Coprodução audiovisual e indústrias criativas são foco de acordo entre Brasil e Nigéria

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, reuniu-se nesta terça-feira (19), no Rio de Janeiro, à margem da Cúpula de Líderes do G20, com a ministra de Estado de Arte, Cultura e Economia Criativa da Nigéria, Hannatu Musawa, com o objetivo de avançar nas tratativas de um acordo de coprodução audiovisual entre os dois países. Além de fortalecer as relações culturais, o acordo busca promover a diversidade cultural e expandir as indústrias criativas de Brasil e Nigéria.

Durante a reunião, as ministras reafirmaram a importância da parceria cultural entre as duas nações, ressaltando as similaridades e o potencial transformador do acordo. "A Nigéria é um dos grandes países que pode abrir portas para parcerias culturais e muitas outras áreas. Já passou da hora de aprofundarmos nossos contatos com a cultura da África. Esse momento, impulsionado pelo presidente Lula, é essencial para retomarmos e redefinirmos as nossas relações com o continente africano de uma forma mais sólida e significativa", destacou Margareth Menezes.

Já a ministra de Estado de Arte, Cultura e Economia Criativa da Nigéria compartilhou seu entusiasmo em relação à parceria, enfatizando a conexão entre os países. "O intercâmbio cultural entre Brasil e Nigéria é de enorme relevância para ambos os países, especialmente devido às similaridades culturais profundas que compartilhamos. É natural que firmemos acordos culturais robustos, e vejo com grande entusiasmo as possibilidades que um acordo na área audiovisual pode trazer. Ele tem o potencial de beneficiar tanto a indústria quanto as comunidades dos dois países", disse. 

Próximos passos

O acordo, que será submetido à revisão do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Ministério da Cultura (MinC) e Agência Nacional do Cinema (Ancine) estabelece bases para a coprodução audiovisual, definindo critérios técnicos e legais para as produções conjuntas. 

Segundo a secretária de Financiamento da Ancine, Fabiana Trindade, o modelo proposto assegura maior flexibilidade e segurança para as produções. "A produção audiovisual é um processo complexo que pode levar de quatro a cinco anos para ser concluído. A adoção de um modelo flexível e acessível não apenas amplia as possibilidades de cooperação, mas também fortalece a confiança entre as partes, garantindo que projetos possam ser concluídos sem obstáculos relacionados a prazos contratuais”, explicou.

O acordo também estabelece diretrizes para produção, pós-produção e financiamento, permitindo que filmes, animações e documentários sejam reconhecidos como obras nacionais em ambos os países.

Diversidade cultural

Hannatu Musawa destacou ainda a relevância de iniciativas culturais conjuntas, como festivais e eventos. "Devemos explorar essas oportunidades e promover a diversidade cultural de forma simples e acessível, reconhecendo, inclusive, o papel transformador das mulheres nesse processo. É fundamental que mais brasileiros visitem a Nigéria para conhecer nossos festivais culturais, como o Festival Orixá, entre outros eventos que têm grande relevância para a nossa cultura e certamente interessam ao Brasil", afirmou.

A titular da Cultura do Brasil complementou, destacando a conexão histórica e cultural com a África. "Quando estamos em contato com a cultura africana, há algo muito familiar, quase indescritível. É uma conexão que sentimos na pele, no coração, como se fosse um reencontro”, relatou emocionada. 

O assessor especial do presidente da Nigéria sobre Criatividade, Baba Agba, também enfatizou a importância de explorar conexões culturais históricas entre os dois países. "Estamos interessados em fortalecer parcerias em áreas como formação de estilos, capacitação de famílias e desenvolvimento de outras formas de intercâmbio cultural, como na arquitetura e gastronomia, especialmente em festivais que celebram a conexão com as famílias. Há também um legado importante dos brasileiros que retornaram à Nigéria e influenciaram diretamente aspectos da nossa arquitetura, criando uma ponte cultural entre locais como São Paulo, Salvador e a Nigéria. Estamos muito animados com a possibilidade de trocar ideias e colaborar em áreas como patrimônio, artes, economia criativa e música”, enfatizou.

O encontro contou com a participação de Jonathan Embale, diretor de Cultura da Nigéria; Truman Tyodem, assistente especial de imprensa; Haruna Zango Tijjani, assistente técnico; Márcio Tavares, secretário-executivo do MinC; Bruno Henrique Rodrigues de Melo, chefe da Assessoria Internacional do MinC; Cassius Rosa, secretário-executivo adjunto do MinC; e Carlos Paiva, assessor especial do MinC.

Mais parcerias

Também nesta terça-feira (19), a ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou de uma reunião com o secretário-geral da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), Mariano Jabonero, para alinhar as prioridades de ações conjuntas para 2024-2025. 

Durante o encontro, foram destacados pontos estratégicos, como a relevância da atuação do Brasil nos fóruns internacionais por meio de programas ibero-americanos, a necessidade de uma ação coordenada entre os países da região para impulsionar a cultura e a economia criativa, e a discussão de temas ligados à Mondialcult, conferência da Unesco prevista para setembro de 2025 em Barcelona. 

Além disso, foi debatida a proposta de criação de um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) específico para a Cultura na agenda pós-2030. 

A ministra destacou a importância dessa colaboração. "Essa modalidade de cooperação que construímos tem dado muito certo. Esse modelo, aliás, tem sido adotado em outras áreas do governo, o que demonstra o quanto ele foi bem pensado e estruturado. É um processo que nos ajuda bastante a consolidar essa relação.

Desde o ano passado, temos fortalecido cada vez mais essa parceria, que tem sido extremamente proveitosa para nós. É gratificante ver os resultados dessa cooperação e perceber o impacto positivo que ela tem gerado em diversas áreas de atuação conjunta”, concluiu.