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Os desafios de uma inovação tecnológica
O seminário “Nanotecnologia, Saúde dos Trabalhadores, Alimentos e Impactos a Sociedade e ao Meio Ambiente”, organizado pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) e mais 6 instituições, ocorreu no auditório Edson Hatem, nos dias 03 e 04 de outubro de 2007. O evento, que apresentou 14 palestras e 4 debates, criou um ambiente amistoso para se discutir os assuntos relacionados à área nanotecnológica. A nanotecnologia está relacionada a diversas áreas, como a medicina, a eletrônica, a química e a biologia. Ela consiste em uma aplicação do estudo dos compostos químicos em nível atômico (nanociência) para a criação de produtos e serviços. “A nanotecnologia está sendo anunciada como uma nova revolução tecnológica, tão profunda que irá atingir todos os aspectos da sociedade humana”, define a pesquisadora da Fundacentro, Arline Arcuri. Este ramo da ciência se dedica à manipulação e controle da matéria na escala de divisão de um metro em um bilhão de partes: um nanometro. Ou seja, trabalha com a matéria no nível de uma molecula (que reúne alguns átomos). Isto torna a matéria muito mais reativa, uma vez que, quanto menor a substância trabalhada, maior o seu poder de reação. Atualmente, este recurso já é utilizado na produção de semicondutores, nanocompósitos, biomateriais, chips, medicamentos e cosméticos. Por existir pouco conhecimento sobre os possíveis efeitos tóxicos e os impactos dos materiais nanoestruturados sobre a saúde dos trabalhadores, nos alimentos e no meio ambiente, a Fundacentro, o IIEP - Intercâmbio, Informações, Estudos e Pesquisas, o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (Diesat), o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Renanosoma - Rede de Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Organização Regional Interamericana de Trabalhadores (Orit), decidiram realizar esta discussão. Dentro do seminário “Nanotecnologia, Saúde dos Trabalhadores, Alimentos e Impactos a Sociedade e ao Meio Ambiente” diversas questões foram apresentadas ao público. Osvaldo Bezerra, presidente em exercício da Fundacentro, abriu o evento chamando a atenção para a reflexão sobre os impactos e os benefícios da nanotecnologia que o seminário poderia proporcionar. “Devemos saber o grau de nocividade, os impactos a saúde do trabalhador e da população em geral, promover iniciativas de prevenção e, por que não, [conhecer] os benefícios desta tecnologia para a sociedade”, afirmou Osvaldo. De forma bem resumida, as diversas palestras apresentadas ao longo do evento trouxeram questionamento sobre:
- Os níveis de toxicidades dos materiais nanotecnológicos.
- Os materiais com bioatividade semelhantes podem ser agrupados
- As doses-resposta destes materiais
- Os métodos apropriados para os ensaios
- Os modelos de extrapolação que predizem a toxicidade
- Os possíveis efeitos da exposição da população nanoestruturas.
As palestras apresentaram os conceitos básicos sobre a nanotecnologia e procuraram identificar a relação de complexidade dos impactos sociais, econômicos, ambientais, políticos e éticos desencadeados com o surgimento da nanotecnologia. “Com isso esperamos contribuir para a formação do cidadão enquanto agente ativo no processo do desenvolvimento da nanotecnologia”, afirmou Paulo Roberto Martins do Renanosoma/IPT. Instituições vencem mais um desafio De acordo com os organizadores do evento, o seminário conseguiu atender a seus propósitos, abordando as dúvidas em relação à nanotecnologia e provocando uma reflexão sobre os impactos que esta nova tecnologia trará para a sociedade, principalmente a área de Saúde e Segurança do Trabalhador (SST). O representante da Susano Petroquímica, Odair Rangel, em sua palestra mostrou os principais produtos e empresas que usam a nanotecnologia no Brasil e alertou sobre a necessidade de se fazerem mais pesquisas neste campo. “O governo deve ser o principal investidor para o fomento de novas pesquisas no setor”, concluiu. Já a pesquisadora do Centro Estadual do Rio de Janeiro (CERJ), da Fundacentro, Valéria Ramos Soares Pinto, apresentou os projetos relacionados à nanotecnologia em andamento, em diversos países. Dentre os trabalhos citados estavam o da Comissão Européia, da Norte-Americana, do Japão e do Brasil. Ela defendeu que a utilização dos recursos nanotecnológicos deve ser feita com consciência, pensando em seus benefícios e possíveis riscos. “Nos baseando nas medidas adotadas por outros países”, afirmou a pesquisadora do CERJ / Fundacentro. As experiências internacionais também foram refletidas pelo representante da UITA - Unión Internacional de Trabajadores de la Alimentación, Agrícolas, Hoteles, Restaurantes, Tabaco y Afines, Enildo Iglesias, e por Maria Del Carmen Hernández Moreno, do Centro de Investigacion em Alimentacion y Dessarollo, do México. Diversos pesquisadores também apresentaram análises produzidas no ambiente acadêmico e dos institutos de pesquisa. “Este seminário teve ação preventiva. Acredito que conseguimos esclarecer as vantagens e desvantagens da nanotecnologia, trazendo uma visão crítica aos trabalhadores, sindicalistas, empresários, profissionais de SST e estudantes”, afirmou Arline Arcuri, da Fundacentro. Todas as apresentações disponibilizadas pelos apresentadores em Power Point podem ser acessadas no endereço eletrônico do blog do IIEP.