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Especialistas falam de desafios para a gestão da SST na construção civil
Durante a realização do V Encontro Nacional de SST na Indústria da Construção, evento realizado hoje (16), na sede da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em Brasília, especialistas do segmento da construção civil, falaram sobre os desafios para a efetividade da gestão de segurança e saúde do trabalhador.
O evento contou com a participação da presidente da Fundacentro, Marina Brito Battilani, no período da manhã. À tarde, foi a vez do tecnologista aposentado da instituição e debatedor, Jófilo Moreira Lima Júnior que falou sobre Gestão de SST na Indústria da Construção.
Para o engenheiro que teve artigo publicado no livro lançado durante a realização do evento, Segurança e Saúde na Indústria da Construção - Prevenção e Inovação, não há como aplicar a SST no ambiente de trabalho se não houver comprometimento da gestão.
Jófilo citou os programas, PCMAT, PCMSO e PPRA, que têm como objetivos, o reconhecimento, avaliação e controle dos riscos, mas de acordo com o engenheiro, os avanços ocorrem em doses homeopáticas. “O que produz resultado é o comprometimento. Conheço micro empresário e micro empresa, mas não conheço micro risco. A gestão da SST implica em compromisso, indicadores, melhoria contínua e auditorias”, observa.
O engenheiro destacou ainda que a indústria da construção traz como tradição uma preocupação muito voltada ao soterramento, choques elétricos e acidentes fatais, mas que pouco se discute sobre as inovações tecnológicas.
Desafios de gestão para as micro e pequenas empresas
Em outro painel, voltado às micro e pequenas empresas, o Auditor Fiscal do Trabalho, Luiz Carlos Lumbreras Rocha colocou que, embora a gestão da SST seja importante para as micro empresas, existem desafios que estão sendo enfrentados pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) sobre o tema.
Atualmente, há um grande numero de normas, normativos e instruções técnicas voltadas para a prevenção dos acidentes de trabalho, mas na visão do engenheiro, é necessário que haja ações de simplificação e harmonização normativa. “Precisamos criar ferramentas e plataformas onde sejam inseridas informações e como consequência seja gerado um guia de como implementar ações. Isso poderia ajudar a chegar nesses micro e pequenos empresários”, observou.
Desafios da terceirização
Com as novas regras da terceirização, como a Súmula 331 do TST, as empresas vêm utilizando a terceirização, de forma a atender os anseios comerciais e o processo produtivo, como também de regulamentação frente às obrigações de SST.
Para o presidente da Comissão de Políticas e Relações Trabalhistas da CBIC, Fernando Guedes Ferreira Filho, a terceirização é um “fenômeno econômico, importante, necessário e já enraizado no sistema brasileiro”.
Ele explica que existem responsabilidades das empresas em contratar, assim como obrigações trabalhistas e que as leis da reforma trabalhista trouxeram um novo componente que é a SST, esta de responsabilidade direta da empresa contratante. “Isso revoluciona a gestão de SST, pois uma obra da construção civil não se constrói sem terceirizar e empreitar. A gestão a partir de agora precisa ser compartilhada”, diz.
Proteção Coletiva: um desafio
Os Equipamentos de Proteção Coletiva, os EPC´s como são chamados, já adotados em muitos países europeus, servem como uma ferramenta de prevenção aos acidentes de trabalho.
No trabalho em altura, atividade executada na construção civil, a proteção coletiva é grande aliada da gestão da SST.
Para falar sobre o tema, o especialista Wilson Roberto Simon destacou como atividades importantes e que devem ser seguidas como medidas de gestão: o inventário do trabalho em altura, análise de proteção passiva e análise do sistema de hierarquia das soluções, todos abordados na NR-35 e em normas internacionais, como a ANSI e OSHA.
Escolha de EPI: tarefa dificil
Escolher um Equipamento de Proteção Individual pode parecer uma tarefa fácil, especialmente para aqueles que atuam na área prevencionista. Mas não é!
Até mesmo os profissionais do segmento possuem dificuldades em compreender que nem todo EPI se aplica a todas as atividades realizadas.
Para a Supervisora do Departamento de Segurança do Trabalho do Seconci-MG, Andreia Kaucher Darmstadter, a escolha do EPI ainda é um problema, pois muitos não sabem o quê e para quê comprar e muitas optam por utilizar um EPI genérico no trabalho da construção civil. “Acham que um é igual a todos. Primeiro é necessário conhecer o tipo de trabalho que será desempenhado, pontos de ancoragem do trabalhador, zona de risco de queda, se há o C.A (certificação) e se o equipamento está em condições de comercialização”, destaca a engenheira de segurança.
O painel sobre Gestão de SST na Construção Civil foi moderado por Clovis Veloso de Queiroz Neto.
Lançamento de livro
“Segurança e Saúde na Indústria da Construção – Prevenção e Inovação” foi lançado durante o V Encontro Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção Civil.
Com 220 páginas, a CBIC reuniu especialistas da área para, por meio de artigos, pesquisas, estudos de casos e métodos diferenciados, apresentarem propostas inovadoras sobre a gestão de SST.
A publicação, organizada pela Proteção Publicações traz 4 capítulos. No Capítulo III, página 82 está o artigo de Jófilo Moreira Lima Junior, intitulado “Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção”.
Perfil do V Encontro
O V Encontro Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção Civil – o Futuro do Trabalho na Construção: Inovação e Segurança, evento sediado no Windsor Brasília Hotel, contou com a participação, na solenidade de abertura, de Fernando Guedes Ferreira Filho (presidente da Comissão de Politica de Relações Trabalhistas – CPRT/CBIC); Bruno Silva Dalcolmo (Secretário de Trabalho do Ministério da Economia) e Paulo Mól Júnior, diretor de Operações do SESI-DN.
Os painéis abordados ao longo do dia 16 trataram de temas como os “Indicadores em SST”, “Segurança e Produtividade”, “Gestão de SST” e “Inovações Tecnológicas”.
Durante os painéis, o público interagiu com perguntas direcionadas aos especialistas.