente os danos sofridos
- Pagamento de R$ 35 mil aos atingidos em geral e R$ 95 mil aos pescadores e agricultores
- Público estimado de 300 mil pessoas que terão direito a receber esses valores
- R$ 11,5 bilhões previstos para realização dos pagamentos, a serem operacionalizados pelas empresas
- Pagamento de R$ 13 mil pelo dano água (público estimado de 20 mil pessoas).
PAPEL ESTRATÉGICO
- No âmbito dos Anexos V e XIV do Novo Acordo do Rio Doce, o MME assumiu papel estratégico na coordenação de ações voltadas tanto à reparação quanto à prevenção de riscos futuros relacionados à atividade minerária.
- No Programa de Incentivo à Educação, à Ciência, Tecnologia e Inovação, à Produção e de Retomada Econômica, o MME atua em coordenação com o Ministério da Educação (MEC) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), sob o investimento de R$ 2,09 bilhões advindos do acordo.
- O foco está na promoção do desenvolvimento socioeconômico das regiões atingidas, por meio do fomento à pesquisa científica, à inovação tecnológica, à qualificação educacional e à reestruturação produtiva local. Trata-se de uma iniciativa estruturante, com o objetivo de gerar oportunidades sustentáveis e diversificadas para as comunidades impactadas
- No Anexo XIV, de responsabilidade exclusiva do Ministério de Minas e Energia, destaca-se o compromisso com o Reforço das Atividades Fiscalizatórias do Poder Público na Prevenção e Mitigação de Riscos na Mineração.
- Foi previsto um investimento de R$ 1 bilhão, destinado exclusivamente à execução de ações de prevenção, fiscalização, monitoramento, análise de riscos e aprimoramento regulatório, com ênfase nas atividades minerárias situadas na Bacia Hidrográfica do Rio Doce.
- O objetivo é fortalecer a capacidade operacional e institucional do Estado, assegurando uma atuação mais eficaz na fiscalização do setor mineral, na prevenção de novos desastres e na promoção de segurança ambiental e social nas regiões de exploração.
- A atuação do MME nesses dois eixos – valorização institucional e fortalecimento regulatório – reafirma o compromisso do Governo Federal com a reparação integral dos danos causados e com a construção de um novo paradigma de mineração responsável, segura e orientada pelo interesse público.
PARA ENTENDER A REPACTUAÇÃO
A repactuação foi uma ampla renegociação do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), assinado em 2016 entre o Poder Público e a Samarco. Estabeleceu as condições de reparação do meio ambiente e de indenização das pessoas, empresas e instituições públicas e privadas.
Os fatos demonstraram que o modelo e as medidas implementadas pela empresa não foram suficientes para assegurar os direitos dos atingidos a uma reparação justa e satisfatória. Tampouco garantiram a recuperação ambiental das áreas duramente atingidas pelo desastre na Bacia do Rio Doce.
O novo acordo tem o objetivo de superar os problemas observados no modelo anterior. Agora, cabe à União, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios atingidos, implementar parte das ações de reparação, mediante recebimento do repasse de recursos financeiros pela empresa responsável pelo desastre. Com a nova lógica, a União, os estados (Minas Gerais e Espírito Santo) e os municípios atingidos passam a ser protagonistas na gestão dos projetos e programas de reparação.
NÚMEROS
TOTAL DO ACORDO – R$ 170 BILHÕES
- R$ 100 bilhões destinados à União, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e prefeituras para execução de reparações diversas (dinheiro novo)
- R$ 32 bilhões para indenizações individuais e outras ações de reparação
- R$ 38 bilhões já pagos e/ou despendidos pelas empresas
DESASTRE DE MARIANA
- 19 mortos
- 3 desaparecidos
- 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério despejados
DATAS
- 05/11/2015 – Rompimento da barragem do Fundão, de propriedade da Samarco, em Mariana (MG)
- Março de 2016 – Assinatura do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) entre o Poder Público e a Samarco
- 25/10/2024 – Assinatura do Novo Acordo do Rio Doce, no Palácio do Planalto, em cerimônia com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
- 06/11/2024 – Homologação pelo Supremo Tribunal Federal