Edson José de Barros Hatem

Carisma, competência e compromisso com a saúde do trabalhador
Metade de sua vida foi dedicada à Fundacentro. Morreu em 5 de agosto de 2000, após passar 22 dos 54 anos de idade, trabalhando no Centro Regional de Pernambuco, do qual foi chefe. Viajava a trabalho quando veio a falecer na cidade de Cuiabá. Não sem antes coordenar uma mesa sobre o “PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador. Importância de Sua Adesão”, no III Seminário de Segurança e Saúde no Trabalho do Estado de Mato Grosso.
A atuação de Hatem é apontada como “exemplo para administrações futuras”. Homem de diálogo, destaca-se a capacidade que tinha de atender as reivindicações das forças sociais.
“O Edson tinha um compromisso muito grande com o que fazia. Ele elevava a instituição. Fazia de tudo para motivar os profissionais para cada vez mais trabalharem em prol da Fundacentro”, relembra a tecnologista da Fundacentro/PE, Albertina Batista de Paula.
Foram 20 anos de trabalho conjunto, o que permite Albertina caracterizá-lo como ético e transparente. Edson Hatem tinha “facilidade em manter um bom relacionamento interpessoal, capacidade de adaptar-se a normas e procedimentos e boa comunicação”. Além disso, gostava muito do trabalho que realizava.
Carreira
Mas o trabalho não era sua única paixão. Nascido na capital pernambucana, adorava futebol e era torcedor do Sport Clube do Recife. Chegou a ser conselheiro do time. Já a história de amor com a medicina começou nos anos 60. Formou-se médico pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1969.
Em 1974, passou a construir uma carreira voltada à medicina do trabalho. Chegou a presidir a Sociedade Pernambucana de Medicina do Trabalho (Sopemt) filiada à Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt). Foi médico perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS/PE). Também ministrou aulas nos cursos de Saúde do Trabalhador voltados à pericia médica, ao serviço social e à reabilitação profissional do Ministério da Previdência Social.
A educação marcou a vida de Edson Hatem. Viajava pelo Brasil como professor de cursos de especialização, formação, aperfeiçoamento profissional e capacitação em medicina, engenharia, enfermagem e técnico de segurança do trabalho.
Em sua história de 22 anos na Fundacentro, desempenhou diferentes ocupações: médico do trabalho, chefe de escritório, delegado estadual, coordenador técnico, diretor, chefe regional e suplente do Conselho Curador da instituição. Nesse período, publicou capítulos de livros e artigos em periódicos científicos sobre as pesquisas desenvolvidas pelo Centro Regional de Pernambuco. Ainda representou a Fundacentro no exterior, apresentando trabalhos na Espanha, Estados Unidos e em Cuba.
Ações
Edson Hatem procurou sempre disseminar informações para um bom andamento dos processos e das pessoas. Buscava o aprimoramento profissional para desenvolver melhor suas atividades diárias. Tinha a capacidade de identificar a pessoa certa para o local correto.
Uma conquista de sua gestão foi o convênio com o Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN/NE), órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Essa instituição, responsável pelas regiões Norte e Nordeste do Brasil, foi o primeiro centro de desenvolvimento tecnológico na área nuclear fora do Sudeste.
Realizou trabalhos marcantes para diferentes estados nordestinos. Um deles resultou no artigo “Controle da exposição a radiações ionizantes em trabalhadores de clínicas radiológicas no estado de Pernambuco”. A região também foi abordada no estudo “A problemática da pequena empresa na prevenção de acidentes do trabalho em Pernambuco”.
No Ceará, pesquisou a silicose em cavadores de poços da Serra da Ibiapaba. Já no Rio Grande do Norte realizou um levantamento de riscos profissionais na indústria de extração, beneficiamento e transporte de sal marinho. Chegou também a produzir o livro “Castanha de caju: uma indústria de riscos”.
Toda essa história rendeu outras homenagens ao partir desta vida. O Auditório da Regional da Fundacentro em Pernambuco, o Centro Especializado em Saúde do Trabalhador da Prefeitura de Recife e a sala de Produção de Radiofármacos do Centro Regional de Ciências Nucleares (CRCN/NE) também foram batizados com o seu nome.