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Poluição do ar preocupa especialistas
Fotos: ACS/Débora Maria Santos
Os especialistas Adalgiza Fornaro do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) e Jesuíno Romano da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), apresentaram estudos sobre "Hidrocarbonetos na Atmosfera de São Paulo", no Centro Técnico Nacional (CTN).
Os hidrocarbonetos (HC) se apresentam na forma de gases, partículas finas ou gotas, esses compostos são divididos em hidrocarbonetos totais, hidrocarboneto simples - CH4 (metano) e hidrocarbonetos não metano. As motos são grandes emissoras de HC, em seguida os veículos pesados, carros, operações feitas com solventes e até pintura.
Adalgiza comenta que poluente é qualquer substância presente no ar, sendo que a sua concentração poderá torná-lo nocivo à saúde. "Há mais de dez anos, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) informam que a poluição do ar está concentrada predominantemente em quatro poluentes, os quais englobam material particulado, ozônio, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre em todas as regiões", salienta a especialista.
De acordo com estudos, o material particulado inalável (MP 10) e particulado inalável fino (MP 2,5), são resíduos provenientes da queima de combustíveis fósseis e abrangem óleo diesel, gasolina, gás natural e carvão mineral.
Fornaro destaca o dióxido de nitrogênio (NO2), pois além de ser agressivo à saúde, é um gás poluente, altamente oxidante e precursor de ozônio. Já o dióxido de enxofre (SO2), também é considerado um gás bastante nocivo e, dependendo da concentração desses dois compostos, eles agem imediatamente na saúde do ser humano e causam danos ao meio ambiente. Os efeitos da poluição na vegetação faz com que as raízes não absorvam os nutrientes, as folhas perdem a cor e ficam secas.
A especialista informa que em 2016, a OMS publicou um relatório considerando apenas o material particulado (MP), o qual foi baseado por meio de dados de redes de monitoramento de diversos países. O resultado desses monitoramentos observou-se que a população urbana mundial está exposta a uma quantidade de poluentes muito superiores aos limites recomendados.
De acordo com Adalgiza, no Brasil, a situação não é nada agradável. Durante a sua apresentação, a especialista por meio de imagens mostra que a falta de chuva na cidade de São Paulo deixa o ar ainda mais poluído. Isto ocorre porque a chuva e até mesmo o vento contribuem para dissipar da atmosfera o acúmulo dos poluentes no ar. Em outra imagem em que o trânsito está totalmente engarrafado por excesso de carros, a fumaça desses veículos deixa o ambiente irrespirável.
"O monóxido de carbono pode provocar irritabilidade no motorista, fadiga, dor no peito e em alta concentração asfixia e até a morte", enfatiza. Completa que é importante respeitar as normas de controle de emissão dos poluentes e que o catalisador automotivo tem a função de reduzir a emissão de poluentes como hidrocarbonetos e diminui parte do material particulado, como a queima do óleo diesel.
Além da queima de combustíveis, a poluição do ar também é desencadeada pelas indústrias, usinas e queimadas na agricultura, aerossóis, spray e solventes. Conforme relatório da OMS, os poluentes no Oriente Médio e Sudeste da Ásia estão demasiadamente superiores aos limites recomendados. A qualidade do ar das nações desenvolvidas, de certo modo, vem melhorando aos poucos, mas ainda não é suficiente para reverter à média global.
"Respiramos em média 6 litros de ar por minuto, a atmosfera é indispensável a todos os seres vivos e medidas para minimizar a degradação é fundamental", informa Adalgiza.
Rede de Monitoramento da Cetesb
O químico Jesuíno Romano salienta que a Cetesb desenvolve o trabalho de monitoramento ambiental de poluição do ar. Na realização do monitoramento detectam que as concentrações de poluentes são fontes de adoecimento da população e do meio ambiente.
O químico informa que existem em torno 60 redes de monitores automáticos espalhados por São Paulo, os quais são ligados a uma central de computadores que registram ininterruptamente as concentrações dos poluentes na atmosfera e possibilita ações emergenciais.
“Com base nesses dados, ao detectar o problema em uma determinada região, é realizada uma discursão e feito um estudo para determinar ações previstas na Legislação Ambiental e, assim, assegurar a qualidade do ar e a saúde pública”, frisa Jesuíno.
Além do monitoramento automático, existe também o monitoramento manual e passivo que também visa avaliar a qualidade do ar. As amostras são coletadas no campo e levadas para análise nos laboratórios da Cetesb. Essas redes estão localizadas na região metropolitana de São Paulo, interior e litoral e visam avaliar a qualidade do ar. “A amostra do monitoramento passivo é utilizado também nas indústrias que manipulam chumbo”, informa Romano.
De acordo com o especialista, o Decreto nº 50.753, de 28 de abril de 2006, estabelece restrições para novos padrões de qualidade sobre a proteção do meio ambiente em território paulista.
Desde a década de 70, a Cetesb divulga informações sobre a qualidade do ar nos jornais, hoje em dia existe as notícias estão sendo divulgadas no Portal da Cetesb. Também no site da Companhia é possível consultar no link: Qualar, dados sobre a qualidade do ar.
Histórico
O químico explana que a Comissão Intermunicipal de Controle da Poluição do Ar e das Águas (Cicpaa) foi criada na década de 60, para atender os munícipios de Santo André, São Bernardo, São Caetano do Sul e Mauá. A criação desta Comissão foi para controlar a poluição do ar desencadeada pelo excesso de poluentes emitidos pelas indústrias na atmosfera. Esse fenômeno levou à população aos serviços médicos de emergência.
Já em 1971, as atividades da Cicpaa foram incorporadas pela Superintendência de Saneamento Ambiental (Susam) e, em 1975, vincula-se à Cetesb.
O evento realizado no dia 25 de setembro, faz parte do Seminário de Pesquisa e é coordenado pelo pesquisador da Fundacentro (aposentado) Carlos Sérgio Silva.